Policiais federais em todo o país fazem uma greve de 72 horas e paralisam suas atividades nesta semana, entre os dias 23 e 25. O movimento será iniciado no final desta quarta-feira, 22, com atos públicos de protesto em frente às unidades da PF.
Os policiais federais reclamam que o governo federal não cumpriu o acordo assinado no final da greve de 2012. O governo federal prometeu a modernização da carreira na PF e o reconhecimento das atividades realizadas por todos os servidores, ainda regidos por leis da época da ditadura militar.
Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), os agentes, escrivães e papiloscopistas federais hoje se sentem castigados pelas operações anticorrupção que realizaram, pois são os únicos servidores federais com salários congelados desde 2009, e sem atribuições definidas em lei.
O estopim da greve é a recente Medida Provisória 657, que atropelou o longo período de negociações entre a Fenapef e o governo, ignorou as dezenas de propostas de modernização e beneficiou somente o cargo de delegado, criando uma espécie de concurso para chefe no serviço público federal.
Nos corredores da PF, a medida provisória é chamada de “MP da Chantagem”. O motivo é a sua publicação na semana em que ocorreram os vazamentos do escândalo da Petrobras. A MP não reconhece os demais policiais, investigadores ou peritos, como autoridades competentes.
Segundo Jones Borges Leal, presidente da Fenapef,“essa medida provisória 657, ao invés de reconhecer os avanços da PF dos últimos anos, volta no tempo para criar um cargo político dentro da polícia, tornando o órgão mais dividido e burocrático. Estão recriando a polícia fascista da ditadura militar, que não funciona, mas é fácil de controlar pelas indicações dos cargos de chefia”.
A federação afirma que em qualquer lugar do mundo o chefe é um profissional que deve ter experiência, aptidão e especialização. A polícia moderna é multidisciplinar, envolve inteligência e vários tipos de análises criminais. O diferencial da PF sempre foi trazer investigadores dos mais diversos ramos acadêmicos, algo que tornou a investigação científica e objetiva, e alcançou os poderosos.
Porém, num quadro considerado caótico pelas entidades sindicais, a cada ano mais de 250 agentes federais abandonam a carreira por desmotivação, interferências políticas e falta de reconhecimento profissional. O índice de doenças é altíssimo, e a queda nos investimentos é lamentável, enquanto o aumento da violência e criminalidade no país aterrorizam a população.
“A Polícia Federal está sendo destruída, enquanto a população brasileira precisa do combate ao crime organizado e corrupção. Estamos sendo engolidos pela burocracia. O servidor deve ser reconhecido pelo que faz, e não pela indicação política ou pelo que está no papel. Queremos critérios objetivos de eficiência para as chefias, independente do cargo, e o fim da politicagem dentro da PF”, explica Leal. (Diretoria de Comunicação - DCOM/FENAPEF)