Assessor durante a cerimônia de posse presidida por Michel Temer

Hemerson Pinto

O anúncio oficial saiu no dia 16 de julho, quando Chiquinho Escórcio tomou posse como assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, chefiada pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). Mas bem antes, há 26 dias, o ex-senador e ex-deputado federal já era o homem que articulava situações e abria caminhos dentro do Senado para decisões que contemplassem o governo. É da mente de Chiquinho que vai sair toda a articulação política nacional com deputados, senadores, Explanada dos Ministérios.
“[...] É como se fosse um time de futebol que está perdendo e tem que se mexer. Ele (vice-presidente Michel Temer) me fez um convite. Eu disse que ia pensar, tudo por conta dessa instabilidade política. Ouvindo as bases do meu partido, as lideranças do meu estado, aceitei. É uma secretaria muito importante, e conhecendo como eu conheço o ‘organograma’ do Palácio do Planalto, é uma das secretarias mais importantes para o presidente da República, por tratar de assuntos ligados ao Congresso Nacional[...]”, declarou em entrevista a O PROGRESSO horas depois de desembarcar em Imperatriz, ao meio-dia de ontem.
Chiquinho afirma que a tarefa não será tão difícil para quem já tem jogo de cintura. Ele, que já foi deputado, senador, assessor especial da Presidência da República, secretário executivo do Ministério da Integração, secretário de estado do Governo do Maranhão, conhece bem os corredores do Palácio do Planalto, cada gabinete da Câmara dos Deputados e sabe que logo ali, ao lado, estão os senadores em uma das casas do Congresso Nacional.
O restante do serviço é “abrir portas, articulação direta com deputados, senadores. Fui deputado, senador, fica mais fácil bater um papo com um colega seu” e obter resultados esperados por quem lhe depositou toda confiança.
E para o Maranhão, vai sobrar uma pontinha desse ‘lugar ao sol’? Começamos pela paralisação da obra de duplicação da BR-010. Segundo o assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, agora vai ter de andar, e para frente. O novo cargo de Chiquinho Escórcio pode ajudar, e muito, a destravar os serviços que estão parados há algum tempo.
“Lá há subsecretarias que tratam desse tipo de situação. A presidente da República pode nomear uma estrada dessa como prioridade em nível nacional”, afirma o assessor, acrescentando que Michel Temer o encarregou de resolver o problema, nem que para isso seja necessária uma visita do vice-presidente da República a Imperatriz.
“Depois que eu comecei a brigar por essa estrada, ela, até então, só tinha sido pensada. Eu contei com a ajuda de José Sarney, Dilma. Quando saiu a verba, a licitação, apareceu um ‘bocado’ de pai. Ficou difícil para a população saber quem era o verdadeiro ‘pai da criança”, comentou. A obra foi iniciada, mas Chiquinho faz questão de afirmar: “Quando saí (da Câmara dos Deputados), a coisa murchou”.
Segundo Chiquinho Escórcio, obras como a projetada e iniciada na BR-010 em Imperatriz são facilmente realizadas no Sul e Sudeste do país. O problema por aqui, segundo o assessor, são os postes que sustentam as redes de transmissão de energia elétrica ao longo do trecho que será duplicado.
“Foi feita a licitação no valor de R$ 207 milhões e a empresa pegou a ordem de serviço, mas só foram empenhados R$ 8 milhões para dar início. O problema é o posteamento da Companhia Energética do Maranhão. Ela (Cemar) precisava dizer quanto cobrava para fazer esse desvio do posteamento de alta tensão. Isso já foi feito, deu o orçamento para o DNIT, que agora pede complementação. Esse orçamento está sendo mandado para Brasília. O valor que o DNIT está pedindo para fazer o repasse para o andamento dessa obra ainda este ano são R$ 37 milhões. Nós estamos correndo atrás”.

Outros atrasos – Em visita a Imperatriz, Chiquinho já sabe que não vai embora sem levar uma boa demanda de serviços para articular as soluções lá por Brasília. Na tarde de ontem, enquanto conversava com nossa reportagem, recebeu das mãos do secretário de Agricultura, Abastecimento e Produção do Município de Imperatriz, José Fernandes, uma papelada com informações sobre os obstáculos que travam as obras do Mercado do Peixe e do Mercado da Nova Imperatriz.
Depois, o telefone tocou: era alguém da Superintendência Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), sugerindo ao novo articulador da vice-presidência da República a abertura de caminhos para a negociação da compra de milho com preço mais barato em outras regiões para ser repassada com valores que estejam ao alcance do pequeno produtor rural do Maranhão.
“Eles precisam do milho para o rebanho, para plantar, e temos como articular a chegada desse milho aqui, sendo que no final vai custar ao pequeno agricultor em média R$ 35 a saca, e não R$ 70, como estão pagando hoje”, afirma.
Calma – No ano que vem, temos eleições municipais. Quando tocamos no assunto com Chiquinho Escórcio, ele rapidinho resumiu: “Calma, caldo de galinha e paciência não fazem mal a ninguém. Estou vendo um quadro político que não é dos melhores em nível nacional. Estou vendo um quadro político que não é bom em nível do estado e estou vendo um quadro político que também não é bom em nível municipal. Está muito distante para fazer algum diagnóstico”, rebateu.
Encerrando, Chiquinho Escórcio aproveitou para dizer que os caminhos por onde tem percorrido na vida política deve ao aprendizado que teve. “Com o senador Alexandre Costa, com o presidente Sarney, com meus amigos e correligionários do Maranhão e do Brasil. Fui deputado, senador, assessor especial da Presidência do Lula, secretário executivo do Ministério da Integração, secretário de estado do Governo do Maranhão. Se eu não tivesse aprendido nada, quem era ruim era eu”.