Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro-RJ – O jornalismo como veículo fundamental para o registro dos processos sociais e da história de um país foi a tônica do Seminário Jornalismo e Memória, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio e pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN).
Autor das biografias de Garrincha e Carmen Miranda, o jornalista Ruy Castro, inveterado apaixonado pelos arquivos dos veículos de imprensa, chamou a atenção para a necessidade de uma busca ativa nos acervos pessoais dos jornalistas, muitos deles riquíssimos, que tendem a se perder com o tempo. “Parece que as viúvas têm um grande prazer em jogar fora toda a papelada”, brincou o escritor, que completou dizendo que esses acervos podem preencher vazios importantes na história da imprensa brasileira e, por meio dela, do próprio registro da história nacional.
Outro participante do evento, o jornalista Sérgio Cabral, falou da peculiaridade de quem pesquisa a memória de um país, seja em que temática for. “Eu descobri, neste tipo de trabalho, que o ser mais solitário do mundo é o pesquisador. Aquele bando de pessoas, um não tinha nada a ver com o outro. Um estava pesquisando sobre memória da moeda, outro sobre política externa e eu, ali, pesquisando samba”, destacou Cabral, um dos fundadores do Pasquim e outro defensor da importância dos arquivos dos jornais no próprio funcionamento das redações, ao lembrar de suas próprias experiências pesquisando o acervo da FBN.
Pontos comuns na opinião dos participantes do seminário, além do papel de registro histórico da imprensa, foram a importância das instituições públicas e privadas na manutenção da memória dos jornais e mesmo na manutenção de exemplares e o lamento do processo de perda de acervos de pesquisa de grande número de jornais do Rio de Janeiro. Segundo Castro, esses acervos hoje compõem cerca de um terço do total de 40 anos atrás.
Também teve destaque no debate o crescimento dos estudos sobre a história da mídia, que, segundo a pesquisadora Alzira Abreu, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), são, em grande medida, responsáveis pela melhoria dos arquivos e sua sistematização, processo esse devedor do surgimento dos programas de pós-graduação em comunicação, história e ciências sociais, a partir da década de 1970.
A mesa tema do evento foi coordenada pelo jornalista Marcelo Beraba e contou ainda com a participação do presidente da FBN, Galeno Amorim, e da pesquisadora da Casa de Rui Barbosa Joëlle Rouchou. Com o seminário, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio encerrou a primeira fase do projeto Centro Cultural e Memória do Jornalismo.
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