“É necessário que os direitos dos cidadãos sejam respeitados e que eles tenham acesso a um transporte digno”, afirmou o vereador propositor do debate, Carlos Hermes
Estudantes lotaram a galeria da Câmara Municipal participando ativamente do debate, com denúncias, questionamentos e cartazes de protesto.

As constantes realizações de audiências públicas solicitadas pela comunidade e realizadas pela Câmara Municipal vêm discutindo vários assuntos de interesse popular. Nessa quinta-feira (9), o tema debatido foi a melhoria na qualidade dos serviços do transporte público, acessibilidade e o passe livre para os estudantes, entre outras questões.

A discussão foi conduzida pelo presidente da Comissão permanente de obras e serviços públicos, vereador Enoc Lima Serafim (PDT). Em pauta, vários assuntos relacionados ao transporte público, como tarifas elevadas, horários não cumpridos, falta de abrigos adequados e situações de desrespeito dos motoristas aos usuários, principalmente idosos e cadeirantes.
Representantes do Ministério Público Estadual, das empresas de ônibus, da Secretaria Municipal de Trânsito, do Movimento pelo Transporte Público, da sociedade civil organizada e de estudantes tiveram a oportunidade de usar a tribuna, explanando suas opiniões.
A audiência, solicitada pelo vereador Carlos Hermes (PCdoB), reforçou a importância de um transporte público de qualidade, que é utilizado pela grande maioria da população como único meio de locomoção. “É necessário que os direitos dos cidadãos sejam respeitados e que eles tenham acesso a um transporte digno. É inaceitável a falta de respeito com estudantes, cadeirantes, idosos, gestantes e com a população em geral”.
Um dos integrantes do Movimento pelo Transporte Público, Evandro Fernandes, que é cadeirante, falou das dificuldades de mobilidade, denunciando a ausência de itens básicos, como o cinto de segurança para prender a cadeira de rodas e os elevadores que não funcionam na maior parte dos veículos, pedindo que as empresas cumpram a lei de acessibilidade.
“É um transporte precário que não atende às nossas necessidades. Nós somos desrespeitados 25 horas por dia. A hora a mais é a soma de todo o desrespeito que a gente tem durante o dia todo quando utiliza esse transporte na cidade”.
A precariedade dos serviços, o desrespeito aos cadeirantes e idosos, ônibus sem a presença do cobrador, motoristas que utilizam o celular ao dirigir foram algumas denúncias feitas durante os pronunciamentos dos participantes, que lotaram a galeria com cartazes de protesto.
Os vereadores Fidélis Uchoa (PRB), Rildo Amaral (SDD), Aurélio Gomes (PT) e Richard Wagner de Mercedes (DEM) parabenizaram os estudantes pela luta em prol dos seus direitos apoiando o debate.
O professor José Geraldo da Costa afirmou ter deixado de andar de ônibus por não aguentar mais passar por constrangimentos, já que os motoristas não param quando ele sinaliza. “As empresas se desculpam, mas existem coisas indesculpáveis”.
Costa leu ainda os princípios básicos dos serviços de transportes públicos que são exigidos por lei, como conforto e segurança, respeito, itinerários integrados e participação das entidades representativas da comunidade e dos usuários no planejamento e na fiscalização do serviço. E finalizou: “Essa discussão não aconteceria se fosse cumprido o que está na lei”.
Ao final da audiência, ficou decidida a criação de uma comissão representativa para fiscalizar, acompanhar e continuar a cobrança das melhorias reivindicadas. (Mari Marconccine / Assessoria)