O presidente da Comissão de Assuntos da Reserva Indígena Krikati, Nil Gomes, convida comunidade para reunião nesse domingo (1º) no STTR, em Montes Altos

Gil Carvalho

 
Montes Altos –
No próximo dia 23 de junho, 243 produtores rurais terão que desocuparem suas terras e casas no município de Montes Altos. A decisão foi publicada no dia 23 de maio (sexta-feira) no Diário Oficial da União pela Fundação Nacional do Índio – Funai.
Em caso de descumprimento, os produtores rurais poderão ser expulsos por decisão judicial.
A Funai acusa os agricultores, que estão há quase duas décadas nas propriedades, de ocuparem ilegalmente uma área demarcada para índios Krikati, em Montes Altos. A terra indígena Krikati tem 144.775 hectares e foi decretada ainda em 2004 pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. 
Os produtores rurais notificados são obrigados a “proceder a retirada de seus familiares e empregados, bem como seus bens móveis e objetos pessoais”, de acordo com o edital da Funai. 
Além disso, alerta que “tudo o que não for retirado no prazo de 30 dias será considerado abandonado e será entregue pela Funai aos índios”. 
Dos 243 produtores rurais que serão expulsos, apenas 64 foram considerados de boa fé e terão direito à indenização pelas benfeitorias construídas em seus imóveis. Mas para isso terão que “abrir mão de se defender na justiça contra a Funai e se habilitar ao recebimento por meio de um requerimento a ser apresentado junto à Fundação. Ainda não há dada para o pagamento. Os demais 179 agricultores serão expulsos sem direito a nada. 

Reunião – Em protesto contra a decisão da Funai, o presidente da Comissão Permanente para Assuntos da Reserva Indígena Krikati, Nilton Paixão Gomes, o Nil Gomes, informou ontem à reportagem que será realizado nesse domingo, 1º de junho, às 9h, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Altos, localizado em frente a Praça Santana, no Centro, reunião para debater medidas judiciais para “barrar a decisão da Funai em expulsar 243 agricultores”.
“Nós classificamos como uma medida arbitrária essa publicada pela Funai, algo precisa ser feito para garantir o direito de posse das famílias ameaçadas de serem expulsas”, disse ele, que manifesta preocupação com a decisão que, caso seja cumprida, afetará diretamente mais de mil pessoas. 
Nil Gomes assinala que “o município deixará de ser praticamente uma região agrícola, pois perderá mais de 240 produtores rurais que lutarão, caso sejam expulsos, para se fixarem em outras localidades”.