A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 2 concluiu ontem (30), em Brasília, a votação do relatório do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).
O texto-base, que prevê o indiciamento de 67 pessoas, entre lideranças comunitárias, antropólogos e servidores, foi aprovado há duas semanas e mantido com a rejeição de sugestões de mudanças propostas pela oposição.
Os membros da comissão, composta em sua maioria por deputados que integram a Frente Parlamentar da Agropecuária, a chamada bancada ruralista, rejeitaram os dois destaques apresentados pela deputada Érika Kokay (PT-DF) que estavam pendentes de análise.
Proposta rejeitada
No primeiro destaque, a deputada oposicionista pedia que os indiciamentos propostos pelo relator fossem retirados do relatório. Na última reunião, o relator aceitou excluir apenas as pessoas que já morreram e o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho.
O relator também retirou os integrantes do Ministério Público, o que reduziu o número de pedidos para 67. O pedido de indiciamento é um dos pontos mais criticados do relatório final da comissão, principalmente por entidades que atuam na defesa dos direitos indígenas.
As lideranças comunitárias avaliam que o pedido de indiciamento é equivocado e visa criminalizar os agentes que atuam de forma contrária aos interesses econômicos do agronegócio.
O outro destaque não considerado pedia que fossem retiradas as proposições de reanálise de processos de demarcação de terras indígenas já realizados pela Funai e o Incra. E a supressão da proposta dos ruralistas para regulamentar o processo de demarcação e permitir a desapropriação de terras indígenas que não estavam ocupadas antes de outubro de 1988 e restringir a demarcação apenas para terras ocupadas.
Tentativa de adiamento
Como em todas as reuniões da CPI, os oposicionistas tentaram adiar a conclusão dos trabalhos da comissão. O deputado Nilto Tatto (PT-SP) questionou a ausência das alterações prometidas pelo relator na ata da última reunião. O presidente da comissão, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), negou os questionamentos e deu continuidade à votação.
Para a deputada Érika Kokay, o relatório é “um panfleto contra o povo” e o trabalho da CPI representa uma tentativa de nova colonização do país pelos proprietários rurais. O deputado Mauro Pereira (PMDB- RS) defendeu o relatório e considerou o posicionamento da oposição como “demagogia”. A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) argumentou que os pedidos de indiciamento de antropólogos mostram a “ideologização” do trabalho da CPI. (Agência Brasil)
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