Geovana Carvalho
“Em João Lisboa só tinha a rua Imperatriz, que é hoje a Pedro Neiva de Santana, daqui até lá era um areião, uma carroçal. Eu vinha a pé”. O senhor Sebastião Alves de Carvalho chegou à região em 1956. Nascido em Presidente Dutra, veio na adolescência morar em João Lisboa. Conta ele que na época o lugar chamava-se Gameleira. Era um povoado de Imperatriz, possuía apenas duas ruas e poucas casas, bem distantes umas das outras.
“O comércio daqui de Imperatriz era forte. A gente vinha da Gameleira comprar remédio, material de construção, tecido. Aqui em Imperatriz só tinha a Godofredo Viana, a Coronel Manoel Bandeira, a Teresa Cristina e a Frei Manoel Procópio, elas eram só piçarra. Imperatriz era muito pequena”, descreve.
Sebastião Alves, ex-agricultor e agora carpinteiro, veio para Imperatriz – naquela época o povoado Gameleira pertencia a Imperatriz – por ter ouvido de conterrâneos, que por aqui passaram em viagem, o seguinte relato: “Imperatriz tem uma grande influência: o rio Tocantins, tem muita mata, uma pista de avião e as pessoas se animam para ir morar lá”. Sebastião veio então para morar, na esperança de conseguir terra para trabalhar. Após dois dias e meio viajando em pau-de-arara, Sebastião chega a Imperatriz.
Ele narra como era a região nos primeiros anos que passou aqui: “Aqui tinha muita mata para trabalhar, a gente veio [os parentes e amigos de Sebastião] trabalhar na agricultura. A mata de João Lisboa foi eu que ajudei a derrubar pra fazer roça. E lá no Trecho Seco... só Deus sabe o quanto sofri por lá! Lá era seco, não tinha água, isso em 1969, quando a Belém-Brasília tava no começo, ela era só piçarra. Para beber vinha água para nós de caminhão vinda de Açailândia, no Trecho Seco não tinha de jeito nenhum, por isso é Trecho Seco”.
Sebastião explica que no período em que “fez roça” no Trecho Seco veio “morar” (comprou casa) na sede do município de Imperatriz, pois havia se casado. “Eu passava a semana na roça e vinha no final de semana para casa. Morei em várias ruas... Em 1974 aqui já tava bem desenvolvido, já tinha mais ruas, tinha comércio. Eu fiz as portas de madeira das Casas Pernambucanas, comprei muito tecido lá”.
O prefeito da época era João Meneses de Santana... pense num homem sabido! Tinha sete formaturas, sabia falar bonito. Ele era meu amigo, eu fraco de condição, mas ele ia tomar café na minha casa... sabido demais... eu adorava o discurso dele... gente boa demais...”.
Sebastião, testemunha da História recente de Imperatriz, diz não reconhecer a cidade: “Hoje eu não conheço Imperatriz. Conheço a Vila Nova, a Vila Lobão, o Bacuri, a Vilinha, o Santa Rita, mas tem lugar que só ouvi falar pela televisão, tá grande demais”.
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