Comissão de Educação da Câmara dos Deputados debateu a reserva de vagas em universidades federais para estudantes de cidades do Norte e Nordeste

O presidente do Conselho Municipal de Educação de Petrolina, professor Raul Novaes, defendeu, em debate na Câmara, que o bônus de 10% na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para alunos de regiões menos favorecidas (Norte e Nordeste), diferentemente de cotas, seria apenas um auxílio à nota obtida pelo estudante na disputa para ingressar na universidade.

Ele e outros debatedores consideram injusto que alunos com melhores condições de ensino, inscritos no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e Sisutec (para cursos técnicos), disputem vagas com estudantes que tenham um ensino básico bem inferior à média nacional.

Condições iguais
“É preciso que o jovem lá da sua região, o sertanejo, o filho do trabalhador, ele tenha a possibilidade de concorrer em condições iguais. Porque igualdade não é sinônimo de todo mundo faz a mesma prova, o Enem, e quem sair melhor ganha a vaga”, avalia o professor.
“Este conceito de igualdade nos parece um tanto quanto injusto. Porque você submete ao mesmo exame pessoas que têm realidades socioeconômicas e educação completamente diferenciadas”, ressalta Raul Novaes durante audiência da Comissão de Educação, na quinta-feira (16).
Muitos desses alunos do Norte e Nordeste não têm conseguido ocupar vagas em instituições de ensino superior do seu município ou em cidades vizinhas.
Isso porque alunos do Sudeste e de capitais migram para estas regiões e acabam ocupando essas vagas.

Falta de investimento
Para o representante da União dos Estudantes do Sertão, Igor Cardoso, o ensino que os jovens recebem nessas regiões é o principal entrave para que eles ocupem vagas em instituições de ensino de suas regiões.
“Nós temos essa carência de educação e, infelizmente, nossa educação de base não foi tão investida quanto em alguns outros lugares do País, e isso acaba dificultando o aluno da região conseguir ingressar no ensino superior”, reforça Igor.

Em todo o País
Autor do pedido para a realização da audiência, o deputado Kaio Maniçoba (PMDB-PE) defende que a medida atinja não só o Norte e Nordeste, mas todo território nacional: “A gente quer fazer um projeto de lei que contemple o Brasil como um todo. E o estudante que está no Sul não fique menos valorizado do que o estudante que está no Nordeste. A gente tem que fazer um amplo debate, para que possa enfim formular um projeto de lei e dar andamento na comissão.”

Experiência no Pará
A medida já é adotada em algumas instituições do País, como a Universidade Federal do Pará, por exemplo. Após a medida, 98% dos alunos que ingressaram na universidade paraense são oriundos das regiões próximas. (Vitor Santos – Agência Câmara)