Buriticupu – Forças federais desativaram nesse final de semana uma grande exploração de madeira na Reserva Biológica do Gurupi, a 150 km de Paragominas, no Pará, e a 140 km de Zé Doca, no Maranhão. Há seis dias, Ibama, Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizam a operação Maurítia na região de Buriticupu, no leste maranhense, onde serrarias que usam madeira extraída ilegalmente da Rebio do Gurupi e das terras indígenas Arariboia, Alto Turiaçu, Caru e Awá estão sendo multadas e desmontadas.
Na manhã de sábado (03/09), agentes do Ibama e ICMBio chegaram de helicóptero ao norte da unidade. Imediatamente, identificaram grande movimentação de caminhões e tratores na área protegida, cujo acesso é restrito. Havia quilômetros de estradas abertas por madeireiros na floresta para retirada ilegal de madeira. O primeiro levantamento indica a existência de cerca de 20 áreas de armazenamento na mata com centenas de árvores amazônicas como louro, jatobá, maçaranduba, ipê e amarelão abatidas.
Na ação, o Ibama apreendeu um caminhão toureiro, duas carretas bitrem, duas pás-carregadeiras adaptadas para empilhar toras, um trator, duas caminhonetes L200, uma caminhonete F1000, um caminhão Toyota, cinco espingardas, munição, três armas artesanais de caça, três pacas abatidas e material de pesca. Mas tarde, com a chegada da Força Nacional, dois acampamentos com 20 homens empregados na derrubada da floresta foram tomados e destruídos. Nove suspeitos de integrar o esquema de retirada de madeira foram ouvidos pela Polícia Federal.
Mantidos em condições subumanas, os trabalhadores que operavam o maquinário estavam alojados no meio da mata, sob tendas de lona, sem registro na carteira de trabalho e muitos não sabiam nem o valor do salário que receberiam ao final do mês. Segundo revelaram, oito caminhões carregados de madeira vinham saindo da floresta fazia dois meses, todas as madrugadas, para abastecer uma grande madeireira da Vila Santa Bárbara, no Beiradão, às margens do rio Gurupi, a 50 Km da exploração irregular. “Vamos fazer uma devassa nessa madeireira que explorava e esquentava a madeira da reserva”, prometeu o coordenador da operação Maurítia, Wílson Rocha Cardoso.
Última floresta amazônica maranhense - Com 1,7 milhão de hectares, a Rebio do Gurupi é uma unidade de conservação de proteção integral das mais restritivas. Foi criada para preservar a floresta e os demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta. “Assim como as reservas indígenas da região, é o último remanescente de floresta amazônica que temos no Maranhão”, diz uma das responsáveis pela gestão da unidade, a analista ambiental do ICMBio Heloísa Mendonça.
Mais de 2,3 mil m³ de madeira ilegal - Durante a operação Maurítia, o Ibama já aplicou cerca de R$ 1,3 milhão em multas, destruiu dezenas de fornos de carvão, apreendeu 1,5 mil m³ de madeira em tora, 879 m³ do produto serrado, um revólver calibre 38, uma espingarda calibre 12, uma carreta flagrada transportando 30 m³ de madeira nativa sem origem legal e desmontou três serrarias. Também participam da operação Ministério do Trabalho e Sistema de Proteção da Amazônia. (Nelson Feitosa - Ascom Ibama/PA)