Ministros Celso Amorim e José Eduardo Cardozo dão detalhes sobre o esquema de segurança durante a Copa

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, garantiu ontem (23) que, caso os agentes da Polícia Federal decidam entrar em greve durante a Copa do Mundo, o governo tem como suprir a ausência deles. Em entrevista para a imprensa estrangeira, na qual os jornalistas brasileiros não puderam fazer perguntas, Cardozo e o ministro da Defesa, Celso Amorim, detalharam como vai será a integração das forças de segurança pública durante a Copa.
O ministro da Justiça disse acreditar que não haverá greve, que, segundo ele, é ilegal. “Acho muito difícil qualquer possibilidade de greve. Acho, inclusive, que haverá um entendimento entre o governo federal e o sindicato que cuida dos agentes. Mesmo que o entendimento não seja feito, há decisões claríssimas no STF dizendo que a greve é ilegal. Além disso, sei que os agentes da PF têm forte comprometimento com nosso país. Porém, em quaisquer situações que possam ocorrer, temos sempre planos alternativos. Se houver uma greve em algum segmento policial, nós temos totais condições de termos alternativas de resposta para não termos problemas”
Ao todo, 100 mil profissionais de segurança pública deverão atuar no Brasil durante a Copa, considerando policiais civis, militares e federais, bombeiros e outros. Além deles, 57 mil militares trabalharão não só na defesa nacional e das delegações, mas em cooperação com as forças de segurança pública. Segundo Cardozo, serão formados 12 centros de controle integrado das polícias, um em cada cidade-sede. Os centros terão equipamentos de última geração, que incluem desde máquinas para retirada de pessoas presas em ferragens até instrumentos para desmonte de bombas.
Os agentes de segurança obedecerão à hierarquia local, ou seja, estarão subordinados aos governos locais. No entanto, eles obedecerão a diretrizes nacionais aprovadas por um conselho formado pelo ministro-chefe da Casa Civil, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e o secretário-geral de Justiça. “Assim temos um conselho para as grandes decisões que eventualmente tenham que ser tomadas”, explicou o ministro.
O Ministério da Defesa organizou sua atuação priorizando a integração com as demais forças de segurança e o atendimento localizado nas cidades-sede. Segundo o ministro Celso Amorim, serão 12 comandos de área sob controle de oficiais-generais. Além deles, quatro centros de controle especializado serão formados para cuidar do controle aeroespacial, da segurança cibernética, fiscalização de explosivos e prevenção ao terrorismo. Neste último caso, o militares foram treinados em defesa química, biológica, radiológica e nuclear.
“Os homens foram treinados para atuar no ambiente específico da Copa. No momento, eles fazem os últimos exercícios específicos. Nossos comandos de área estão perfeitamente ativos e atuando com as forças de segurança pública. Elas usarão prioritariamente armamento não letal. Essa é a orientação geral”, explicou o ministro.
Os dois ministros negaram a possibilidade de protestos violentos afetarem a programação dos jogos ou a segurança das pessoas. O ministro da Justiça disse que a experiência com a Copa das Confederações foi útil para a preparação para a Copa do Mundo, e que a “sensação” é de que as manifestações este ano terão uma “dimensão menor” do que as de junho do ano passado.
“Nós vivenciamos as manifestações da Copas das Confederações e, embora em algumas cidades elas tenham chegado a 300 mil pessoas, nenhum jogo atrasou ou foi cancelado. Elas não afetaram nosso roteiro de previsões daquele período. Agora nós sabemos da possibilidade de manifestações e, embora acreditemos que elas não terão a mesma envergadura, nós estamos muito mais preparados para garantir o direito democrático de as pessoas se manifestarem, mas também para garantir que as previsões do evento não sejam afetadas. (Agência Brasil)