O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), vem realizando treinamentos de capacitação para médicos e enfermeiros da rede estadual com o objetivo de melhorar a prevenção e trato de acidentes com animais peçonhentos. Nessa terça (4) e quarta-feira (5), o Departamento de Controle de Zoonoses e a Superintendência de Epidemiologia e Controle de Doenças da SES realizaram nova capacitação com profissionais das 19 regionais de saúde do estado. Acidentes com serpentes em áreas rurais são os mais comuns no estado.

A capacitação foi realizada no auditório do Hospital de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira (HCM). Foram dois dias de palestras de técnicos da SES e do coordenador do Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde (MS), Flávio Dourado.
O coordenador do Departamento de Controle de Zoonoses, Daniel Saraiva, ressalta que o treinamento é uma forma de ampliar o contingente de profissionais preparados para tratar casos de animais peçonhentos e, assim, diminuir a demora no atendimento, além de garantir o uso incorreto das ampolas de antivenenos.  A demora no atendimento das vítimas e o uso incorreto dos antivenenos são dois fatores que podem levar a óbito as vítimas de animais peçonhentos. “É muito importante que os nossos profissionais de saúde saibam identificar o tipo de acidente, o tipo de animal causador, quais os procedimentos adequados para tratar aquela ocorrência e como usar corretamente os soros”, pontua o coordenador.
No Maranhão, os casos mais comuns de acidentes envolvem serpentes, escorpiões, aranhas, abelhas e lagartas. Entre as serpentes, as espécies jararaca, cascavel, surucucu e coral são as mais recorrentes.
Em 2014, foram registrados 1.517 casos de acidentes com serpentes, sendo 1.124 com jararacas. Nos seis primeiros meses deste ano, somam-se 886 casos com serpentes. No total, evolvendo todos os animais, no ano passado, foram 2.423 notificações, com quatro óbitos (sendo três por serpentes e um por abelha). Em 2015, até o momento, são 1.293 casos registrados, com quatro óbitos, todos causados por serpentes.
A superintendente de Epidemiologia e Controle de Doenças, Léa Márcia Costa, explica que o assunto é de urgência, pois são situações que o agravo resulta em mortes. “Todos os anos há registro de casos, com prevalência na zona rural, dessas situações, muitos casos podem ser evitados, desde que as equipes estejam prontas para fazer o manejo correto e na localidade próxima à ocorrência”, explica Léa Costa.
Médico e especialista em acidentes por animais peçonhentos, o Dr. Pedro Pardal, acompanha o MS em capacitações em todos os estados do Brasil. Ele afirma que esse é um problema negligenciado no mundo. “Precisamos reforçar a importância de termos equipes de saúde preparadas para lidar com ocorrências de animais peçonhentos. Somente com conhecimento adequado se conseguirá atender melhor a população, pois cada caso, com os diferentes tipos de animais, exige um tipo de tratamento que precisa ser eficaz”, avalia o médico.