Flávio Dino é o primeiro governador eleito na história do PCdoB. O partido, que estava relegado a ocupar algumas vagas no Congresso Nacional, tem um membro seu ocupando o posto máximo na esfera executiva estadual.
A eleição de Flávio traz consigo algumas expectativas que se confundem entre os desejos do maranhense e de uma grande parcela do restante do país. Primeiro por ter derrotado um dos mais longevos grupos políticos e segundo por ser comunista. Um conceito de comunismo diferente do habitual, é verdade, mas ainda assim, um comunismo.
Em suas várias entrevistas, o governador eleito do Maranhão sempre destaca a aliança que o levou ao Palácio dos Leões e, em especial, o desejo do eleitor maranhense em ver uma mudança.
Por esses fatores, a eleição de Flávio se sobrepõe a tantas outras pelo resto do Brasil.
A vinda do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, para a diplomação de um dos mais ilustres filiados joga luz para o estado e traz algumas interrogações sobre como será o governo comunista.
O portal da TV Guará conversou com Rabelo e destaca, a seguir, os principais pontos da entrevista como a liderança de Dino no contexto regional e nacional, a relação dele com a presidente reeleita, Dilma Rousseff, e a derrota dos Sarney.
Liderança nacional
A liderança natural de Dino dentro do partido já é fato consumado, afinal ele foi o primeiro governador do partido. “Fato insólito”, classificou Rabelo. Somado a derrota do grupo Sarney, ele atrai ainda mais as atenções para sua maneira de governar.
Renato Rabelo tem o governador como uma liderança exemplar e comprometida com o povo. Ele, de acordo com o presidente do PCdoB, se empenha em ser uma pessoa que quer desvendar um novo caminho para o Maranhão. “Sempre demonstrou isso dentro e fora daqui. Ele se impõe não só no estado, mas nacionalmente e pode se tornar uma grande referência”, finaliza.
Derrota do grupo Sarney
Renato Rabelo considera que a eleição de Flávio Dino é a confirmação de um novo ciclo político no estado. Ele acredita que uma nova etapa se inicia com a saída de Sarney da política e, consequentemente, de um grupo que ocupou todas as esferas de poder no estado. “Isso tem repercussão no Brasil inteiro e por isso abre caminho para uma nova realidade”.
O fato de não haver um surgimento de um novo líder depois da aposentadoria de Sarney e Roseana foram os responsáveis por tornar o grupo uma “oligarquia senil”.
Relacionamento com Dilma
A decisão de Dilma em não vir ao Maranhão mostra, segundo Rabelo, para quem foi o apoio do PT no Maranhão. “Mesmo o PT e sua direção nacional reconhecem isso. Primeiro que ela não demonstrou nenhum apoio público ao candidato do PMDB aqui no estado. Não veio aqui e sempre reafirmou a importância do sucesso da eleição de Flávio como um passo político importante para o Brasil”.
Para o presidente do PCdoB, a expressiva votação de Dilma no Maranhão não é resultado apenas da “dedicação” de Roseana ou Edinho. Ele lembra que desde a primeira eleição majoritária disputada por Flávio, em 2008, estava muito claro como era o relacionamento de Dilma e Flávio. “Ela esteve aqui e ficou impressionada com a postura de Flávio. Naquela época ela já era potencialmente candidata indicada por Lula”.
Naquele ano, Flávio foi o segundo colocado nas eleições perdidas para João Castelo, hoje, seu aliado. Além dos dois, também se candidataram: Cléber Verde (PRB), Clodomir Paz (PDT), Gastão Vieira (PMDB), Paulo Rios (PSol), Pedro Fernandes (PTB), Raimundo Cutrim (atualmente no PCdoB, mas DEM à época), Waldir Maranhão (PP) e Welbson Madeira (PSTU). Segundo muitos, o resultado daquele pleito representava a derrota de Sarney que, supostamente, seria aliado do grupo de Roseana.
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