Para Maia, as críticas à China por autoridades do governo não têm fundamento - Cleia Viana/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que será necessário repensar o papel do Estado na retomada do crescimento econômico, após o período crítico do enfrentamento da crise do coronavírus. Na avaliação de Maia, após essa primeira onda de aumento de gastos e de endividamento público, talvez seja necessário garantir financiamento ao setor privado para retomar os investimentos no País.

Segundo ele, como o aumento do gasto público está atrelado a uma despesa extraordinária, e não permanente, os investidores vão olhar a economia brasileira com mais tranquilidade. Maia participou de videoconferência sobre “Orçamento e saúde fiscal a longo prazo”, organizada pelo CEO Necton e André Perfeito nesta terça-feira (07).
“O governo vai ter que montar uma equação para que, ainda dentro da crise, numa segunda onda, olhe como se retoma o investimento no Brasil, principalmente, na área de infraestrutura. O Senado votando a proposta do saneamento, será preciso pensar como vai investir no setor. Talvez o governo tenha que garantir condições para que os investimentos no saneamento sejam iniciados de forma mais rápida, por exemplo”, disse o presidente.
Reformas - Rodrigo Maia voltou defender a importância das reformas econômicas para reorganização do gasto público e da melhoria do ambiente de negócios no País. Ele cobrou novamente que o governo encaminhe a reforma administrativa e afirmou que a reforma tributária é decisiva para o País.
“Temos que melhorar a eficiência do serviço público, do gasto público e a decisão de aplicação de recursos no setor privado, mas a reforma tributária é fundamental para a melhoria no ambiente de negócios no País. Temos que continuar com a mesma agenda”, defendeu.
Ele ponderou que, embora diversas propostas de aumento de tributação de grandes empresas estejam sendo discutidas, qualquer interferência neste momento no setor privado pode gerar mais conflito e prejudicar ainda mais a economia do País.
“Essas ideias sempre aparecem, são legítimas, mas nossa tarefa é organizar a pauta e neste momento temos que dar tranquilidade para todos”, afirmou Rodrigo Maia.
Relação com China - Para Maia, a crítica de alguns ministros e de pessoas próximas ao presidente da República, Jair Bolsonaro, à China atrapalha as relações comerciais com o País não só a curto prazo, mas a médio e longo prazos. Segundo ele, a China é um ator econômico importante e não pode ser desqualificado. Maia disse que, talvez, a China pudesse estar ajudando muito mais se não fosse essa crise nas relações diplomáticas com o Brasil. Ele lembrou da compra de respiradores pelo governo da Bahia, que foi cancelada por empresa chinesa.
“No final, os EUA estão recebendo os produtos e agora está vendendo soja pra China, e nós estamos numa situação de muita fragilidade”, disse.
“Fico pensando o que faz um ministro usar a turma da Mônica tentar desqualificar a China. O que ele ganha com isso? É uma besteira, um erro, esse vírus poderia ter começado em qualquer lugar do mundo”, criticou Maia, sem citar diretamente o ministro da Educação, Abraham Weitraub, que ironizou o país asiático em sua rede social. (Luiz Gustavo Xavier – Agência Câmara)