Brasília-DF - Uma das netas do arquiteto Oscar Niemeyer, Ana Lúcia Niemeyer, disse ontem (6) que o legado do avô, que morreu  aos 104 anos, vai além das obras arquitetônicas e inclui as ideias que ele defendeu durante a vida.
“As ideias que ele tentou passar, o humanismo, a justiça social, acho isso tão importante quanto a obra arquitetônica dele”, disse, durante o velório do avô no Palácio do Planalto. Niemeyer foi velado no Salão Nobre.
A cerimônia de despedida do arquiteto começou por volta das 16h, com a chegada do corpo ao palácio, onde foi recebido pela presidenta Dilma Rousseff. Após a passagem de autoridades, o velório foi aberto ao público, que aguardava em uma longa fila na Praça dos Três Poderes para passar pelo caixão.
Também neto de Niemeyer, o administrador Carlos Oscar Niemeyer Magalhães, lembrou que os ideais do avô ficarão como exemplo. “Ele tinha uma preocupação enorme com os menos favorecidos, que dizia sempre para a gente que a palavra mais bonita é a solidariedade, que a vida é um segundo, então a gente tem que viver bem e rápido, com a família e com os amigos. Acho que esse é o grande exemplo que ele deixa para nós netos, bisnetos”.
Apesar de não vir a Brasília há cerca de dez anos, Niemeyer se preocupava com o crescimento da capital que ajudou a planejar, segundo os netos. “Ele tinha uma grande preocupação, porque Brasília cresceu mais do que era previsto, com os diversos problemas que as cidades grandes têm”, disse o neto.
“Com o crescimento, surgiram problemas de infraestrutura que não competiam a ele resolver, mas ele ainda se preocupava muito”, acrescentou Ana Lúcia. A neta disse que a família está muito emocionada com as homenagens ao avô recebidas até agora. “O que mais emocionou foi a recepção no aeroporto. Ele saindo do avião, enrolado na bandeira nacional, a salva de tiros, foi muito emocionante”, disse.
O grande número de pessoas que espera na fila para participar do velório também surpreendeu aos parentes do arquiteto. “Você vê de crianças a pessoas mais idosas dando adeus, batendo palmas, isso emociona muito”, disse o neto. Cerca de 2 mil pessoas já haviam passado pelo velório, e até às 20h, a previsão era que é o número chegasse a 5 mil, segundo a Polícia Militar.
Oscar Niemeyer morreu na noite de anteontem (5), no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde estava internado desde o dia 2 de novembro, vítima de complicações renais e desidratação. Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto, que estava na unidade intermediária do hospital, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos. Niemeyer morreu às 21h55. Ele completaria 105 anos no próximo dia 15. (Agência Brasil)