Velório recebeu visitas de amigos, pessoas atendidas pelo projeto e autoridades

Hemerson Pinto

Com a saúde debilitada e aos 83 anos de idade, ela ainda buscou forças para ficar o máximo possível perto da entidade que criou há mais de 35 anos. Apenas no último mês de vida dona Juracy se afastou, ou o quadro clínico obrigou a afastar-se das atividades junto à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, APAE.
Juracy Eloi de Sousa Nascimento começou a batalha pela inclusão de crianças excepcionais ainda dentro de casa com o nascimento de um dos filhos, que necessitava de atenção e cuidados especiais. Junto a outras mães que também buscavam espaços para filhos excepcionais na sociedade, ela fundou a APAE.
No início tudo era ainda mais difícil. A entidade recebia mais crianças a cada dia e o projeto precisava de mais apoio. Durante anos funcionou em casas alugadas, emprestadas, doadas, até a oportunidade da conquista da sede própria, na Vila Lobão.
Foi exatamente na sede da entidade que já atendeu, segundo a família de dona Juracy, mais de cinco mil excepcionais, que aconteceu o velório na última terça-feira. A presença de mães, pais e dos atendidos pelo projeto movimentou o dia triste da APAE, pessoas que ficaram órfãs de uma dedicação marcada pelo carinho e entrega a uma causa social.
No rosto de todos o semblante de tristeza e preocupação era completado por lágrimas. Juracy deixou a APAE com estrutura que hoje atende cerca de 200 excepcionais por dia oferecendo educação, saúde, cultura, esporte e outros acompanhamentos que ajudam centenas de famílias. O sepultamento aconteceu no final da tarde de ontem, no cemitério Jardim das Rosas, bairro Vilinha.