Nessa quinta (20) e sexta-feira (21), no Grand São Luís Hotel, o Maranhão sedia o 3º Fórum dos Secretários de Estado Responsáveis pelas Políticas de Apoio à Agricultura Familiar do Nordeste. O primeiro dia de reunião contou com a presença do governador do Estado, Flávio Dino, na discussão sobre propostas de assistência técnica rural para a região, principal pauta do evento.
O governador Flávio Dino ressaltou a importância da reunião como um momento de tomada efetiva de ações no país. “Durante décadas focamos no aumento do consumo de massa, mas, hoje, temos um olhar sobre a produção, produtividade e competitividade. Hoje, no Brasil, podemos ficar pessimistas, presos às agências de classificação de risco com seus critérios incompreensíveis, ou podemos fazer o que estamos fazendo aqui hoje: tratar do desenvolvimento da produção”, disse o governador.
Falando sobre as ações para estimular a cadeia produtiva de alimentos no Maranhão, Flávio Dino destacou o trabalho da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar – SAF, que além de organizar o encontro de secretários, prepara a primeira Feira da Agricultura Familiar e Agrotecnologia (Agritec), que tem a meta de promover conhecimentos aos agricultores.
“Apoiamos toda a cadeia de produção, desde a distribuição da semente até a assistência técnica. Temos 90 novos técnicos para essa função no âmbito do programa ‘Mais IDH’. Em uma semana vamos começar a feira da agricultura familiar. Nesse segundo semestre serão quatro feiras, a primeira delas na cidade de São Bento. São feiras de tecnologia e comercialização. Queremos que a agricultura familiar ganhe uma dimensão econômica mais expressiva, não seja apenas de subsistência, mas uma atividade capaz de gerar excedentes comercializáveis, a fim de dinamizar a economia maranhense e elevar a qualidade de vida da população”, disse Flávio Dino.
O Fórum conta com a presença dos secretários, representantes e comitivas das secretarias de agricultura familiar dos estados do Nordeste e de Minas Gerais; da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA; Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – ANATER; Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA; Associação Brasileira das Entidades Estaduais – ASBRAER, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Projeto Semear.
O secretário de Agricultura Familiar do Maranhão, Adelmo Soares, que em 2015 coordena as atividades desenvolvidas nas reuniões, abriu o painel da manhã, que teve como tema “Uma proposta de ATER para o Nordeste”, destacando a importância dos parceiros presentes no evento. “Vivemos um momento histórico em nosso estado. Durante décadas houve o absoluto esquecimento das políticas públicas voltadas à Agricultura Familiar. O Maranhão é um estado potencialmente rico, com terras, com água e com um povo trabalhador e ordeiro, que sonha em desenvolver esse estado, um estado que tem 90% de sua população vivendo em zona rural. Somos um estado que valoriza parceiros como a Embrapa, o FIDA, como o MDA, com a ATER, a ANATER, enfim, todos presentes aqui”.
Adelmo Soares também pontuou o nascimento da SAF e sua missão. “Buscamos levar nosso agricultor ao desenvolvimento, prova disso é nossa Secretaria, recém-criada, e que nasceu da reivindicação dos movimentos sociais, como o MST”, completou o secretário.
Apresentações - O diretor técnico do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER, Walmir Guimarães, mostrou dados do fortalecimento da agricultura familiar e promoção do desenvolvimento rural. “Temos um trabalho de longo prazo, não podemos pensar em transformações apenas de imediato. Hoje temos oportunidade de sentar o pilar da superação da pobreza rural. O Nordeste possui um desafio em três frentes: econômica, com criação de postos de trabalho e distribuição de renda; ambiental, na convivência com o semiárido; e social, na superação da pobreza rural”.
O diretor-executivo de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, Waldyr Stumpf Junior, falou sobre o compromisso da instituição em convergir o ensino, pesquisa e extensão rural. “A pesquisa tem de estar a serviço do desenvolvimento, e não fechada. Precisamos olhar para as famílias e incluí-las”, disse Waldir.
Para o presidente da Anater, Paulo Guilherme Cabral, que participa do Fórum pela primeira vez, o NE está no caminho certo. “Vemos que nos últimos 10 anos houve um avanço no volume de crédito concedido e outros instrumentos de políticas públicas que foram criados como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escola) e a própria assistência técnica de extensão rural. Estamos em uma perspectiva de avanço, crescimento e reconhecimento da agricultura familiar, inclusive pelo desejo crescente da população por um alimento mais saudável e produção sustentável”, disse.
Enquanto coordenador do primeiro Fórum, realizado em Fortaleza em 2013, o secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Dedé Teixeira, pontuou a necessidade da articulação entre as secretarias. “Já fizemos duas reuniões, a primeira no Ceará, e, a segunda, em João Pessoa. Aqui em São Luís temos o compromisso de apontar setorialmente os desafios, focando na erradicação da pobreza rural e incentivo à produção familiar, que é de extrema importância para o desenvolvimento não só do Nordeste, mas de todo o Brasil”. A programação do III Fórum prossegue nesta sexta-feira (21), encerrando à tarde com a reunião preparatória do novo marco estratégico do FIDA no Brasil.
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