Às 11h50 dessa sexta-feira, 30 de dezembro, a Carta de Renúncia do prefeito eleito e diplomado de Marabá, Sebastião Miranda Neto, foi protocolada na Presidência da Câmara Municipal, tendo como testemunhas o presidente Miguel Gomes Filho, procuradores jurídicos da Câmara e do staff do próprio Tião. Em tom melancólico e de comoção, a carta de cinco parágrafos foi lida pelo advogado Marcone Santos.
Na sala da presidência, o clima de tristeza e comoção estava no semblante das cerca de 20 pessoas presentes. O advogado Marcone Leite, amigo pessoal de Tião e que está cotado para ocupar o cargo de secretário de Saúde, disse que foi com grande tristeza que Miranda renunciou ao cargo que ocuparia a partir do próximo domingo, 1º de janeiro. “Esperamos que as pessoas entendam. É uma questão pessoal e de saúde dele, que está bastante debilitada neste momento”.
Miguel Gomes Filho disse que o momento é delicado para Marabá nesta virada do ano e pediu para que as pessoas não julguem Tião Miranda, que quando atuou como prefeito, desenvolveu um trabalho sério e que orgulhou a muitos marabaenses. “O problema de saúde dele é delicado e precisa de tempo para se recuperar. O trabalho de prefeito, certamente, não ajudaria. Julgá-lo, neste momento, seria leviano”, ressaltou.
Vanda Américo, vereadora de oito mandatos e amiga de Tião Miranda há mais de 20 anos, disse ter ficado triste com a renúncia, assim como todas as pessoas, mas ponderou que ele precisava, sim, evitar a turbulência que seria administrar a Prefeitura de Marabá para cuidar do que lhe é mais sagrado, a saúde. Acometido de AVC, o vereador Beto Miranda, irmão de Tião, disse que vem acompanhando o drama do “mano” há vários meses e reconhece que ele não tem condições emocionais para assumir o cargo de prefeito. “Hoje, eu trocaria o cargo que ocupo de vereador por minha saúde, e acho que foi exatamente isso que o Tião fez agora, antes que seu quadro piore mais ainda”, disse Beto.
Escrita na noite anterior, a carta de renúncia é marcada por substantivos e adjetivos e outros vocábulos que traduzem seu momento de angústia pessoal: “desgastes”, “não temos mais a mesma vitalidade”, “abalo”, “esgotamentos”, “limitações”, “calamitoso”, “exaurimento”.
Assessores de Tião disseram à reportagem do CORREIO logo após a leitura da carta de renúncia que ele participaria da reunião marcada com o vice-prefeito Toni Cunha e os vereadores na tarde dessa sexta-feira, às 16 horas, na Câmara Municipal, para discutir a eleição da Mesa Diretora. “Tião prometeu ao Toni que vai ajudar no que for possível na gestão, só não pode é ficar no cargo de prefeito, porque não tem saúde para isso”, disse Walmor Costa.
Antes da chegada da carta, advogados e procuradores da Câmara discutiam sobre a possibilidade de realização de novas eleições ou não com a renúncia de Miranda. O corpo jurídico da Casa entende que a Câmara deve dar posse a quem comparecer. (Ulisses Pompeu/Correio do Tocantins)
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