O presidente do Senado, José Sarney, é favorável à redivisão territorial do Brasil. A afirmação foi feita em resposta a uma indagação feita pelo economista Célio Costa sobre a criação de novos estados. Ao ser perguntada a sua opinião sobre o tema, o senador respondeu taxativamente: “Claro, sou a favor que seja feita a redivisão do País. Ontem, inclusive, instalamos aqui no Senado uma comissão especial para a elaboração de um estudo para debater esta questão. Não tenho dúvida de que será apresentado um projeto que venha a promover a divisão territorial em nosso país”, afirmou.
O presidente do Congresso Nacional recebeu quinta-feira, 12, a Comissão Pró-Criação do Estado do Maranhão do Sul, que foi a Brasília pedir o seu apoio para colocar na pauta do Senado o projeto de autoria do senador e ministro Edison Lobão pedindo autorização do plebiscito no Maranhão para a criação do novo estado.
O encontro foi solicitado pela Frente Parlamentar em Defesa da Criação do Maranhão do Sul, através do presidente e deputado Lourival Mendes, com apoio da Frente Popular pela criação do Maranhão do Sul e do Comitê Pró-Criação do Maranhão do Sul. O encontro ocorreu por volta do meio-dia, no gabinete da presidência do Senado.
Estiveram presentes compondo a comissão a deputada estadual Valéria Macedo (PDT), que representou os demais deputados sul-maranhenses; os deputados federais Chiquinho Escórcio (PMDB) e Lourival Mendes (PTdoB), este último representando a Frente Parlamentar Pró-Maranhão do Sul; Sabino Costa, representando os ruralistas de Imperatriz e região; o prefeito Alex Alves, de São Francisco do Brejão, representando os prefeitos através da Associação dos Municípios da Região Tocantina (Amrt); Chico Brasil, representando a CDL e a Associação Comercial e Industrial de Imperatriz, e os jornalistas Josué Moura e William Marinho, representantes do Comitê e da Frente Popular Pró-Maranhão do Sul, respectivamente.
Assessorando a comissão, também esteve presente o professor e economista Célio Costa, autor do Estudo de viabilidade sócio-econômica do Estado do Tocantins e dos estudos de viabilidade econômica para a recente tentativa de criação dos Estados de Carajás e Tapajós. Célio entregou ao presidente do Senado, José Sarney, um exemplar do livro de sua autoria “Viabilidades Econômicas do Estado do Carajás”, informando que está sendo acertado com a Frente Parlamentar, a Frente Popular e o Comitê Maranhão do Sul para que este também faça um estudo sobre as viabilidades econômicas para a criação do Estado do Maranhão do Sul.
Por cerca de uma hora, Sarney ouviu atentamente todos os integrantes da comissão, iniciando pelo deputado Lourival Mendes, que fez um relato do seu trabalho na Câmara em prol da criação do novo Estado, com a criação da Frente Parlamentar pró-Maranhão do Sul. “Sabemos do seu espírito democrático e da sua força como um dos homens mais influentes da República, por isso viemos aqui pedir o seu apoio para que a vontade do povo seja feita, que é autorização para realização do plebiscito e a criação do Maranhão do Sul. E estamos confiantes que o senhor vai atender nossa reivindicação”, disse Lourival Mendes.
Em seguida, falou o presidente da Frente Popular Pró-Maranhão do Sul, William Marinho, que fez um breve histórico da criação da Frente, informou sobre a tramitação dos dois projetos (do Senado e o da Câmara) e a exemplo de Lourival Mendes também manifestou a sua confiança na força e no apoio de Sarney para viabilização do projeto. “Trata-se de um sonho do povo sul-maranhense e sei que o senhor será sensível a isso, nos ajudando a concretizar esse sonho”, asseverou Marinho, entregando em seguida um documento, a “Carta de Imperatriz”, assinada por várias entidades, lideranças políticas, comunitárias e empresariais.
Por sua vez, Chico Brasil fez um relato das potencialidades da região a ser desmembrada e dos anseios da classe empresarial em ver criado o novo Estado, também fazendo um pedido em prol da autorização para o plebiscito e a ajuda de Sarney para a criação do Maranhão do Sul. “Sabemos que se o senhor quiser isso acontecerá, por isso viemos aqui pedir o seu apoio: permita que o povo do Maranhão realize esse plebiscito e decida sobre a criação dessa nova unidade da federação”, apelou Chico Brasil.
O prefeito Alex Alves também manifestou ao presidente Sarney o pedido dos prefeitos da região tocantina e sul do Maranhão: o de verem um dia criado o Maranhão do Sul na certeza de maior desenvolvimento. “Nós prefeitos sabemos que com a criação do Maranhão do Sul serão abertos novos horizontes de progresso e desenvolvimento econômico, melhorando assim consequentemente nossos municípios. A maioria dos nossos prefeitos também acredita que com a sua ajuda em prol dessa causa será mais fácil a concretização desse sonho que é o de todo o povo de uma região”, afirmou Alex.
Sem meias palavras, o jornalista Josué Moura fez um informe sobre o movimento e lembrou ao presidente do Senado sobre uma audiência com ele com o mesmo fim, ocorrida há alguns anos através do Comitê Pró-Maranhão do Sul. Josué foi enfático ao afirmar ao presidente do Senado que na região a ser desmembrada, principalmente em Imperatriz, ninguém acredita que Sarney seja a favor da criação do novo Estado.
“O quê se ouve dizer, presidente, é que o Maranhão do Sul só sai um dia depois que o senhor morrer, porque enquanto o senhor for vivo não deixará dividir o Maranhão. Mas eu digo que nunca li nem ouvi nenhuma afirmação sua na imprensa se posicionando contra o Maranhão do Sul. Pelo contrário, tenho recortes de jornais com o senhor dizendo que se fosse da vontade do povo o senhor não seria contra. Pois saiba que é da vontade do povo, sim, e por isso estamos aqui solicitando o seu apoio para ajudar a liberar o pedido de plebiscito para que possamos fazer a vontade do povo e criar o Maranhão do Sul”, afirmou Josué Moura.
A deputada Valéria Macedo fez uma rápida exposição sobre o desejo do povo da região sul-maranhense pela emancipação, informou sobre sua iniciativa de tentar abrir o debate sobre o Maranhão do Sul na Assembleia assim que assumiu o mandato com o pedido e a aprovação da Comissão de Estudo de Redivisão Territorial do Maranhão e que estava ali em nome dos seus colegas de bancada da região tocantina e sul do Estado (os deputados Antonio de Pádua, Léo Cunha, Carlinhos Amorim, Antonio Pereira e Francisca Primo) e demais deputados que apoiam a causa do Maranhão do Sul, solicitando que Sarney ajude a proporcionar ao povo o direito de se manifestar através de um plebiscito sobre a criação do novo Estado. “Por onde a gente anda naquela região é o que se ouve, é a cobrança do povo pedindo que a gente se mobilize, que faça algo para que finalmente seja criado o Maranhão do Sul. Já é uma cultura do povo sul-maranhense esse desejo de emancipação e acreditamos que respeitando esse desejo o senhor vai ajudar a concretizá-lo”, disse Valéria.
O empresário, agropecuarista, secretário de Desenvolvimento Econômico de Imperatriz e presidente do Sindicato Rural, Sabino Costa, fez um breve relato sobre as aspirações das classes produtoras e das perspectivas de desenvolvimento econômico com a criação do Maranhão do Sul e manifestou sua crença de que com apoio do presidente do Senado o plebiscito acontecerá de maneira afirmativa e o novo Estado será criado. “Nós entendemos que assim como aconteceu com o norte do Goiás com a criação do Tocantins, assim será com o sul do Maranhão com a criação de um novo estado, é o caminho mais curto para acelerar ainda mais esse processo de desenvolvimento que já está se dando lá na nossa região”, afirmou Sabino.
O deputado Francisco Escórcio falou que também era um apoiador da causa, pois teria sido, num passado não muito distante, o mentor de um pedido de criação do Estado do Planalto Central e como deputado estava, desde que assumiu o mandato, empenhado na luta de criação do Maranhão do Sul, tendo já entrado com requerimentos solicitando na Câmara que o pedido de plebiscito fosse colocado em votação. “Sei também que o senhor não é contra, pois foi no seu governo como presidente que foi criado o Estado do Tocantins. Portanto, tenho certeza que o senhor nunca foi nem será contra a criação do Maranhão do Sul”, disse Escórcio.
O último a falar, Sarney começou lembrando o encontro anterior, dizendo que esteve com o saudoso bispo de Imperatriz, o falecido Dom Afonso Felipe Gregory, e outros integrantes do comitê. Falou também das potencialidades das duas regiões - a que pretende se emancipar e a região onde ficará o antigo Maranhão -, tais como a descoberta do Gás de Capinzal e a perspectiva de outras jazidas na região sul, a refinaria de Bacabeira e a Suzano em Imperatriz, concluindo que tanto no Maranhão do Sul como no velho Maranhão o desenvolvimento econômico está a passos largos.
“Vou dizer o que já disse antes: eu não vou ser um ativista, nem tenho mais idade para isso, mas não colocarei entraves, nenhum obstáculo para a criação do Maranhão do Sul, pois quando uma região tem um ideal de autonomia, de liberdade, pode passar um tempo, mas evidentemente isso termina acontecendo, não adianta lutar contra, todas as nações foram feitas assim, é um processo normal e inexorável”, disse.
Sarney surpreendeu a todos quando disse que não sabia ou lembrava que no Senado havia um Decreto Legislativo do senador Edison Lobão (PDS nº 02/2007) solicitando a autorização para a realização do plebiscito do Maranhão do Sul. “Desculpem-me a franqueza, mas essa é a prova de que não estava segurando nada, pois nem sabia ou me lembrava que tinha um projeto nesse sentido aqui no Senado”, asseverou.
Finalizando, Sarney disse que seria objetivo solicitando à sua secretária e demais assessores que vissem o mais breve possível o que poderia ser feito para que fosse apreciado o Decreto Legislativo do então senador Edison Lobão, reiterando mais uma vez que jamais será contra. “Eu estou na fase de não perder amigos, nem arrumar novos inimigos. Vou ver como está esse decreto. Se puder, ajudarei para a realização do plebiscito e não criarei nenhum obstáculo para a criação do Estado... Está bem?”, finalizou Sarney. Todos responderam: “Está bem!”.
Durante o encontro, o economista Célio Costa falou sobre o estudo igual o que foi feito antes por ele para a criação do Estado do Tocantins e mais recente para as tentativas de criação dos Estados de Carajás e Tapajós. (Assessoria)
Publicado em Política na Edição Nº 14379
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