Lucena Filho, Agostinho Noleto e João Marcelo na primeira visita ao velho prédio...
... que mais tarde foi abraçado simbolicamente por manifestantes

O sonho de intelectuais e artistas ligados ao Movimento Cultural de Imperatriz - MCI, de transformar o antigo prédio da Caema num grande Centro Cultural está prestes a ser concretizado. Isso porque o prefeito Sebastião Madeira, em audiência, solicitou ao governador Flávio Dino e à secretária de Estado de Cultura, Ester Marques, a revitalização do prédio com seus respectivos setores artísticos.

Este movimento teve início quando o promotor da Vara da Infância e Juventude, João Marcelo Trovão, tomou conhecimento que o prédio de propriedade da Caema estava desativado há cerca de 20 anos. Soube também que o mesmo estava servindo como "boca de fumo", local de venda de drogas e ainda de encontros amorosos entre traficantes, marginais, num verdadeiro antro de prostituição.
O promotor convidou o presidente da Fundação Cultural de Imperatriz - FCI, Lucena Filho, e os acadêmicos Agostinho Noleto e Domingos Cezar, os quais visitaram o prédio pela primeira vez, numa tarde, acompanhados por uma escolta da Polícia Militar. Os primeiros militantes do movimento descobriram que o prédio era ideal para a implantação de um centro de cultura.
Nesse Centro Cultural, deseja-se salas de cinema, teatro, oficinas de artes visuais, plástica, música, biblioteca, dando a oportunidade dos jovens, principalmente dos bairros da Caema, Beira Rio e Leandra, desenvolverem suas aptidões artísticas. O projeto visa, principalmente, oportunizar os jovens desses bairros a se afastarem do caminho das drogas e da prostituição.
A partir de então, o Movimento Cultural de Imperatriz ganhou o reforço de artistas, como Zeca Tocantins e Neném Bragança; de intelectuais como a presidente da Academia Imperatrizense de Letras - AIL, Edna Ventura, e do juiz da Vara da Infância e Juventude, Delvan Tavares. A Fundação Cultural colocou à disposição toda sua estrutura no sentido de apoiar o movimento.
Desta forma, o jornalista Antonio Fabrício Barbosa, da FCI e UFMA, produziu o filme "SOS Bairro da Caema", com a participação de autoridades e moradores do bairro. O filme foi exibido, inicialmente, no Teatro Ferreira Gullar e no bairro da Caema na presença de centenas de moradores e do prefeito Sebastião Madeira, que desde então encampou essa luta. O filme voltou a ser exibido no Laborate, em São Luís.
Enquanto isso, um grupo de artistas comandado pelo cantor/compositor Zeca Tocantins fez uma passeata pelo calçadão com cartazes e faixas pedindo apoio da população e seguindo para o bairro, onde todos abraçaram simbolicamente o velho prédio. Na ocasião, os artistas receberam o apoio dos moradores que desde o primeiro momento já eram simpáticos à manifestação.
Em seguida, os cantores Zeca Tocantins, Neném Bragança e Chico Brawn seguiram para São Luís. Na oportunidade, no espaço cultural do Laborarte, realizaram um grande show, desta feita contando com a participação de cantores da terra, como os irmãos Luís Carlos Dias e Chiquinho França. Os manifestantes receberam apoio da classe artística de São Luís.
O movimento continuou firme e entregou o pedido oficialmente à então governadora Roseana Sarney, por intermédio do secretário Luís Fernando Silva, bem como ao então secretário de Estado de Cultura, Luís Bulcão. Não obstante a reivindicação dos artistas de Imperatriz, nenhuma resposta foi dada, oficialmente, pela equipe da ex-governadora.
Na última sexta-feira, entretanto, o prefeito Sebastião Madeira, na companhia do presidente da Fundação Cultural de Imperatriz, Lucena Filho, esteve em audiência com a secretária de Estado de Cultura, Ester Marques, e com o próprio governador Flávio Dino, os quais prometeram a começar os trâmites legais para construção do Centro Cultura, bem como da urbanização do bairro da Caema. (Domingos Cezar/ASCOM)