O estudo de viabilidade técnica para estender a Ferrovia Norte-Sul até o porto da cidade gaúcha de Rio Grande será contratado no início de outubro. Segundo Josias Sampaio Cavalcante Junior, diretor de Planejamento da Valec – empresa pública do Ministério dos Transportes responsável pela execução do projeto –, esse estudo terá duração de um ano.
Em audiência da Comissão de Agricultura,  o representante da Valec estimou que as obras terão início em dois anos e meio e que o prazo para a conclusão da extensão é de dois a três anos. Josias Sampaio garantiu ainda que a intenção do governo é priorizar as áreas produtivas dos estados do Sul.
“O estudo que vamos contratar é que efetivamente vai dizer o melhor traçado, mas temos de pensar na multimodalidade também. Eventualmente, o trilho não passa em uma cidade ou outra, mas há uma integração de toda a cadeia. Há o escoamento nas proximidades de caminhão, há escoamento por trem e por hidrovias. Essa é a cadeia multimodal”, afirmou.

Traçado

A extensão do trecho da Ferrovia Norte-Sul até as áreas produtivas do Sul do País preocupa os deputados, conforme destacou Sérgio Moraes (PTB-RS). “Nós queremos que a Valec faça o estudo de viabilidade econômica e não turística ou simplesmente chegar até o porto de Rio Grande. Temos que fazer com ela passe pelas regiões produtoras da soja, do frango, do porco, do fumo”, disse.
O parlamentar acrescentou que o estudo não deve levar em conta “onde é mais bonita a paisagem”. “Não é um trem de turismo. É um trem de carga”, acrescentou.
Para Moraes, não é possível o Brasil depender do transporte rodoviário. Ele ressaltou que o País precisa vencer a possível pressão dos fabricantes de caminhões sobre o governo para o bem do seu desenvolvimento econômico e social.

Escoamento

A redução do custo do escoamento da produção de grãos e insumos, hoje feito por meio das rodovias, é vital para a região, na avaliação do secretário de Infraestrutura de Santa Catarina, Valdir Cobalchini. Ele ressaltou os riscos da falta de competitividade para a agroindústria, que só em seu estado gera cerca de 400 mil empregos e representa mais de 3 bilhões de dólares em exportações.
“Para alimentar o frango e o suíno nós precisamos do milho que vem do Mato Grosso e de Goiás. Isso acaba encarecendo o frete e tornando o setor pouco competitivo. A tendência é de que se nós não tivermos o insumo, com o passar dos anos, todo esse setor fique inviável. A tendência é o fechamento de muitas indústrias, como já tem acontecido”, disse. (Idhelene Macedo/ Rádio Câmara)