O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a sociedade brasileira não aceita ataques às instituições e que esses ataques precisam ser repelidos. Para ele, a maioria da sociedade quer instituições democráticas fortes. Maia participou de uma live da Revista IstoÉ nesta sexta-feira (29).
Ele voltou a defender o respeito às instituições e às decisões do Poder Judiciário e afirmou que frases mal colocadas prejudicam ainda mais o diálogo entre os Poderes. Nesta semana, aliados do presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvo de investigação no inquérito que apura a disseminação de notícias falsas (fake news). A operação da Polícia Federal foi criticada por Bolsonaro, que chegou a dizer que “ordens absurdas não se cumprem” (a Polícia Federal estava cumprindo ordem do Judiciário).
Maia destacou que a comissão parlamentar mista de inquérito que investiga a produção de fake news por meio das redes sociais vai continuar funcionando e defendeu a continuidade do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal.
“Precisamos responsabilizar aqueles que se utilizam de fake news e as plataformas para divulgação do ódio, contestando as instituições e desqualificando a imagem das pessoas. Vai ter que ter uma solução”, protestou Maia.
“Precisamos acabar com a disseminação de narrativas falsas que contaminam a consciência e as decisões das pessoas em todo o processo democrático”, defendeu.
Cloroquina - Maia defendeu a união de esforços, apesar das divergências entre os Poderes e os entes federados, no combate à pandemia, mas destacou que é preocupante o presidente da República indicar remédio para as pessoas se tratarem da doença. Por orientação de Bolsonaro, o Ministério da Saúde alterou o protocolo do uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19, a despeito da decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) de interromper testes com a medicação, visto que não há comprovação científica de eficácia no seu uso contra o coronavírus.
“O que me preocupa é indicar remédio, quem tem de indicar são os médicos. Nós, políticos temos que garantir as condições para os médicos trabalharem. Claro que frases como “é só uma gripezinha”, ou “e daí?” são infelizes, mas quando se estimula um medicamento sem prescrição, ele [Bolsonaro] comete o maior dos erros”, afirmou Rodrigo Maia.
Impeachment - Maia reafirmou que não é o momento de discutir o impeachment de Bolsonaro, já que a prioridade é aprovar projetos para combater a pandemia e promover a recuperação da economia do País. Segundo ele, “no momento adequado”, vai julgar se há ou não crime de responsabilidade por parte do presidente da República.
“Desqualificado” - Rodrigo Maia afirmou que a Câmara deve ouvir o ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre as críticas que ele fez ao STF na polêmica reunião ministerial de 22 de abril, divulgada por ordem judicial. Para Maia, Weintraub é um “desqualificado”.
“É um drama para o Brasil, com todas as dificuldades, ainda tem um ministro da Educação desqualificado como esse. Lamentável que um ministro tenha um palavreado assim, que desrespeita a democracia”, criticou Maia.
Reformas
Maia voltou a defender as reformas administrativa e tributária para ajudar o Brasil a sair da crise. Em relação à reforma administrativa, disse que aguarda o envio de proposta do Executivo. Já a tributária, informou que os debates devem voltar nas próxima semanas. (Luiz Gustavo Xavier -Agência Câmara
Comentários