Em sete meses da atual administração estadual, já foram realizados 37 transplantes de rins, três a mais que em todo o ano de 2014. O resultado é fruto das ações do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde para melhorar a qualidade de vida dos maranhenses. A SES intensificou a campanha de incentivo à doação para suprir a necessidade dos pacientes na fila de espera.
Foi por poder contar com uma família doadora, que após quatro meses fazendo hemodiálise, Marivone de Jesus Almeida, de 59 anos, está transplantada há 13 dias e respira aliviada pela oportunidade de uma vida a mais que recebeu. “Quando passei no exame de compatibilidade foi uma felicidade. Acho que toda pessoa deve entender a importância dessa doação. Hoje estou aqui pela generosidade de alguém que nem conheço, mas que fez diferença na minha vida. Percebo que aqui a maioria ainda escolhe não doar, e isso é muito ruim para quem está em uma fila de espera”, afirma a paciente.
“A informação precisa chegar a todos, pois muitas famílias, principalmente no interior do Estado, não têm conhecimento de como ser doador, e, às vezes, nem de como entrar na fila de espera”, disse a filha de Marivone, Amanda Almeida.
Apenas neste ano de 2015, já foram realizados 37 transplantes de rins, três a mais que em todo o ano de 2014, e 79 de córnea. Em 2014, foram 34 de rins e 107 de córnea.
Antenor Clementino Gomes também conseguiu o transplante há cinco anos, porém teve a irmã como doadora, após meses fazendo tratamento para doença renal crônica. “Quem tem consciência do processo que uma pessoa passa em uma máquina fazendo hemodiálise não se opõe em ser doador. Tive a felicidade de ter minha irmã compatível, mas muitos não têm a mesma oportunidade e ficam até anos esperando por um transplante. Nem eu, nem a minha irmã, tivemos problemas após o transplante. Minha satisfação é muito grande e desejo isso para todos que precisam”, disse.
De acordo com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO/MA), atualmente 2.400 pacientes estão fazendo diálise, sendo que 1/3 são aptos para o transplante de rins. Apesar da diminuição da recusa familiar pela doação, o número de doadores ainda não é suficiente para suprir a demanda. Em 2013, cerca de 88% das famílias não autorizavam a doação. Em 2014, esse número caiu para 69%, chegando a 68% em 2015. Ou seja, um avanço de 20 pontos percentuais em três anos.
O número de transplantes abaixo da média são reflexos da falta de apoio à CNCDO, e que agora tem recebido atenção especial do Governo do Estado, ao incorporar a Central, à Secretaria de Estado da Saúde (SES). “A ideia de trazer a CNCDO para o organograma da SES é por termos uma rede hospitalar extensa, distribuída em todo o Estado, com espaços para captação de órgãos. Essa é uma conquista e reafirmamos que a partir deste ano, o governo Flávio Dino está priorizando a questão da doação de órgãos no Estado”, explica Marcos Pacheco, secretario de Estado da Saúde.
A indicação do transplante de rim é feita após o médico nefrologista avaliar o paciente e considerar exames de sangue, urina e de imagem. Como a doença renal crônica é silenciosa, muitas vezes os pacientes só descobrem a enfermidade em fases avançadas, quando não há tempo para programar o tratamento que ele desejaria realizar. É por isso que a maioria das pessoas que apresentam doença renal crônica avançada começa primeiro por hemodiálise ou diálise. E, depois, se inscrevem na lista de transplante de rim ou recebem um rim de um doador vivo.
O transplante de córnea é indicado quando a transparência ou a curvatura da córnea estejam alteradas, não permitindo uma boa visão.
Ele consiste na substituição da córnea alterada por uma córnea doadora que mantenha boas condições.
Como fazer a doação
Existem dois tipos de doadores. O doador vivo pode doar órgãos, a exemplo de um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Neste caso, pela lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; pessoas sem grau de parentesco, somente com autorização judicial.
No caso do transplante de rins, as funções renais podem ser realizadas de forma normal por um único rim, como se observa em pessoas que já nascem apenas com um, ou em vítimas de acidentes ou enfermidades com perda de um dos rins. O risco dos doadores desenvolverem doença renal é a mesma de quem nunca fez doação.
O outro tipo de doação, e que de fato é responsável por minimizar a espera nas filas, é a doação através de um doador falecido. São pacientes em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano, ou AVC (derrame cerebral). A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico como qualquer outra cirurgia. O diagnóstico da morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar.
Podem ser retirados de um doador falecido órgãos como o coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos e tendão. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes e controlada pelo Ministério Público (MP). A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra e o doador poderá ser velado normalmente.
Quem não pode doar?
Pacientes portadores de insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contraindicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas;
Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.
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