Brasília-DF - O relator da CPI mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse nessa quarta-feira (29) que a convocação do governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, não deve ser entendida como uma derrota para o Partido dos Trabalhadores. Agnelo foi convocado numa votação apertada, com 16 votos a 12, enquanto a convocação de Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás, teve apoio unânime dos integrantes da CPI.
Em entrevista após a reunião da comissão nessa quarta-feira (30), Odair admitiu que há motivos para a convocação de Agnelo, embora o deputado tenha votado contra o requerimento. Ponderou, no entanto, que será uma oportunidade para o governador dar suas explicações sobre as denúncias.
“Nós temos que individualizar as condutas. Não podemos tratar os diferentes de maneira igual. Claro que a vinda do governador Agnelo também contribui com a nossa investigação. O que eu defendi essencialmente é que o tema não fosse decidido agora, a bem da investigação”, afirmou logo após a reunião da CPI.
Para o relator, até o momento, não há indício de envolvimento do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) com o esquema de Carlinhos Cachoeira.
“Há indícios mais contundentes no que diz respeito aos dois governadores [Agnelo e Perillo]. É claro que há nível diferente de envolvimento com a organização criminosa. Quanto ao governador Marconi Perillo, seu envolvimento é mais evidente. Quanto ao governador Agnelo Queiroz, menos evidente. A vinda deles vai ser uma oportunidade para darem as explicações necessárias”, recomendou.

“Questão de tempo”

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), por sua vez, discorda. Para ele, há indícios suficientes para se convocar também Sérgio Cabral, amigo de Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construções. A empreiteira é acusada de repassar recursos a empresas fantasmas ligadas a Cachoeira.
“O fato de existirem repasses da ordem de R$ 240 milhões à empresa Delta pelo governo do Rio de Janeiro em contratos sem licitação me autorizou a votar favoravelmente à imediata convocação do governador do Rio”, afirmou o senador.
Alvaro Dias provocou a base governista: “Seria uma vitória completa se os três governadores fossem convocados. O PT não teve a força para salvar o Agnelo e teve a força para ajudar a salvar o Cabral de vir à CPI, mas o importante é que a comissão avance”, disse.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a convocação de Cabral à CPI será uma questão de tempo. “A convocação foi adiada hoje pela força da maioria. Assim como a maioria se rendeu aos fatos relacionados ao governador Agnelo [Distrito Federal], a maioria também se renderá quanto aos fatos relacionados ao governador Sérgio Cabral”, disse Randolfe. (Agência Senado)