Illya Nathasje

Depois de receber os membros do Grupo de Trabalho que desenvolvem ações que efetivam identificar o corpo e causa mortis do líder camponês e comunista Epaminondas Gomes de Oliveira, o prefeito Aderson Marinho Filho destacou a importância da vinda da Comissão Nacional da Verdade a Porto Franco. "É um momento importante porque nossa expectativa é que todos os trabalhos sejam bem sucedidos e alcancem os resultados desejados".
O prefeito afirmou que Porto Franco tem um espaço definido na história do país, não somente por sua localização geográfica em relação à Guerrilha do Araguaia, mas por gente como Epaminondas. "Gente nossa que aderiu à causa do estado de direito e foi à luta. Cada um com seu modo, com seu jeito, deu sua contribuição que resultou em construir para nossa cidade uma página na história do Brasil". Aderson Marinho lembrou ainda que muitos filhos e moradores da cidade pagaram um preço caro, a própria vida, para defender não somente seu interesse, mas também o interesse de outros, com um objetivo comum, a liberdade.
Para o gestor, já que é impossível a existência em vida de Epaminondas, que dele possamos lembrar não como um homem que foi preso sem direito de defesa e que desapareceu, deixando sua família desnorteada com a falta de informações e a incerteza de seu estado de saúde. Fatos que deixaram toda uma família injustiçada. Esses trabalhos em Porto Franco resultam na Certidão de um homem honesto e trabalhador. Um idealista que enche de orgulho aos seus. Resgata (in memorian) para dona Avelina, sua esposa, seus filhos, netos e demais familiares, a verdade, a qual não tiveram acesso naqueles tempos, pela informação distorcida ou pela falta dela. "Assim, entendemos que esse é um momento de resgate da memória e dos valores de um homem", finalizou.

Entenda
Maranhense, ex-prefeito de Pastos Bons e morador de Porto Franco, Epaminondas Gomes de Oliveira foi preso aos 68 anos no dia 9 de agosto de 1971, quando se encontrava no interior de um garimpo no município de Ipixuna (PA). Foi morto, já em Brasília, 11 dias depois, quando se encontrava sob custódia. No combate à guerrilha, o Exército deflagou no Bico do Papagaio, região fronteiriça composta pelos estados do Pará, Maranhão e Goiás (agora Tocantins), a Operação Macedônia com o objetivo de prender líderes e apoiadores. Epaminondas, que não aderiu à luta armada, era tido como membro do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), organização derivada da Ação Popular.