São Luís - Os detentos do sistema penitenciário em São Luís podem contar com uma escolta 24 horas, exclusiva para conduzi-los aos hospitais. O Grupo de Escolta Hospitalar, criado na gestão de Sérgio Tamer à frente da Secretaria de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária (Sejap), garante a locomoção dos internos para as mais diversas unidades de saúde da capital.
Nascido da necessidade de garantir transporte dos detentos às casas de saúde assim que solicitado, o grupo surgiu oficialmente por meio da portaria n° 055, de 2011. De acordo com o secretário Sérgio Tamer, o foco é possibilitar a condução do interno ao hospital, garantindo o direito à saúde. “Já li sobre casos no Brasil nos quais o preso não estava tendo atendimento médico por falta de escolta. O grupo é justamente para evitar essa situação”, pontuou o secretário.
Além de fazer escoltas externas para unidades de urgência e emergência, como os Socorrões I e II e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o grupo também as efetua dentro do próprio sistema. O coordenador do Grupo de Escolta Hospitalar, Claudio Pacheco, contou que diariamente esse serviço é realizado no âmbito interno.
“Escoltamos também quando eles precisam ser atendidos no Centro de Saúde de Pedrinhas, por exemplo. Nosso trabalho é possibilitar que eles sejam atendidos prontamente”, ressaltou Pacheco.

Perigo - Formado por 15 homens treinados para o acompanhamento dos internos nas saídas hospitalares, o Grupo tem uma rotina árdua. Com uma base localizada no Presídio São Luís, os responsáveis por esse transporte relatam os principais riscos da função. Membro do grupo, Waldiney Duarte contou que as saídas mais perigosas são quando o interno é conduzido para hospitais particulares. “A consulta é agendada e a possibilidade de um resgate é muito grande. Nós precisamos articular medidas de segurança maiores para evitar complicações”, disse.
Duarte lembrou que já houve casos onde a escolta, no meio do caminho, retornou ao presídio para evitar que um detento fosse resgatado. Ele relata que a situação foi descoberta após denúncia anônima feita ao diretor da unidade na qual o preso estava. “Nesse dia, evitamos aquilo que seria o resgate de um preso de altíssima periculosidade. Era um assaltante de banco. Ele não tinha nenhum problema de saúde, tudo tinha sido programado para ele fosse resgatado”, afirmou.

Treinamento - Treinados na Academia de Polícia Civil, localizada no bairro São Raimundo, os homens que integram o Grupo de Escolta Hospitalar são capacitados em defesa pessoal, tiro, imobilização e outros. Os cursos, que duram pouco mais de um mês, são ministrados pelos delegados. “É um treinamento árduo. Nós somos submetidos a situações as quais poderemos nos deparar no cotidiano do serviço feito pela equipe. Estamos preparados para qualquer eventualidade”, destacou Ernesto Amancio, também membro do grupo.
Quando a escolta faz o acompanhamento do interno para o hospital - seja interna ou externamente – tudo o que foi aprendido durante os cursos é colocado em prática. Amancio destacou que existe todo um preparo, quase ritualístico, para que tudo saia dentro do planejamento traçado. “Estamos sempre atentos. A arma só deve ser usada em último caso. Aprendemos isso no treinamento”, frisou.
Os membros do Grupo de Escolta Hospitalar só conduzem o interno à unidade de saúde. Caso o detento necessite de internação, outra equipe fica responsável pela guarda. “Nós só fazemos o transporte. Não nos responsabilizamos quando o interno precisa passar vários dias no hospital”, explicou Ernesto Amancio. (Alan Jorge)