Deputado Izalci rechaça afirmação de Fernando Bezerra

Brasília-DF - Apesar de um atraso de quatro anos e de ter seu orçamento quase dobrado, a transposição do rio São Francisco vai muito bem na avaliação do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Nessa quarta-feira (26), o deputado Izalci (DF) rechaçou a afirmação do auxiliar de Dilma de que, em relação ao projeto original, a obra “só perde para os chineses”. Bezerra compara o ritmo do empreendimento que se arrasta no Nordeste brasileiro ao de outros realizados ainda na primeira metade do século passado, o que para o tucano não passa de falácia e de uma jogada de marketing.
A transposição do São Francisco começou a ser projetada no início da década passada, e de acordo com as projeções do governo será entregue até 2015. O ex-presidente Lula havia prometido que as águas do Velho Chico chegariam às casas dos sertanejos em 2000. Segundo Bezerra, apenas na China um projeto semelhante teria durado menos tempo para ser concluído, a transposição do Wanjiazhai, executada entre 2001 a 2011. Só que as outras comparações feitas pelo ministro são no mínimo absurdas, como avaliou Izalci. Trata-se de projetos que chegaram a durar até 40 anos, como a transposição do Tejo-Segura, na Espanha. Mas essa obra teve início em 1933, ou seja, há quase um século, quando os recursos e tecnologias disponíveis eram bem diferentes do mundo contemporâneo.
“É o governo do marketing. Na prática, hoje com os recursos e tecnologia existentes já era para estar tudo pronto. O que falta realmente é vontade e dedicação”, criticou o deputado.
Além do atraso na entrega e do cenário de abandono em diversos trechos da transposição, o custo do empreendimento, que inicialmente seria de R$ 4,8 bilhões, saltou para R$ 8,2 bilhões – o mais caro do Programa de Aceleração do Crescimento. Nesta semana, Bezerra deve lançar mais três editais de licitação de obras do projeto. A intenção é “agilizar” a execução, mas os custos devem aumentar novamente. Nas projeções otimistas do Planalto, esse aumento não passará de R$ 250 milhões.
Para Izalci, o governo é incompetente para tocar as obras. “Isso é notório, pois as reportagens mostram que muitas áreas precisam ser refeitas. Além disso, há muita coisa que nem foi saiu do papel, sendo que o orçamento inicial praticamente dobrou e ainda estão longe de concluir a obra”, avaliou.
Nos editais que serão lançados pelo governo será usado o regime diferenciado de contratações públicas (RDC), uma alternativa mais flexível do que a tradicional Lei de Licitações. Algo que, para Izalci, se caracteriza como “oportunismo”. “São artifícios feitos para tentar agilizar, mas que não resolvem. Depois da aprovação dessa lei eu não vi nada que realmente fosse concluído”, alertou.
No dia 23 de março uma comitiva de deputados da oposição esteve num trecho da transposição do rio São Francisco no Ceará. O cenário verificado era desastroso: erosões, mato e paredes com rachaduras tomavam conta da obra, que é a mais cara do PAC. O mesmo ministro que agora dá declarações exageradamente otimistas foi ao Congresso logo depois para explicar a situação a pedido do PSDB. No entanto, pouca coisa mudou ao longo do ano.