O secretário de Estado da Saúde, Marcos Pacheco, ao lado do infectologista Carlos Frias e da neuropediatra Tertuliana Medeiros durante coletiva

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) realizou, nessa segunda-feira (30), uma coletiva de imprensa para informar que no Maranhão, de acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), já foram confirmados 16 bebês com microcefalia e seis notificações a confirmar.
Os casos ocorreram nos municípios de Coroatá (1), São Francisco do Brejão (1), Buriticupu (1), São José de Ribamar (1), Barra do Corda (1), Chapadinha (1), Dom Pedro (1), São Luís (4), Santa Inês (2), Caxias (1), Cantanhede (1) e Vitória do Mearim (1). Dos 16 casos confirmados, três mães tiveram Zika Vírus durante a gestação, duas em São Luís e uma em Dom Pedro.
O secretário de Estado de Saúde, Marcos Pacheco, informou que não existe surto de microcefalia no Maranhão, mas que o Governo do Estado está em alerta, acompanhando as notificações e confirmações, e colocará em prática um plano de contingência, em parceria com o Ministério da Saúde (MS), municípios e, principalmente, com a população maranhense.
O secretário informou que o problema envolve a participação de vários setores e que não se enfrenta o mosquito Aedes aegypti só com ações na área de saúde. “O Governo do Estado vai mobilizar, também, as secretarias municipais de Infraestrutura e Urbanismo para conscientizar sobre os lixões, por exemplo, que são um grande criadouro de mosquitos”, disse ele.
O plano, segundo o secretário, será em cadeia e articulado. Ele informou que 90% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas e quintais. “Por isso, dedicando 10 minutos por semana ao combate, a pessoa protege sua família, seus vizinhos e ainda deixa sua casa livre da doença. O mosquito é nosso maior adversário”.
A neuropediatra Tertuliana Medeiros Reis explicou que o Estado está organizando uma rede de assistência aos bebês confirmados com microcefalia. Neste primeiro momento, funcionará dentro do Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, para acolher as mães e seus filhos.
De acordo com a neuropediatra, as causas da microcefalia são várias, como toxoplasmose, rubéola e, agora, o indício do Zika Vírus em três casos no Maranhão. “Todas as crianças confirmadas com microcefalia não nasceram neste mês. As informações estão chegando de forma gradativa, vindas dos municípios. Vamos colocar à disposição dessas crianças um serviço de estimulação precoce, com equipe multidisciplinar composta por terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros, para tratar e minimizar as sequelas que a microcefalia traz”, divulgou a neuropediatra Tertuliana Medeiros, que coordena uma das frentes de tratamento no Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos.
Também fez parte da coletiva o infectologista Carlos Frias, que alertou que todos precisam fazer parte da mobilização contra o mosquito, e que o grande elo da cadeia preventiva é o cidadão. “Temos que lembrar que o mesmo vetor transmite a febre amarela, a dengue, a chikungunya e abriga agora o Zika Vírus.  Sem falar na síndrome de Guillain-Barré, que também pode ser considerada uma consequência dessas doenças causadas pelo Aedes. Então, envolver a sociedade no combate ao vetor é nossa missão. E isso nós podemos fazer já!”, exclamou o infectologista Carlos Frias.
No Maranhão foram registrados, extra oficialmente, 2.640 casos de Zika Vírus. Porém, confirmados com sorologia somente cinco. No Brasil, já são 1.248 casos notificados de microcefalia em 1.933 municípios de 14 Estados, divulgados em coletiva de imprensa simultânea concedida nessa segunda-feira (30) pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, em Brasília (DF).

MS confirma relação entre vírus Zika e microcefalia

O Ministério da Saúde confirmou no sábado (28) a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região Nordeste. O Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA), encaminhou o resultado de exames realizados em um bebê, nascida no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos, foi identificada a presença do vírus Zika.
A partir desse caso do bebê que veio a óbito, o Ministério da Saúde considera confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial. As investigações sobre o tema devem continuar para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.

Óbitos

O Ministério da Saúde também foi notificado, na sexta-feira (27), pelo Instituto Evandro Chagas sobre outros dois óbitos relacionados ao vírus Zika. As análises indicam que esse agente pode ter contribuído para agravamento dos casos e óbitos. Esta é a primeira ligação de morte relacionada ao vírus Zika no mundo, o que demonstra uma semelhança com a dengue.
O primeiro caso foi confirmado pelo Instituto Evandro Chagas, de Belém (BA), trata-se de um homem com histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticoides, morador de São Luís. Com suspeita de dengue, foi realizada coleta de amostra de sangue e fragmentos de vísceras (cérebro, fígado, baço, rim, pulmão e coração) e enviadas ao IEC. O exame laboratorial apresentou resultado negativo para dengue. Com a técnica RT-PCR, foi detectado o genoma do vírus Zika no sangue e vísceras.
Confirmado na sexta-feira (27), o segundo caso é de uma menina de 16 anos, do município de Benevides, no Pará, que veio a óbito no final de outubro. Com suspeita inicial de dengue, notificada em 6 de outubro, ela apresentou dor de cabeça, náuseas e petéquias (pontos vermelhos na pele e mucosas). A coleta de sangue foi realizada sete dias após o início dos sintomas, em 29 de setembro. O teste foi positivo para Zika, confirmado e repetido.

Investigações em curso

O Ministério da Saúde mantém as investigações sobre a ocorrência de microcefalia em bebês, assim como a avaliação de casos graves em adultos, a manifestação clínica e a disseminação da doença. Nesta semana, a convite de governo federal, representantes do CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças, em inglês), dos Estados Unidos, integrarão os esforços das autoridades e parceiros nacionais nestas análises. O CDC é referência para a Organização Mundial de Saúde (OMS) em doenças transmissíveis.
A OMS e a sua representação nas Américas, a OPAS, têm sido atualizadas sobre o andamento das ações, dos resultados e das conclusões do Ministério da Saúde.

Atividades

O Ministério da Saúde intensificou o acompanhamento da situação, de forma prioritária, e divulgará orientações para a rede pública e para a população, conforme os resultados das investigações. Além disso, mantém contato com as secretarias estaduais e municipais para articular uma resposta conjunta e, em especial, mobilizar ações contra o mosquito Aedes aegypti.
O Ministério da Saúde informa, ainda, que a Presidência da República determinou a convocação do GEI (Grupo Executivo Interministerial), que envolve 17 ministérios, para a formulação de plano nacional do combate ao vetor transmissor, o mosquito Aedes aegypti. Também estão sendo estimuladas pesquisas para o diagnóstico da doença e frentes de mobilização em regiões mais críticas. Não faltarão recursos financeiros para suporte às ações.
As medidas envolvem, finalmente, ações de comunicação e suporte assistencial, como pré-natal, atenção psicossocial, fisioterapia, exames de suporte e estímulo precoce dos bebês.