Brasília - O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), disse ontem (20) que a presidenta Dilma Roussef foi “corretíssima” ao afastar do Ministério dos Transportes, a cota do partido, as pessoas que supostamente estejam envolvidas em casos de corrupção. Para ele, a conduta adotada no episódio do Ministério dos Transportes deve valer para todos os partidos aliados. “A balança tem que ser uma só”, disse.
“Exigimos o rigor [nas investigações], nunca blindamos ninguém”, destacou ao acrescentar que nem todos afastados pertencem ao PR.
O parlamentar ressaltou que, se o governo federal não mudar a forma de tratar a base, haverá problemas na condução dos trabalhos legislativos no segundo semestre. Segundo ele, o Executivo age com morosidade na liberação de emendas parlamentares, inclusive dos chamados “restos a pagar”, ainda dos orçamentos da União de 2008 e 2009.
“Na última hora a presidenta cede [ao pagamento das emendas] e os parlamentares ficam com fama de chantagistas. Não cabe ao Palácio do Planalto deixar transparecer a imagem de que somos chantagistas. A liberação das emendas é o cumprimento da lei orçamentária”, afirmou Portela.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PDT-BA), concorda com a análise do parlamentar do PR. Segundo ele, a presidenta Dilma e os ministros isolaram os deputados de sua base no primeiro semestre. “Há uma queixa generalizada por causa do isolamento imposto por alguns ministros”. O pedetista acrescentou que “o tratamento [dispensado pelo governo] tem que ser recíproco”, uma vez que os aliados votaram matérias fundamentais para o Executivo, de acordo com as orientações recebidas.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) disse que “desde que não sejam cometidas injustiças”, não haverá qualquer problema na base no retorno do recesso parlamentar. Quanto à liberação das emendas parlamentares, ele destacou que boa parte dos restos a pagar dos orçamentos da União de 2008 e 2009 já foram liberados, e outras emendas deverão ser pagas no decorrer de 2011.
Perguntado se o temperamento da presidenta e a forma como ela atuou nas demissões no Ministério dos Transportes, contribuiria para um isolamento em relação à base, o líder do governo no Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), disse que “não vê nada disso”. Ele acrescentou que “respeita quem pensa assim”, mas não pode partir do princípio que o Congresso está distante da presidenta. “Isso não ajuda o Brasil”. (Agência Brasil)