O cardápio das festas de fim de ano é extenso: rabanada, panetone, peru, pernil, bacalhoada, nozes, farofa, maionese, frutas secas. Com tantas delícias, o risco de exagerar nas ceias é grande. Abusar de comidas gordurosas e bebidas alcoólicas pode causar danos à saúde. O cuidado deve ser mais rigoroso por quem possui restrições alimentares, como pessoas hipertensas e com problemas cardiovasculares. A redução do consumo de sódio no Brasil é uma das estratégias do governo federal para o enfrentamento às doenças crônicas.
“O bacalhau, por exemplo, é um prato habitual nessas comemorações de final de ano. É importante dessalgá-lo para evitar uma retenção na pressão arterial. Outro aspecto importante são as bebidas alcoólicas. É importante lembrar que o excesso delas contribui para o aumento da pressão arterial também”, observa o cardiologista do Instituto Nacional de Cardiologia (Inca), Marcelo Assad.
A hipertensão arterial atinge 23,3% da população adulta brasileira (maiores de 18 anos), de acordo com o estudo Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel/2010). Já as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 319 mil óbitos em todo o país, em 2009. No último dia 13, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, juntamente com representantes da indústria alimentícia, assinou, nova fase do acordo que prevê a redução gradual de sódio em 16 categorias de alimentos.
Nesta etapa, serão detalhadas as metas para os alimentos que estão entre os mais consumidos pelo público infanto-juvenil, incluindo sete categorias: batatas fritas e batata palha, pão francês, bolos prontos, misturas para bolos, salgadinhos de milho, maionese e biscoitos (doces ou salgados). O documento define o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados.
Escolhas inteligentes - O segredo é fazer escolhas inteligentes para não extrapolar os limites e se arrepender depois. “Comece pela salada, opte por carnes mais magras. Evite massas com molhos gordurosos. Coma devagar. Consuma o suficiente para participar desse processo social, se deliciar com as comidas gostosas, mas, ao mesmo tempo, manter o princípio do autocuidado”, ensina a coordenadora de nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime.
“A verdade é que hoje temos vários momentos de celebração: confraternização do trabalho, amigo oculto com amigos. Antigamente só tinha festejo com a família. Com tantas festas fica difícil não abusar da comida”, avalia a nutricionista. “É necessário exercer o princípio da moderação, saber que vai ter oportunidade de consumir alimentos gostosos vários dias, então não precisa exagerar em nenhum deles”, acrescenta.
Patrícia Jaime lembra que o álcool pode estimular o apetite, o que acaba fazendo a pessoa comer mais. “Sempre peça água para acompanhar a bebida. Opte por alimentação mais leve no dia seguinte, para recuperar o equilíbrio do organismo, também é uma boa dica”, diz.
A coordenadora de nutrição do Ministério da Saúde acredita que pensar nas férias do verão ajuda a frear o consumo alimentar no mês de dezembro. “Lembrar-se da praia, do clube, do momento de vestir shortinho, camiseta, de querer estar bem com seu corpo e saúde. Pensar nisso pode evitar o excesso”, aposta.
Mas se os excessos foram inevitáveis, Patrícia Jaime dá a dica: aproveite para perder os quilinhos que ganhou praticando atividades físicas ao ar livre durante o verão. “Aproveite as oportunidades de lazer, vá andar de bicicleta, jogar frescobol na praia, nadar e jogar futebol”. (Por Paula Ferraz, da Agência Saúde)