Trabalhadores da Limp Fort cobram direitos trabalhistas
Lixo nas ruas provocou transtornos
Garis voltam ao trabalho na área da Avenida Beira-Rio

Hemerson Pinto

Mais de R$ 1 milhão em direitos trabalhistas é o valor estimado do débito da Limp Fort com mais de 200 funcionários, segundo o cálculo do Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza em Imperatriz. Na noite da última quarta-feira, dezenas de funcionários se reuniram em protesto em frente à sede da empresa, na BR-010. O clima tenso necessitou a presença da Polícia Militar. O grupo que encerrava o expediente impediu que colegas do turno noturno saíssem às ruas. A coleta de lixo foi paralisada.
Na manhã de ontem, os mesmos funcionários atearam fogo em pneus em frente ao portão da empresa. Mais uma vez, trabalhadores que não aderiram ao movimento foram impedidos de sair do prédio para mais um dia de trabalho. A Polícia Rodoviária Federal foi acionada para evitar possíveis transtornos na BR-010.
“A gente combinou de manter o controle e não agredir ninguém e nenhum patrimônio da empresa, queremos apenas nossos direitos trabalhistas garantidos em lei. Ficou acertado que todos nós receberíamos a rescisão dia 11 de junho. Até agora não deram nenhuma satisfação, o aviso foi assinado no dia 11 de maio. Até agora não recebemos nada, nem mesmo comunicação. A forma de cobrar foi fazendo essa paralisação”, explica o funcionário do setor de almoxarifado, Franceudo Gomes. Com três anos e oito meses de serviços prestados, ele acredita que deveria receber pouco mais de R$ 8 mil em direitos.
A notícia que revoltou os trabalhadores foi a afirmação de que a empresa Limp Fort teria anunciado falência. “Como que anunciou falência se todos nós assinamos o aviso prévio, depois cumprimos o aviso e depois eles pediram pra gente assinar outro documento, para afirmar que a gente estava abrindo mão do aviso”, rebate Ceane Carvalho, do setor administrativo.
A mesma funcionária explica que a direção da Limp For fez uma reunião no dia 11 de maio com os trabalhadores, onde anunciou que passava por dificuldades financeiras, e daria baixa nas carteiras de todos. “A dona disse que faria apenas um pedido: que tudo mundo trabalhasse o aviso normalmente até o dia 31 (de maio) e que a partir do dia 01 de junho era outra empresa que ela não conhecia. O salário do mês de maio recebemos dia 30 porque já estávamos ameaçando parar”, reforça.
Segundo os funcionários, o acerto não aconteceu. “Sabemos que quando uma empresa abre falência os funcionários ficam sabendo, pois precisam passar por todos os trâmites legais para sacar o que têm de FGTS e Seguro Desemprego. Se estava falida, porque deu aviso prévio e pediu para todo mundo trabalhar normal?”, questiona Ceane.
Cleuton Barbosa exerceu a função de agente de limpeza por mais de dois anos. Esteve afastado por problemas de saúde. Foi ao Instituto Nacional de Seguridade Social buscar informações sobre o auxílio que lhe assistia, quando foi informado de que a empresa teria abrido falência e ele estava cortado do benefício. “Muitos são pais de família, moram de aluguel, outros pagam pensões. Eles ficaram adiando nossos pagamentos. Estamos revoltados, precisamos do nosso dinheiro”, declara o gari.
O roçador Raimundo Nonato afirmou que os funcionários poderiam estar impossibilitados de receber o benefício do Seguro Desemprego. “A empresa não estava repassando o recolhimento do INSS”, garante.
Alguns vereadores compareceram para conversar com os funcionários. Carlos Hermes, PCdoB, disse que após conhecer as demandas incentivaria a Câmara Municipal a realizar um trabalho de investigação. “Como é que é decretada falência de uma empresa e a mesma empresa continua com a mesma estrutura física, mesma sede, mesmos caminhões e até os mesmos funcionários? Tiraram eles sem pagar rescisão nem FGTS”, diz, informando que o caso seria levado ao Ministério Público e à Delegacia Regional do Trabalho.
O PROGRESSO procurou conversar com a direção da Limp Fort ou da empresa que estaria assumindo o trabalho na cidade, mas nenhum dos diretores aceitou receber nossa reportagem.
Coleta – Menos de 20 horas depois do serviço de coleta de lixo ser paralisado, era possível notar os transtornos provocados pela falta de acordo entre a empresa e os funcionários. Tanto no Centro, quanto em outros bairros de Imperatriz, moradores acumulavam sacos de lixo nas calçadas. “Agora a gente vai ficar sentindo este mau cheiro até quando? Todo dia a gente tem lixo pra colocar pra fora, se esse carro (do lixo) passar dois dias ou mais sem aparecer, vai ser um caos”, comenta a dona de casa Antônia Rodrigues, do bairro Santa Rita.
Na região mais antiga da cidade, o canteiro central da Rua 15 de Novembro ficou cheio de sacos e caixas. Na Avenida Beira-Rio os recipientes não suportaram a quantidade de lixo. Situação parecida foi notada na Praça de Fátima e no Calçadão. No início da tarde de ontem encontramos alguns agentes de limpeza varrendo ruas e praças. Eles informaram que houve um acordo para que o grupo voltasse às atividades, mas parte dos funcionários ainda permanecia de braços cruzados na frente da empresa.