À medida que as eleições presidenciais e convenções partidárias se aproximam, lideranças e pré-candidatos ao Palácio do Planalto buscam estreitar relações com diferentes partidos políticos em troca de apoio. De acordo com o calendário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as convenções partidárias para definir oficialização das candidaturas devem ser realizadas até o dia 5 de agosto. 
Além de apoio em votações no Congresso Nacional, as alianças buscam aumentar o tempo dos candidatos nas propagandas de rádio e televisão. As ideologias partidárias, muitas vezes, ficam de lado na disputa eleitoral pelo conjunto de interesses envolvidos em eleições presidenciais. 
"A ideologia que prevalece nesse momento é a ideologia do pragmatismo. É quanto você pode contribuir tanto com tempo de TV quanto com militância. Você tem problemas em diversos níveis. O clássico é no nível da representatividade. Você tem pessoas eleitas e quem deu o voto não se vê espelhado na atitude futura dessa pessoa", destaca o professor de Ciências Poíticas, Túlio Marques Júnior. 
Até agora, Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Rabello de Castro (PSC), Vera Lúcia (PSTU) e Guilherme Boulos (PSOL) já confirmaram a candidatura à presidência da República. 
 
Veja abaixo alguns movimentos feitos por
candidatos e pré-candidatos ao Palácio do Planalto 
 
Ciro Gomes 
 
Em 2002, Ciro Gomes, então candidato pelo PPS, tentou chegar à presidência da República pela segunda vez. O pedetista tinha como vice o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, filiado ao PTB na época. Apesar da aliança, recentemente, os dois políticos figuraram posições antagônicas em relação ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, preso na operação Lava Jato. Ciro é crítico de Cunha e, inclusive, já se referiu ao ex-deputado como "marginal". Paulinho da Força, por outro lado, foi um dos que saiu em defesa do parlamentar.
Sem seguir para o segundo turno em 2002, Ciro Gomes foi convidado pelo ex-presidente Lula para assumir o Ministério da Integração Nacional, cargo que ocupou por três anos. Em 2010, no entanto, foi impedido de disputar a Presidência por seu partido, o PSB, que teria cedido a pressões do então presidente Lula para apoiar a candidatura de Dilma.
 
Marina Silva 
 
A pré-candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, tenta pela terceira vez chegar ao Palácio do Planalto. Nas duas tentativas anteriores, Marina parou no primeiro turno. A ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula foi filiada ao PT por quase 30 anos, mas deixou o partido em 2009 e vem adotando posturas opostas às dos petistas. Ela defendeu o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. 
Mas se por um lado Marina foi por quase três décadas da sigla petista, por outro esteve ao lado do PSDB na última corrida presidencial. Em 2014, ao terminar a disputa em terceiro lugar, Marina, então do PSB, declarou apoio a Aécio Neves no segundo turno das eleições.
 
Álvaro Dias 
 
Mesmo tendo passado 20 anos filiado ao PSDB, em duas passagens, o senador Álvaro Dias (Podemos) descartou qualquer possibilidade de aliança com os tucanos. Segundo o pré-candidato, "obter a qualquer preço um generoso tempo de televisão" e "formar estruturas agigantadas" não levarão alguém à presidência. 
Álvaro criticou o apoio do chamado "centrão" a Geraldo Alckmin. O Podemos afirma que vai insistir na candidatura de Dias e, para isso, está em busca do apoio de siglas como PRB, Pros e PEN.
 
Geraldo Alckmin 
 
O pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tentará pela segunda vez chegar ao cargo mais alto do poder executivo brasileiro. Na primeira tentativa, em 2006, foi para o segundo turno com o então presidente Lula. 
Na busca pela presidência, Alckmin foi atrás de alianças para a disputa da segunda etapa das eleições. Um dos apoios encontrados foi com o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, e da então governadora, Rosinha Garotinho, ambos então no MDB. O casal já foi preso e é investigado por corrupção e falsidade na prestação de contas eleitorais. Derrotado por Lula, Alckmin teve menos votos no segundo turno em comparação com o primeiro, cerca de 2,4 milhões.
 
Henrique Meirelles 
 
Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB, iniciou a carreira política em 2002, sendo eleito deputado federal mais votado do estado de Goiás, na época em que era filiado ao PSDB. 
Pouco tempo depois, esteve ao lado do ex-presidente Lula como presidente do Banco Central do Brasil de 2003 a 2010.
 Mais recentemente, Meirelles esteve à frente do Ministério da Fazenda no governo de Michel Temer e foi um dos responsáveis pelas políticas econômicas do governo que contornaram a recessão causada pela crise política de 2015. O emedebista deixou o cargo para se lançar como pré-candidato à presidência.
 
Jair Bolsonaro 
 
O candidato do PSC ao Palácio do Planalto é um dos maiores críticos do ex-presidente Lula. O que pouca gente sabe, no entanto, é que Bolsonaro votou com o PT em temas econômicos durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no período entre 1998-2002 e durante todo o governo Lula (2003-2010), segundo levantamento da Folha de São Paulo. 
Bolsonaro já declarou que votaria em Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2002. O candidato do PSC afirmou que escolheria o petista porque "jamais votaria no candidato Fernando Henrique Cardoso". No primeiro turno daquela eleição, o militar afirmou ter votado no hoje concorrente, Ciro Gomes.
 
Convenções 
 
O PC do B deve escolher se lança ou não Manuela D'Ávilla no dia primeiro de agosto. No dia dois, o MDB deve confirmar o nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como candidato. O PSDB deve escolher Geraldo Alckmin no dia quatro e, no dia cinco, o último para a realização das convenções, o PSB deve escolher em qual rumo caminhará no pleito. (Por Thiago Marcolini - Agência Brasil Mais)