Quando eu acesso os meus direitos eu posso ser o que quiser'. Esse foi o tema da 2ª Conferência Livre para as Meninas, que reuniu meninas da Região Metropolitana de São Luís, na última terça-feira (17). O evento foi uma preparação para as edições municipal, estadual e nacional da Conferência sobre os Direitos da Criança e do Adolescente, além de ser um espaço livre onde as meninas puderam participar e opinar sobre o espaço político para informação e o acesso a direitos fundamentais dessa faixa etária.
A Conferência foi uma realização articulada pela Ong Plan Internacional e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Luís, com o apoio do Centro de Formação para Cidadania Akoni, Alcoa Foundation, Rede Amiga da Criança, Defensoria Pública do Estado, Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado, Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social de São Luís e as Secretarias de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos e Participação popular.
Meninas da Funac
Na perspectiva da ampla participação de todas as meninas, as adolescentes do Centro de Juventude Florescer, unidade feminina de internação da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), também participaram da Conferência, socializando suas vivências sobre os seus direitos. Além das palestras, as socioeducandas tiveram um diálogo na Oficina da Diversidade, onde falaram sobre várias temáticas que interagem com o universo delas.
"É a segunda vez que participei e a conferência me incentivou a lutar mais pelos meus direitos, me despertou para outros temas que não tinha conhecimento e desejo que esse evento possa continuar incentivando mais meninas", disse uma das adolescentes participantes.
A presidente da Funac, Elisângela Cardoso, que também representou o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA-MA), marcou presença na abertura do evento encorajando o empoderamento das meninas.
"Esse é um evento de meninas, um espaço para elas falaram sobre elas, do jeito delas, que vem fortalecer o protagonismo juvenil. E precisamos preparar essas meninas para ocupar os espaços que quiserem, com boas oportunidades e formação", destacou a gestora.
"Vocês irão comandar esse Estado amanhã e precisam estar empoderadas desde já. E que bom que vocês têm esse espaço, com vez e voz garantidas para já exercitar isso, com apoio e oportunidades, o que facilitará esse futuro brilhante de vocês", ressaltou a secretária da Mulher, Terezinha Fernandes.
Casamento Infantil
Um dos pontos altos da Conferência foi a exibição do mini documentário 'Casamento Infantil'. De acordo com a exibição, o Maranhão é o quarto estado brasileiro com o maior índice de casamentos infantis do país.
Para o secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves da Conceição, o índice é preocupante. "O nosso Estado, assim como outros estados da federação, carrega uma taxa de casamento infantil muito alta e que atinge, sobretudo, as meninas e retira delas uma oportunidade de vida, pois estabelece situações precoces. Um dos efeitos imediatos que ocorre é o abandono da vida escolar na maioria dos casos, então, enfrentar essa realidade, reverter esses indicadores do nosso estado e do nosso país é necessário também para garantir melhores condições para as meninas do Brasil", explicou.
Francisco Gonçalves da Conceição acrescentou que ações do Governo do Estado e da sociedade civil são fundamentais trabalhando não só diretamente com as meninas, mas também com os municípios e com as famílias, já que enfrentam uma realidade complexa, sobretudo nas zonas rurais e nas periferias, em que há uma precocidade que compromete a vida dessas meninas.
"Hoje podemos dizer que saímos daqui com a missão cumprida, onde as meninas e um grupo de meninos discutiram sobre a proteção integral, a diversidade e enfrentamento das violências, propondo ideias para que seus direitos sejam atendidos em relação a essas três temáticas", disse Jézyka Siqueira, da Plan International, uma das instituições organizadoras do evento.
A Conferência proporcionou oficinas culturais que levaram não só diversão para as meninas, mas também uma mensagem com foco no empoderamento da menina e na questão étnico racial já que todas as culturas presentes eram voltadas para a cultura negra.
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