Por Cândido Madeira (*)

ACERCA DO CONSÓRCIO DE GOVERNADORES DO NORDESTE.

O noticiário dá conta que com o patrocínio do Governador do Maranhão, reunidos em São Luís representantes de administrações estaduais de governos do Nordeste criaram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, cujo objetivo é “firmar parcerias entre as unidades federativas, bem como economizar recursos”.

A Constituição de 1988 concentrou cerca de 50% dos impostos em poder do governo Federal. Dividindo a outra metade entre os Estados e os mais de 5.500 Municípios - cujos governos que são os responsáveis pelos serviços de saúde, educação, segurança e assistência social e infraestrutura urbana ofertados à população do país. A melhoria na oferta de tais serviços passa pela discussão da divisão mais justa desses recursos. A sinalização do Planalto é oportunidade ímpar de se rever essa distorção. Que deve ser aproveitada, em particular, pelos governos dos Estados, por possuírem representantes no Congresso Nacional.

O risco de sempre é o Nordeste estar indo na contra mão, no momento em que o governo federal admite discutir o Pacto Federativo - descentralizando recursos em favor de Estados e Municípios.

O Maranhão, em particular, é prócere em histórico de conchavo com o atraso. Inclusive foi o último “povo” a reconhecer a independência do Brasil (parece até que temos feriado em comemoração dessa bobagem). 

Enquanto o mundo civilizado abandonava de vez as fracassadas ideias comunistas, a elite intelectual maranhense instaura no Estado um museu administrativo com a eleição (e reeleição) de um governo que, de comunista, só tem o “mais do mesmo” dos aumentos de impostos e aparelhamento da máquina estatal - ortodoxia comum a todos governos de esquerda.

Abstraindo opções de oposição ou parelha ao governo Federal, sou dos que consideram que o povo maranhense votou em “comunistas” pela mesmíssima razão que brasileiros elegeram o “direitista” Jair Bolsonaro: como forma de derrotar o grupo Sarney no Estado e petistas na eleição nacional. Quase nada mais que isso.

A auto imagem que a classe política e a elite do Estado fazem de si mesmos e do povo maranhense é refletida como que por um ESPELHO DE BRUXA. Nos negamos a aceitar nossa feiura. Por isso nada fazemos para melhorar essa condição. Então escolhemos espelhos que nos engane, nos conforte, dizendo-nos que na verdade, não há ninguém mais belo do que nós. Enquanto índices oficiais que aferem proficiência em educação, serviços públicos ofertados, qualidade de vida, produtividade e até “industrialidade” nos poem na lanterna da lista de gentílicos do país.

Como servidor público por quase 28 anos (20 dos quais como Auditor do Tribunal de Contas), percorro o Estado acompanhando administrações municipais e órgãos estaduais. Nos últimos 3 anos, aferindo o Índice de Efetividade das Gestões Municipais (IEGM - uma ferramenta de conhecimento das Administrações criada, CLARO, pelo governo de São Paulo). De tal experiência posso lhes afiançar que o COLAPSO do nosso Sistema de Ensino é TAMANHO, que num futuro bem próximo nossos alunos, que estiverem encerrando a formação fundamental e médio, não estarão aptos a dirigir modernos carros, usar eletrodomésticos ou qualquer tipo de máquina num ambiente de trabalho, mesmo que seja implemento agrícola, tradicionalmente de mais fácil manuseio.

Não nos enganemos. A propalada “inclusão digital”, por si só, não vai impedir que nossos jovens venham a se tornar de vez ANALFABETOS FUNCIONAIS. Discursos ideológicos a favor ou contra este ou aquele governo, sentar-se à direita ou à esquerda nos fóruns de discussão e decisões, não nos desviará de tal vaticínio.

(*) Cândido Madeira é Economista com formação em Gestão Pública, Auditor do TCE-MA e palestrante