Sob a liderança de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT; de Manoel Dias, secretário-geral e presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, e do ex-ministro e governador Ciro Gomes, pré-candidato do partido à presidência da República em 2018 – a direção nacional do PDT se reuniu anteontem em Brasília com os dirigentes da legenda procedentes de todos os estados brasileiros para fazer um balanço das perspectivas para as eleições municipais deste ano, discutir formação política e maneiras de modernizar a gestão partidária.

O encontro foi preparatório para a reunião do Diretório Nacional do PDT que se realizou ontem (22/1)  para referendar a decisão da Executiva Nacional  e dos parlamentares do partido que, em dezembro passado, fecharam questão contra o processo de  impeachment da a presidente Dilma Rousseff aberto pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que,  para ter valor legal, precisa ser referendada pelo Diretório Nacional.
“Nosso lado é o da Legalidade, Eduardo Cunha não tem moral para pedir a cassação de ninguém, a não ser a sua própria”, afirmou ontem Carlos Lupi, na abertura da reunião, realizada na sede nacional do partido.  
Segundo Lupi, anteontem na sua fala, o momento é de enfrentamento  e o PDT precisa mostrar claramente aos brasileiros de que lado está, qual é a sua opção.
“Passou a fase de partido condescendente, preocupado em sobreviver à perda de Brizola, obrigado a ceder para ter musculatura e caminhar. A sociedade exige opções e quem quiser ir para a direita, que vá. Doa a quem doer, a nossa opção será sempre pela História, pelo nosso projeto de Nação porque o Brasil precisa de nós”, acrescentou Lupi.
Logo após, falaram o presidente do PDT do Ceará, ministro André Figueiredo, das Comunicações, que fez um balanço das atividades do partido no estado e as perspectivas para as eleições municipais deste ano. Também falou o líder do partido no Senado, senador Acir Gurgacz, que relatou aos presentes detalhes de seu relatório que fez sobre o Orçamento, contestando inclusive decisão do TCU contrária à presidente Dilma.
Em seguida, convocado por Lupi, falou o ex-presidente do PDT de Alagoas,  Corinto Campelo, sobre software de gestão partidária que desenvolveu, e cederá à direção do partido, que permitirá ao PDT modernizar a forma de se comunicar com os seus mais de 1, 1 milhão de filiados. Depois falaram, um a um, os dirigentes estaduais do PDT sobre as perspectivas do partido para as eleições municipais deste ano.
Manoel Dias tocou a maior parte da fase final da reunião quando Lupi e Ciro saíram para dar uma coletiva, para depois voltarem ao plenário da reunião e acompanharem ela, até o final. Esta fase tocada por Manoel foi totalmente dedicada à preparação de quadros.
Os dirigentes estaduais, coordenados por Manoel Dias, ouviram e tiveram a oportunidade de discutir os planos da Fundação Brizola – Pasqualini para 2016, além de tomarem conhecimento de detalhes da nova página da Fundação na internet – prestes a entrar no ar.
Também foi apresentado o projeto de transformar a trilogia  “A Era Vargas”, do jornalista e escritor José Augusto Ribeiro, em dois documentários:  um de 20 minutos voltado exclusivamente  para a formação política – e outro, mais extenso e detalhado, em  três episódios de cerca de 50 minutos, para  mostrar Getúlio  Vargas corpo inteiro e todas as suas realizações  nos quase 20 anos que dirigiu os destinos do Brasil -  ambos documentários dirigidos pelo  jornalista Beto Almeida, de Brasília.
Coletiva
Na entrevista à imprensa,  além de explicarem os objetivos dos dois dias de reuniões do PDT, Lupi e Ciro reiteraram o posicionamento do partido contra o impeachment de  Dilma e pelo afastamento de Eduardo Cunha  da Presidência da Câmara.  Sobre as eleições municipais, Lupi disse que o PDT tem por meta eleger  10% dos prefeitos do país  em 2016.
Atualmente, explicou, o  PDT é o partido que detém o maior número de prefeituras de capitais brasileiras, cinco no total, e pretende disputar este ano em pelo menos 10 capitais. 
Um jornalista perguntou a Ciro o que ele achava da reaproximação de Dilma ao seu vice, Michel Temer:  “Só quem for idiota acredita nisso”, devolveu Ciro ao jornalista, ressalvando que compreende a atitude da presidente de tentar se reaproximar de Temer por que “a política vive desses bailados”. 
Ciro fez questão de destacar:  
“O importante é não acreditar, porque Michel Temer  está no golpe e é o capitão dele”.
Lupi, por sua vez,  reiterou que  “as andanças com Ciro pelo PDT do país tem o objetivo de preparar o PDT para a candidatura dele, na eleição presidencial de  2018 – fato que não impede que se apresentem outros candidatos dentro do partido”.
Questionado sobre a aproximação de petistas ao PDT por conta de Ciro, frisou que parte do PT vê o nome de Ciro com simpatia “e não são poucos”, frisou.
Ciro Gomes criticou mais uma vez a atuação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Só faltava o Eduardo Cunha ser protagonista de um impeachment. [...] O moralismo está posto a serviço da imoralidade”, disse.
Lupi destacou ainda que o PDT terá candidato próprio a presidente “qualquer que seja”  o cenário das eleições de 2018.
“Se o (ex-presidente) Lula for candidato a presidente, o PDT terá candidato. Se o PT apresentar o Pedro, o Joaquim o Miguel, o PDT terá candidato a presidente”, disse.  
Sobre a participação do partido no governo Dilma, argumentou que o PDT faz parte de um governo plural “e ter candidatura própria é nosso direito. Aliás, o Lula falou isso para mim: é um direito legítimo do PDT. Ninguém é criança para ficar enganando ninguém”, disse.
Lupi disse ainda ser favorável à recriação da CPMF e, sobre o aumento da idade mínima para aposentadoria,  disse que, antes,  é preciso discutir o déficit da Previdência retirando  dela os gastos com os  benefícios pagos aos 10 milhões de trabalhadores rurais.
“Sou totalmente favorável a aposentadoria dos trabalhadores rurais, mas contra que o dinheiro saia da conta da Previdência porque eles não contribuem”’.
Lupi reiterou que o PDT jamais votará contra o que considera direitos dos trabalhadores, mesmo sendo da base do governo.