Juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da Seção Judiciária Federal do Distrito Federal, em entrevista à imprensa, na tarde de ontem (17), negou que convicções políticas pessoais ou manifestações populares influenciaram na decisão pela suspensão em caráter temporário da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de novo ministro-chefe da Casa Civil. Ele diz que acolheu a ação por haver evidências de intervenção do Executivo no Poder Judiciário.
“Houve [na ação] a demonstração de interferência do Poder Executivo no Poder Judiciário. A nomeação do presidente Lula seria motivada exclusivamente pela intenção de deslocar competência do primeiro grau de jurisdição para o STF [Supremo Tribunal Federal] e haveria também intenção de influenciar os ministros do STF para julgar de determinada forma”, diz Neto. “Eu não acredito que qualquer ministro do STF seja suscetível a esse tipo de assédio”.
Catta Preta acrescenta que as gravações dos telefonemas de Lula divulgadas na quarta-feira (16) também influenciaram na tomada de decisão. “As palavras que o presidente Lula usa ali são um pouco não convencionais para um presidente da República, isso me influenciou”, disse. Ele destaca as referências feitas ao STF e cita um trecho em que Lula teria dito que os ministros estão acovardados.
Perguntado sobre a capacidade de Lula assumir o cargo caso o contexto não fosse este, o juiz diz: “um homem que já exerceu um cargo de presidente da República está preparado para exercer qualquer cargo dentro do Poder Executivo”.
Posição política
Em publicações em seu Facebook pessoal, Neto aparece em foto em ato contra o governo. “Eu estive nos protestos, compartilho da indignação de todas as pessoas que estiveram naqueles protestos e não tenho nada a esconder”, disse, acrescentando que está no exercício de seu direito de cidadania. “Exerci, exerço e vou continuar a exercer o meu direito de cidadania, de apoiar determinado governo ou reprovar determinado governo, isso não influi nem para um lado nem para o outro as minhas decisões”. (Agência Brasil)
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