O secretário Leandro Braga (SETRAN) compareceu à convocação, mas não convenceu vereadores e o público presente com seus esclarecimentos

Em sessão bastante movimentada e com as dependências cheias, a Câmara Municipal recebeu na manhã de ontem (22) o secretário de Trânsito (SETRAN) do município para esclarecimentos sobre a polêmica em torno da “Zona Azul”.

Leandro Braga fez explicações das partes positivas e daquilo que a atual gestão julga ser bom para a cidade, mas não mostrou dados de um suposto estudo feito para chegar a essa conclusão e convencer os legisladores de que a medida vai servir para organizar e não aumentar a arrecadação do município.
A maioria dos vereadores acha inadmissível que um funcionário que trabalha no centro e já ganha pouco ainda tenha que pagar por estacionamento. Todos entendem a boa vontade da prefeitura de organizar o trânsito, mas não penalizando o povo pra chegar a esse objetivo. Foi pedida uma cópia dos estudos feitos tanto das mudanças na D. Pedro II como na implantação da área azul, mas não houve apresentação de qualquer documento.
O secretário de Trânsito informou que os trabalhadores desses locais serão credenciados e terão espaço exclusivo e gratuito para eles, mas questionado disse não saber a quantidade dessas pessoas no comércio ou o espaço necessário para elas. Falou sobre a porcentagem reservada a pessoas com necessidades especiais e idosos, e que o comércio precisa continuar a crescer, mas para isso políticas públicas para o município devem ser aplicadas e taxar os estacionamentos é uma delas.
Leandro disse que não se criou nada e que a taxação é feita em todo o país. Para ele, é muito difícil organizar a cidade, pois tudo que se faz a sociedade se mostra contra. Querem a cidade organizada, mas não na frente de suas casas. Explicou que a prefeitura quer chegar num denominador comum e o objetivo é apenas ordenar a cidade.

Dúvidas

Questionamentos recorrentes não foram respondidos:
Como todos os trabalhadores do centro de Imperatriz vão estacionar em dois quarteirões? 
Quantos veículos cabem nesses espaços destinados aos funcionários? 
Quanto isso vai render para a empresa que irá administrar?
Como democratizar as coisas ouvindo só um lado e impondo de forma unilateral?
Alguns vereadores pediram a revogação do artigo 5º da lei, que dá poderes à prefeitura de fazer o que quiser com o que foi aprovado. Para eles tarifação não melhora nem aumenta a qualidade de vida do povo, que já é sofrido e a prefeitura a cada dia só impõe mais regras sem debater, sem escutar as pessoas e as categorias.

O decreto

32 ruas foram marcadas em publicação divulgada pela prefeitura. Quando os vereadores receberam e votaram o projeto de lei, era algo para melhorar o transito, mas depois de votado o que foi apresentado não foi uma faixa azul, mas uma cidade azul. A prefeitura quer tarifar o centro todo, sem dar opção de gratuidade, obrigando o cidadão a pagar. Para a casa legislativa deve ser garantido o direito de ir e vir das pessoas, e mais, o direito de escolher se quer pagar ou não.
Foi explicado que a Câmara Municipal teve a vontade de acertar e ajudar a gestão. Aprovou, mas infelizmente se utilizaram da boa vontade dos vereadores para praticamente transformar todo o centro em área azul.

Polêmica

Bebé Taxista (PEM) no uso da palavra disse que nos últimos 10 dias o único assunto em pauta tem sido essa “área azul”, mas que em momento algum discutiram nada com a Câmara ou com o povo. Fazem estudos dentro de quatro paredes e diferente do tempo que o atual prefeito foi começar sua campanha, onde ia nos bairros mais distantes prometendo resolver todos os problemas das pessoas mais humildes, agora faz decretos apenas beneficiando pessoas de fora e cada vez mais prejudicando os daqui.
“Estão favorecendo donos de empresas de ônibus (e outras) em detrimento da população. Se não querem ouvir o povo, ouçam pelo menos esta casa, pois teríamos dito ao prefeito Assis que isto é um assalto e ele sendo um delegado não pode ser favorável a isso. Se eu for ao shopping e meu carro desaparecer terão que me dar outro, mas e aqui na famigerada faixa azul? Eu não sei que estudo foi esse que o Sr. Leandro não soube apresentar”, disse.
Para o presidente da Câmara Municipal, José Carlos (PV), essa sessão só terá efeito se o secretário levar o que aconteceu e conseguir sensibilizar o atual prefeito. Mas acha isso difícil pela forma que as coisas vêm sendo levadas desde o início da gestão atual.
“Tem pessoas que viviam há 30 anos com uma renda extra na Praia do Cacau e no primeiro ano do governo Assis, passaram fome porque foram impedidas de trabalhar. No mercadinho fazem terrorismo com os comerciantes. Na D. Pedro II mudaram tudo sem nenhum tipo de aviso, e agora vem com essa loucura de área azul dessa forma”.
Para o presidente, não adianta ficar brigando com vereador, pois estes são os verdadeiros representantes da sociedade. Podem até tentar enganar a população durante a campanha, mas na gestão tudo aparece.
“Só iremos agora aceitar o que está na lei. Assis está sendo destruído pelas suas assessorias. É lamentável. Essa casa exige o diálogo e não iremos permitir que vocês causem mais desordem na cidade. Até o aniversario de Imperatriz será feito em lugar fechado, tirando a renda de mais de 200 ambulantes. Não respondem ofícios, não comparecem às convocações. Chamaram mais de 500 pessoas sem necessidade para fazer política, agora cortam CET dos efetivos, desempregam os seletivados e colocam a gestão num caos. Não apresentam as contas, dizem que não precisa, assessores incompetentes”.
O vereador-presidente encerrou a sessão dizendo que o prefeito é conivente com tudo e o caos está instalado na cidade. “Nasci e me criei aqui e acho que Assis tem que administrar, mas seus assessores são incompetentes e o secretário de Trânsito deve entregar o cargo. Que volte a ser investigador, pois é o que sabe fazer”, finalizou. (Sidney Rodrigues - ASSIMP)