PF diz que há indícios concretos de prática criminosa pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto

Curitiba (PR) - Cumprindo ordem judicial da 13ª Vara Federal em Curitiba, emitida a pedido da Força Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, a Polícia Federal prendeu, na manhã dessa quarta-feira, 15 de abril, João Vaccari Neto. Além disso, foram executados um mandado de busca e apreensão e um mandado de prisão temporária contra Marice Correa Lima, cunhada de Vaccari, além de um mandado de condução coercitiva contra Giselda Rousei Lima, esposa de Vaccari.

O MPF requereu à Justiça a prisão preventiva de Vaccari em 16 de março deste ano, quando ele foi acusado por ter pedido a Augusto Mendonça o pagamento de propina - R$ 4.260.000,00 - por meio de doações eleitorais ao Partido dos Trabalhadores. No dia 3 de abril, o MPF prestou esclarecimentos complementares solicitados pelo juiz Sérgio Moro e reiterou o pedido de prisão preventiva de Vaccari, requerendo também a prisão temporária e busca e apreensão em relação a Marice, bem como a condução coercitiva de Giselda Rousie Lima.
A prisão preventiva de João Vaccari Neto foi decretada pela necessidade de interromper uma sucessão de crimes, bem como pela gravidade concreta dos delitos, envolvendo milhões de reais, nos quais intensamente participou, além da necessidade de assegurar que não exerça influências políticas que atrapalhem as investigações, diante de seu cargo, que foi mantido mesmo após acusações criminais. A Justiça ressaltou, na decisão, que "a corrupção não tem cores partidárias. Não é monopólio de agremiações políticas ou de governos específicos". Vaccari está sendo preso do mesmo modo como foram e estão presos os demais operadores centrais do esquema criminoso. Já a prisão temporária de Marice Correa de Lima foi decretada a fim de assegurar a colheita de provas.
Provas - Além da acusação já feita contra João Vaccari Neto, das evidências de que cobrou propinas da Camargo Correa (com base no depoimento de Eduardo Leite) e dos depoimentos segundo os quais gerenciava pagamentos de propinas da Petrobras e as transportava em espécie dentro de mochilas (colaboradores Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco), surgiram provas de que pediu o pagamento de propinas, pela empresa Setal, para a Editora Gráfica Atitude (R$ 1.501.600,00), entre as quais foi celebrado um contrato falso de prestação de serviços.
A gráfica pertence ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ao Sindicato dos Empregados de Estabelecimentos Bancários de São Paulo/SP. Essa gráfica foi, segundo julgamento proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral, usada ilegalmente para fazer propaganda eleitoral em favor do Partido dos Trabalhadores. João Vaccari Neto foi, ainda, acusado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por ter sido responsável, entre os anos de 2004 a 2010, quando foi presidente do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários), pelo desvio fraudulento de recursos em detrimento de cooperados e em benefício, inclusive, de partidos políticos.
Marice Correa Lima, cunhada de Vaccari, também é investigada pela prática do crime de lavagem de dinheiro e de corrupção passiva, dado que teria declarado falsamente a origem de valores para a compra de um apartamento, o qual, posteriormente, teria sido vendido em valor 100% maior para a Construtora OAS, empresa que posteriormente vendeu tal bem por valor inferior. Ainda em relação à investigada, há indicativos de que, em dezembro de 2013, teria recebido propina em espécie da Construtora OAS, entregue a mando de Alberto Youssef, bem como teria recebido, em 2010, R$ 500.000,00 a título de propina da empresa Toshiba.
Giselda Rousei Lima, esposa de Vaccari, é investigada pela prática do crime de lavagem de dinheiro. Existem provas de que adquiriu um apartamento em São Paulo, usando valores que teriam sido obtidos de um empréstimo da empresa CRA (Centro de Reprodução das Américas - Comércio de Produtos Agropecuários Ltda.), pertencente a Carlos Alberto Pereira da Costa, indicado como "laranja" do ex-deputado federal José Janene e de Claudio Mente, e posteriormente de Alberto Youssef. Segundo Carlos Costa, o contrato era fictício, tendo sido realizado apenas para formalizar a saída de recursos da empresa CRA. Há, ainda, suspeitas sobre a movimentação financeira de Giselda.