Por aclamação, o Diretório Nacional do PMDB decidiu ontem (29) deixar a base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff. A decisão foi anunciada pelo senador Romero Jucá (RR), vice-presidente da legenda, que substituiu o presidente nacional do partido, Michel Temer, vice-presidente da República. O PMDB também decidiu que os ministros do partido deverão deixar os cargos.
A reunião teve a participação de mais de 100 dos 127 integrantes do diretório. A resolução aprovada estabelece a "imediata saída do PMDB do governo, com a entrega dos cargos em todas as esferas do Poder Executivo Federal". Quem contrariar a decisão, ficará sujeito à instauração de processo no conselho de ética do partido.
Embora a decisão seja de abandonar imediatamente os cargos ocupados pelos peemedebistas no governo, a cúpula partidária acenou em avaliar cada caso e até permitir uma saída gradual. "A partir de agora, o PMDB não autoriza ninguém a exercer, em nome do partido, nenhum cargo federal. Se, individualmente, alguém quiser tomar uma posição vai ter que avaliar o tipo de consequência, o tipo de postura para a sociedade", disse Jucá. "Para bom entendedor meia palavra já basta, aqui nós demos hoje uma palavra inteira".
A crise econômica foi apontada como maior justificativa para o afastamento do governo. Apesar de ainda permanecer com a vice-presidência e de comandar até o início da semana sete ministérios, o PMDB culpou o PT pela recessão enfrentada no país. "Estamos indo para o terceiro ano de recessão e os milhões de brasileiros que conquistaram posições sociais estão perdendo essas posições e o governo não apresenta uma alternativa", justificou Franco.
Um dos principais defensores do fim da aliança com o PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), foi um dos primeiros a chegar à reunião, que durou cerca de cinco minutos. Conforme já estava previsto, a ala do partido contrária ao desembarque, incluindo os seis ministros, não compareceu ao evento. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que anteontem se reuniu com Temer para fechar os detalhes do desembarque, também não esteve presente.
DATA LIMITE
Líderes do PMDB consideram o dia 12 de abril como data limite para a entrega dos cargos do partido no governo, inclusive os sete ministérios. "Existe uma discussão sobre dar um prazo, acho até que é uma coisa razoável, ministro não pode sair batendo portas deixando assuntos importantes do ponto de vista do interesse público nacional por resolver", disse o presidente da Fundação Ulisses Guimarães, Moreira Franco.
Mesmo com o rompimento, os líderes do PMDB disseram que o partido não será oposição, mas que vai adotar uma postura de independência. "Nós seremos independentes. O que for de interesse do governo e importante para o Brasil nós iremos votar. Se for algo que nós não concordemos, nós diremos claramente, não teremos mais atrelamento à base do governo", disse o senador Romero Jucá, vice-presidente do PMDB.
REPRESENTATIVIDADE
O PMDB também decidiu que os ministros do partido deverão deixar os cargos. No total, seis ministros da legenda compõem a cúpula do Executivo.
Mas não é só no governo federal que os números peemedebistas são expressivos. Na Câmara, 13,25% dos deputados em exercídio pertencem ao PMDB. Já no Senado, 18 dos 81 senadores são filiados à sigla. Ou seja, dos 594 parlamentares no Congresso Nacional, 86 são peemedebistas, o que equivale a 14,47%.
Nos estados, o PMDB elegeu sete governadores, dentre as 27 unidades da federação - o que equivale a 25,92% -, além de 996 prefeitos e 142 deputados estaduais. (Agência Brasil)
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