José Reinaldo Tavares
A contratação da RUMO para concluir e operar o trecho da Norte-Sul, entre Porto Nacional(GO) e Estrela do Oeste(SP), trouxe para gerir a Norte-Sul uma empresa muito forte, que está há anos no setor do Agronegócio e também no de operação de ferrovias, portanto uma empresa altamente experiente e que opera trechos ferroviários importantes como toda a malha ferroviária Paulista.
O trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Porto nacional e Açailândia está sendo operado pela VLI, uma empresa ligada a VALE. Observe-se que a RUMO ganhou o leilão exatamente sobre a VLI oferecendo um ágio 100% maior que o valor ofertado pela VLI.
O Plano de Negócio da RUMO para a Norte-Sul é muito bom. Vou procurar resumi-lo naquilo que mais nos interessa para melhor compreensão.
A Brado Logística, uma empresa comercial e operacional ligada a RUMO, está intensificando o transporte de contêineres em longos percursos de trem completado por trechos curtos de caminhão. É um negócio que vem crescendo fortemente no corredor entre os municípios de Sumaré (SP) e Rondonópolis (MT). De um lado a Brado montou uma espécie de Hub para o embarque e desembarque de cargas nesse importante polo industrial (Sumaré-SP). Em Rondonópolis montou um terminal multimodal que permite a distribuição para todo o estado de Mato Grosso. Em 2015 eram 10 produtos e 35 empresas. Em 2019 já são 61 produtos e 161 clientes diversos.
Nas próximas semanas a Brado pretende dar um salto nessas operações com a inauguração do sistema "double stack" (dupla fila) em que os vagões podem carregar dois ou até 3 contêineres empilhados (um de 40 pés em baixo e dois de 20 pés) em cima. Investiram 30 milhões na compra de vagões "double stack" que vão permitir ganhos de até 40% na capacidade de transporte. Para que isso funcionasse cerca de 30 interferências na linha férrea da Malha Paulista tiveram que ser eliminadas para não impedir a passagem das composições mais altas. Eram restrições como cabos de energia e viadutos sem altura suficiente.
De Rondonópolis para Sumaré contêineres refrigerados costumam ser carregados com carne bovina e suína. Na chegada eles são descarregados e higienizados. Aí, na volta trazem cerveja nos contêineres refrigerados que chegam perfeitas depois de 72 a 96 horas de viagem. Com isso evitam-se que cheguem chocas (sem gás) no transporte debaixo do sol. Ambev, Unilever e Procter & Gamble resolveram aderir a essa solução para abastecer cidades como Cuiabá, Sinop, Sapezal e Primavera do Leste.
Hoje, transporta produtos como cerveja, piso cerâmico, farinha de trigo, aparelhos eletrônicos, fraldas, desodorante e cotonete por contêineres.
Em 19 a previsão é crescer 21% sobre o ano passado e movimentar um total de 15 mil contêineres nos dois sentidos diz Marcelo Saraiva da Brado Logística. Mas o potencial no corredor Sumaré-Rondonópolis (ida e volta) gira em torno de 150 mil por ano, no longo prazo.
É justamente essa lógica que pretendem reproduzir na Norte-Sul, onde o potencial de cargas industriais é estimado em 700.000 contêineres por ano. Ou seja, quase 50 vezes mais do que o previsto no corredor Malha Paulista- Ferronorte. Essa vertente de negócios, na visão de especialistas, foi essencial para se somar ao transporte de granéis e viabilizar a oferta de R$ 2,7 bilhões da RUMO pela Norte-Sul- praticamente o dobro do ágio oferecido pela sua única concorrente, a VLI, no leilão em março.
A Brado já começou a conversar com seus clientes atuais e potenciais para oferecer a rota Anápolis (GO)-Imperatriz (MA). Depois que as obras residuais estiverem totalmente concluídas o que ainda deve levar um ano e meio a dois anos a Brado passaria a oferecer três trajetos: Sumaré- Anápolis, Sumaré-Palmas (TO) e Sumaré-Imperatriz. De Anápolis pretende atender os mercados de Goiânia e Brasília. De Imperatriz tem planos para abastecer cidades como São Luís e Belém. "Já estamos armando o circo", diz Marcelo Saraiva o Diretor Comercial e de Operações da Brado Logística. "Um ano e meio ou dois não é nada em planejamento logístico. Temos que preparar tudo, construir armazéns, encomendar vagões e locomotivas", completa.
Em média, segundo o diretor, o transporte de produtos industriais por trilhos (e com pequeno trecho rodoviário), sai em torno de 10% mais barato do que fazendo todo o percurso por caminhão. Sem contar, ressalta, os custos por perdas com acidentes ou furtos quando a carga vai pela estrada.
Eu, já venho falando disso a tempos. A Norte-Sul quando pronta aproximará Imperatriz de São Paulo o maior mercado consumidor do país. Tudo o que for possível produzir em Imperatriz, frutas, carnes, couro, e tantas coisas mais devido o potencial da cidade e da região agora será fácil e possível colocar nos grandes mercados do País.
Como vimos teremos um trem expresso, ida e volta, entre Anápolis e Imperatriz, com ligação para São Paulo.
Agora cabe a nós fazermos os estudos necessários de como incrementar essa produção, está na hora de juntos, governo estadual, governos municipais, e principalmente entidades empresariais pensarem nisso para valer. A hora chegou, vamos aproveitar.
E pensar que quando começamos a Norte-Sul nos acusavam de fazer "uma obra para ligar o nada a coisa nenhuma". E entre tantas pressões receber telefonema do Presidente da FIESP, Mario Amato, na época, para ouvir: "Ministro esqueça isso. Tem muita coisa importante para fazer no Brasil".
A Ferrovia quando estiver totalmente pronta daqui a um ano e meio ou dois anos, mudará a matriz de transporte de cargas do país e será como já está se tornando a ferrovia mais importante do Brasil. Já vão começar as obras de duas ferrovias se conectando a Norte-Sul, uma ligando Campinópolis a Água Boa(MT) e outra ligando o Vale do Araguaia.
Mas, não é só isso meus amigos de Imperatriz e da Região Tocantina, um grupo econômico recebeu a licença do governo brasileiro para construir um Terminal de Uso Privativo no litoral de Alcântara, de águas profundas, ligado diretamente ao canal de acesso, o que evitará filas demoradas para descarregar e carregar, de águas muito profundas capaz de receber qualquer tipo de navio, e espaço enorme para retroporto. Com ele deverá vir uma grande distribuidora de gás natural liquefeito, importado. Hoje o preço do gás é de US$ 12 por milhão de BTU, enquanto nos EUA é de US$ 2,5. A ideia é ter gás a US$ 5 por MBTU e assim permitir um grande distrito industrial adjacente ao porto que poderá produzir fertilizantes, amônia, ureia, e outros insumos do agronegócio. Além disso pretendem construir uma nova ferrovia chamada preliminarmente de Ferrovia do Maranhão ligando o TUP a Imperatriz, paralela e no mesmo padrão de Carajás, já que a Ferrovia dos Carajás, mesmo duplicada terá em pouco tempo com o aumento de produção das minas de Carajás atingido a sua capacidade máxima de transporte.
Esse porto será muito maior que Santos e o gás natural poderá ir em contêineres para Imperatriz em frete de retorno, o que será um benefício enorme para toda a região e para a industrialização de Imperatriz.
Mas, repito, temos que ajudar a que tudo isso acontecer, fazendo a nossa parte: o planejamento logístico para aumentar a produção da região.
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