Mendonça Filho: "A presidente abriu mão de comandar um posto estratégico do governo"

A oposição fez críticas severas à decisão da presidente Dilma Rousseff de transferir a articulação política de seu governo ao vice-presidente, Michel Temer. A decisão foi tomada na tarde dessa terça-feira e anunciada aos líderes do governo.

Para o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), a presidente abriu mão de comandar um posto estratégico do governo. "Depois é a oposição que quer que ela saia do governo, ela já saiu do governo", acusou o parlamentar.
O líder da Minoria, deputado Bruno Araújo (PE), afirmou que Temer foi indicado ministro por exclusão, já que os demais candidatos sondados não aceitaram a indicação. "Ela não achou um cidadão brasileiro que topasse ser seu ministro da Secretaria de Relações Institucionais. A secretaria foi extinta por não haver brasileiros que pudessem assumir a complexidade que é assumir a articulação política de Dilma Rousseff", disse.
O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), fez um trocadilho e disse que a indicação de Temer não era "temerária". "Pode ser que a articulação política do Palácio de lá com o Palácio de cá melhore, mas o fundamental é que melhore a relação dos palácios com a praça, e essa merece muito empenho de todos nós", comentou.

Defesa

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), saiu em defesa de Dilma. Para ele, a indicação de Temer teve o aval dos líderes do governo e vem para melhorar a relação com o Congresso. "Ninguém melhor para essa missão do que o ex-presidente desta Casa, que foi parlamentar por 25 anos e pode consolidar a nossa base e qualificar a relação do governo com o Congresso, inclusive dialogando com a oposição responsável", afirmou.
A nomeação também foi defendida pelo líder do PT, deputado Sibá Machado (AC), que elogiou o trabalho do antecessor de Temer, Pepe Vargas. Já a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), avaliou que a indicação de Temer vai melhorar a governabilidade.
Na avaliação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Temer é o "melhor quadro" que o governo tem de articulação política. "Acho que ele já deveria ter sido utilizado há mais tempo. Não necessariamente sendo chefe da articulação, mas ele era muito pouco demandado".
Cunha disse ainda que a nomeação de Temer não vai alterar o ritmo de trabalho da Câmara. "A Casa vai continuar votando o que tem que votar".
Base governista
O deputado Silvio Costa (PSC-PE) disse que a oposição está incomodada com a nomeação de Michel Temer por temer que o vice-presidente seja bem-sucedido. "Estão incomodados porque Michel é tão encantador que muita gente da oposição está se mexendo para ir para lá. Se hoje tinham 280 deputados da base, daqui a uma semana, a base irá para 450", disse.
Silvio Costa foi repreendido pelo presidente da Câmara, que o acusou de falar indevidamente em nome do PMDB. "Você não tem autoridade para falar pelo PMDB ou por Michel Temer", disse o presidente da Câmara.
Costa atribuiu a nomeação de Temer a Cunha e disse que, agora, acabariam os boatos de que Temer tentaria derrubar Dilma.