Amanhecia e havia muita movimentação na casa de palha. O dono da casa estava nervoso, tomava uma xícara de café atrás da outra. Apesar de não ser marinheiro de primeira viagem, a parteira estava com dificuldade de retirar o garoto. E a chuva incomodava, mas Deus é grande e tudo ia correr bem, pensou o dono da casa. Mas não demorou muito houve um choro forte de criança no quarto; até que, enfim, nasceu. A tranquilidade correu no corpo negro e forte do homem e uma paz enorme entrou naquela casa simples, para em seguida romper em uma alegria só, afinal a criança havia nascido.
A porta do quarto abriu e a porteira falou: “É um menino!”. Sadio, os olhos dele brilham, isso é demonstração de inteligência, vivacidade, este menino vai dar trabalho. Os pés dele dizem que vai ser um viajante, um aventureiro, este menino vai ganhar o mundo, falou a parteira, uma negra velha e experiente, afinal já tinha feito mais de cem partos, a maioria das crianças daquela localidade tinha sido ela que tinha pegado. O dia era 2 de março de 1922. Um mês depois, a criança foi batizada como José Matos Vieira.
Aquela criança se transformou em um menino levado e curioso. Gostava de ler e perguntar. Aquela curiosidade era tão grande que achava que casa de telha era feita de teia de aranha. Naquela época, descobriu o maior invento, o rádio; achava que tinha uma pessoa falando dentro daquela caixa grande. Tinha uma grande virtude, não tinha medo de trabalhar.
Aquela curiosidade levou aquele garoto a ganhar o mundo. Viajou para a cidade grande, Caxias, chorou, esperneou, mas foi contra a sua vontade. Lá aprendeu uma profissão de gráfico, que levaria para sempre, mudaria a sua vida e com isso aumentaria o gosto pela leitura, pelo conhecimento, pelo mundo. Caxias já era pequena para sua ambição, queria ir para o Rio de Janeiro. Este garoto viu o mundo mudar de forma brusca, viu a ascensão de Stalin e Hitler, queria ir para a guerra combater os alemães, mas jamais chegou ao Rio de Janeiro e teve que acompanhar a 2ª guerra de longe, assim como a guerra da Coreia, vibrou com a guerra dos 6 dias (os judeus venceram os árabes em uma guerra relâmpago). Viu a guerra do Vietnã. Desviou o seu caminho para Carolina, Balsas, Goiânia, Marabá, pelos garimpos da vida, até chegar a Imperatriz.
Antes de chegar a Imperatriz, trabalhou em garimpo, marinheiro, tropeiro, várias gráficas, foi dono de gráfica, fundou jornal, escreveu um livro de suas memórias, plantou árvores, foi dono de terras e gado, ganhou respeito, mas com o sucesso atraiu a inveja das pessoas. Porém, isso não o abalou, simplesmente motivou a modificar vidas ao ensinar a sua profissão para outras pessoas, deu oportunidade de trabalho para outras. Ficou satisfeito com o sucesso das pessoas que ensinou, que foram seus alunos na vida.
Dizem que o homem não pode passar pela vida, tem que viver a vida, tem que deixar uma marca na vida e José fez mais de uma marca, viveu intensamente, deixou várias marcas profundas na vida de pessoas e da cidade que escolheu para morar. As pessoas, daqui a 100 anos, saberão quem foi José Matos Vieira, pois influenciou pessoas e Imperatriz com a sua simplicidade. Errou, acertou. Acertou mais do que errou. Mas o homem para evoluir tem que errar e acertar, senão não é humano. Esta é a marca enorme deixada por José na vida de Imperatriz e na vida das pessoas de sua família.
Foi um pai sempre presente, duro, carrancudo, ríspido, teimoso, mas ao mesmo tempo amoroso, preocupado com o futuro de seus filhos e até hoje se preocupa com seus netos, conversa com eles querendo saber como está nos estudos e o querem da vida. Se querem passar pela vida ou se querem viver a vida. A teimosia dele quem conhece bem é a Violeta, insistindo que ele deixe de comer gordura, tome os remédios na hora certa e ele diz: que as pessoas que o encontram dizem que ele tá ficando cada dia mais novo. E perguntam se ele tem uma fonte da juventude. Hoje José faz 90 anos. ELE VEIO, VIU E VENCEU!
Tem um ditado que diz que “se você quer vencer na vida, tem que seguir um grande homem”. O José Matos Vieira é o homem que deve ser seguido, É UM VENCEDOR. É um EXEMPLO e está tão perto que, se você tocar nele agora, está VIVO. Netos, bisnetos, sigam o exemplo de um vencedor, ele é o seu AVÔ. Que viva muito mais anos, que Deus o ilumine e o abençoe com mais algumas dezenas de anos. Vamos cantar parabéns, nos alegremos muito mais. Que nós que estamos aqui presente possamos ter a felicidade que ele alcançou de completar 90 anos e que nós filhos, netos, bisnetos possamos ter essa felicidade de ter a nossa família ao nosso redor felizes comemorando essa data de noventa anos. Esta data é para poucas pessoas, a LONGEVIDADE é só para os agraciados por Deus. Estes são os ESCOLHIDOS. José é um ABENÇOADO POR DEUS.
O impressionante é a quantidade de livros, jornais, revistas que ele lê por ano, para um homem de 90 anos. Tem uma rotina de um homem de 25 anos. Caminha 1h30m, todos os dias de segunda a sábado, chega em casa alonga, toma banho e em seguida o café, depois vai ler os jornais matutinos da cidade, O PROGRESSO, a Folha, depois sai para comprar o Estado do Maranhão, ler as revistas semanais Veja, Época, IstoÉ, ler qualquer coisa que chegue em suas mãos. Tem sempre um livro nas mãos para ler, assiste aos jornais televisivos: os jornais locais da manhã, tarde e noite. Os nacionais: o Bom Dia Brasil, Hoje, os jornais da Band, SBT, Jornal Nacional, assiste a todos os jogos de futebol que passam na SKY. A única frustração é não ter sido um músico, já que ele tocava trompete e sax, mas devido ter que sustentar a família que crescia igual a coelho - são dez filhos, 29 netos, 12 bisnetos - teve que trabalhar na profissão de gráfico. Obrigado, José, por você existir! Você é o único, a sua forma foi jogada fora por Deus, para não ter outro igual.
Obrigado vovô!
De seus filhos, netos e bisnetos Bruno, Breno, Carol, Marianne, Junior Valladares, Vieira Neto, Lúcio, Luciene, Patrícia, Luciana, Cristiano, Caio Augusto, Luise, Mateus, Gustavo, Anne Sofie, etc.
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