A cidade cresceu desordenadamente, com o surgimento de bairros por invasões e loteamentos clandestinos e sem infraestrutura. O que será feito para acompanhar esse crescimento evitando os inúmeros problemas que acabam inviabilizando uma administração?
MADEIRA - Ser prefeito de Imperatriz é um grande desafio. Justamente por abrigar problemas como esses relatados na pergunta e que não se resolve da noite para o dia. Para se ter uma ideia, grande partes dos imóveis urbanos, sobretudo os dos bairros mais afastados, não têm o título definitivo, o que inviabiliza sobremaneira a vida de milhares de familiares. Esse é um dos problemas que enfrentaremos na nossa próxima gestão, para isso vamos conceber uma "força tarefa" para cuidar da regularização fundiária da cidade. Sei que é um programa ousado, mas é preciso ser enfrentado.
Nesses anos como prefeito, o que mais fizemos foi procurar viabilizar estruturalmente a cidade e, consequentemente, otimizar o espaço urbano. Vamos chegar ao final deste mandato com 140 quilômetros de asfalto e 250 quilômetros de ruas piçarradas. Chegamos a todos os bairros.
Acabamos com a clandestinidade dos loteamentos. Hoje para um loteamento ser aprovado é necessária uma série de providências ambiental e politicamente corretas. Avançamos muito no processo de organização urbana da cidade.
A urbanização é outra questão que vem se arrastando sem a devida atenção do poder público. A área comercial, por exemplo, foi ocupada pelos camelôs e até agora nenhum gestor ousou enfrentar o problema. Se já não bastassem os camelôs, o pedestre também é empurrado para o meio da rua devido à falta de padronização das calçadas. Há interesse em resolver esse problema? Quais as dificuldades?
MADEIRA - Claro que há! Como disse anteriormente, desde o início da nossa gestão temos procurado adotar medidas para organizar nossa cidade. Com relação aos camelôs não é falta de vontade, é mesmo falta de recursos. Tirá-los da Getúlio Vargas e transferi-los para onde? Temos o projeto da construção de um grande shopping popular, como tem em Teresina, Fortaleza e outras cidades do Brasil. A retirada desses pais de família do centro só será possível quando a gestão tiver uma outra alternativa para eles. Vamos continuar com a nossa luta por recursos para um shopping popular.
Imperatriz, já com os seus 160 anos, ainda enfrenta o grave problema de saneamento até na sua parte central; riachos poluídos, exalando forte mau cheiro na cidade recebem esgoto sanitário jogado pela população e levado para o rio Tocantins, sem tratamento, trazendo sérios problemas para a saúde e meio ambiente. Qual o seu plano para erradicar o problema?
MADEIRA - Esse é um problema não só de Imperatriz, mas de quase todo o Maranhão. Em Imperatriz, por exemplo, pouco mais de 30% da cidade tem esgotamento sanitário. Um problema que só se resolve com muito recurso. Impossível enfrentá-lo sem as parcerias com os Governos Federal e Estadual.
A Cafeteira, por exemplo, apesar de todos os problemas, é um dos bairros mais saneados da cidade graças à parceria (PAC) com o Governo Federal. Em breve a Vila Nova e bairros adjacentes passarão pelo mesmo processo, já que aprovamos e já começamos a executar o PAC 2, que vai permitir, além da construção de aparelhos públicos, que toda aquela região receba obras substanciais de saneamento básico. E já estamos com outro projeto engatilhado no Governo Federal para sanear a região do Parque Alvorada II. Portanto, essa é uma situação que não vamos enfrentar, nós já estamos enfrentando.
O trânsito de Imperatriz está caótico. Há uma saída?
Quando assumimos a Prefeitura, Imperatriz abrigava pouco mais de 50 mil veículos; hoje passa de cem mil e certamente é um fator de preocupação. A saída é o que já estamos fazendo: melhoramos a sinalização; abrimos novas ruas, melhoramos a infraestrutura das ruas centrais da cidade; oferecemos novas alternativas de trafegabilidade como a consecução da Avenida Santa Tereza, que desafogou a Bernardo Sayão; transformamos em mão única a Simplício Moreira, a Coriolano Milhomem e a Sousa Lima. Em parceria com o Governo do Estado, fizemos as ruas Hermes da Fonsenca e da Assembleia; a rua das Letras, Euclides da Cunha e muitas outras.
Agora, vamos avançar na fiscalização. Com a realização recente de concurso público, vamos contratar novos agentes de trânsito e isso, com certeza, vai ajudar ainda mais na organização do trânsito.
Na Educação, apesar dos investimentos, o ensino público ainda deixa a desejar. O que fazer para melhorar os índices? O professor se queixa da falta de valorização e capacitação. Só o aumento de salário é o suficiente para que ele tenha estímulo para trabalhar?
MADEIRA - Há um equívoco nessa pergunta. Talvez fosse acertada há quatro anos. Nós só avançamos na educação municipal e isso graças aos investimentos contínuos da gestão, não só na infraestrutura com a reforma e construção de novas; mas também na qualificação dos nossos professores. O resultado desses investimentos pode ser medido com o desempenho dos nossos alunos na "provinha Brasil", que mede a qualidade do ensino no País. Para se ter uma ideia, 56 escolas da Rede Municipal atingiram ou ultrapassaram índices que estavam previstos para 2015. Com relação à valorização do professor, além da qualificação, na nossa gestão eles já tiveram aumentos que no acumulado chegam a 40%. No ano passado chegamos a pagar o equivalente a um 14° salário. Portanto, ao contrário do que se questiona na pergunta, a Educação Municipal avançou muito.
A saúde sempre foi outro empecilho no caminho dos gestores públicos. Imperatriz não atende apenas os seus moradores (230 mil, segundo o IBGE), mas de toda a região sul do Maranhão, além do Tocantins e Pará. Embora tenha melhorado muito, nos últimos anos, qual a saída para tornar eficiente o funcionamento da saúde pública municipal de Imperatriz?
MADEIRA - Estamos lutando dia e noite pelo aumento do teto da chamada alta complexidade, congelado há quatro anos em quatro milhões de reais. Nossa saúde há muito deixou de ser local para ser uma saúde regional com o atendimento de pacientes não só do Maranhão, mas do Pará e Tocantins. Há quatro anos, o Socorrão de Imperatriz atendia cerca oito mil pacientes por mês, hoje chegamos a 16 mil, e com os mesmos recursos de quatro anos. Depois da eleição vou novamente a Brasília e de lá só venho quando resolver esse problema. Se preciso for, farei até greve de fome. Desse jeito é que não pode continuar.
Os pilares econômicos de Imperatriz são o comércio e a prestação de serviços. Mas começam a chegar grandes indústrias, como a Suzano, e parece que o atual Distrito Industrial não é capacitado para receber tais indústrias, ou mesmo de porte menor. Qual será a participação da administração municipal para resolver esse problema e como você analisa o desenvolvimento da cidade?
MADEIRA - O Distrito Industrial está pronto para receber as empresas que ali quiserem se instalar. Tenho acompanhado o trabalho do secretário de Estado da Indústria e Comércio, Maurício Macedo, para viabilizar aquele espaço. Algumas empresas já estão operando e tenho conhecimento de várias outras que já fizeram ou estão fazendo prospecção.
Da parte do município nós aprovamos uma Lei de Incentivo ao Desenvolvimento Econômico que oferece uma série de vantagens para as empresas que aqui quiserem se instalar. Essa lei, por exemplo, foi determinante para que a Suzano optasse por se instalar em Imperatriz. Chegamos a ir a São Paulo para conversar com a direção da empresa para mostrar as vantagens de esta se estabelecer no nosso município. Deu certo. A empresa veio e com isso nossa cidade avançou na geração de emprego e divisas para o município. Além disso, na esteira da Suzano, muitas outras empresas estão vindo para cá.
O Brasil e o mundo descobriram Imperatriz e fico feliz que tenha sido na nossa gestão. Muitas dessas empresas que estão vindo para cá, apesar da nossa localização privilegiada, teriam passado direto se não houvesse o interesse da gestão de sentar, conversar, mostrar as vantagens de se investir na cidade. Vamos aonde for possível para poder continuar a viabilizar nossa cidade.
Em ordem de importância, quais as prioridades da sua administração? Justifique-as.
MADEIRA - Não existe uma prioridade, mas prioridades. A infraestrutura da cidade, que havia sido abandonada há anos, tem sido uma prioridade. Nesse setor, nossa gestão já resolveu inúmeros e históricos problemas. Cuidamos do centro, mas também cuidamos e estamos cuidando dos bairros. A saúde é emblemática: é o setor onde há mais investimos e o setor do nosso governo mais criticado; já que, quanto mais melhora, mais problemas aparecem pelo fato de atrair pacientes de várias regiões do Maranhão, do Pará e Tocantins.
Por que você é candidato a Prefeito de Imperatriz?
MADEIRA - Para continuar a manter a cidade no rumo certo. Não foi possível fazer tudo que planejamos. Fomos eleitos numa conjuntura e governamos em outra. Entre os compromissos assumidos, prometi ser prefeito 24 horas. Prometi destravar a cidade para atrair empresas e gerar empregos para nossa gente, e isso é visível; e por último, garanti que, ao final do meu mandato, a cidade estaria bem melhor do que recebi e hoje não tenho dúvida disso. Quero continuar a ser prefeito para completar a obra e fazer muito mais.
Quais os políticos mais importantes que estão lhe emprestando apoio e quais os vínculos dos mesmos com Imperatriz ou a Região Tocantina?
MADEIRA - Numa cidade como Imperatriz, cuja receita própria ainda é insuficiente para o enfrentamento dos múltiplos problemas, não é possível governar sem que se busque o apoio da classe política. Fomos ao governo do Estado, conversamos com a governadora Roseana Sarney e com ela temos mantido uma boa relação institucional. Ela já nos ajudou no enfrentamento dos problemas da saúde e já conseguimos pelos menos dois convênios para a infraestrura. É com o último, de dez milhões de reais, que começamos a asfaltar 40 quilômetros de ruas. Também, temos recebido uma força muita grande do deputado federal Chiquinho Escórcio.
Ao longo do nosso mandato, em termos de emendas parlamentares, temos a agradecer aos deputados federais Davi Júnior, Hélio Santos, Ribamar Alves, Nice Lobão, Cleber Verde; o senador Edison Lobão e ao então deputado federal Flávio Dino.
Dados do candidato
Sebastião Torres Madeira é médico, formado pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) com pós-graduação em Urologia, no Rio de Janeiro. Nasceu no dia 29 de dezembro de 1949 no Centro dos Piaus, distrito do hoje município de Graça Aranha (MA).
Madeira é casado com a também médica Conceição de Maria Soares Madeira e pai de dois filhos: Alberto (médico) e Mariana (estudante de Medicina).
Passou parte da infância no povoado Tanque, município de Buritirana (MA), onde ajudava os pais, Luis e Elizabete Madeira (pequenos agricultores) na roça, até fixar residência em Imperatriz para estudar e trabalhar como balconista de loja de tecidos e quebrador de pedras. Antes de ir para Fortaleza atrás do sonho de ser médico. Nesta cidade, trabalhou como leiturista da empresa estadual de energia e fazia bico dando aulas de química.
Uma vez graduado e pós-graduado, Madeira retornou para Imperatriz e por 16 anos foi referência na medicina da região, sendo pioneiro na Urologia e tendo chegado à presidência da Associação Médica de Imperatriz.
Foi fundador, no final dos anos 1990, do PSDB, seu primeiro e único partido, pelo qual disputou quatro eleições de deputado federal e quatro de prefeito.
No PSDB, foi vice-líder da legenda na Câmara dos Deputados e presidente, por dois mandatos, da Fundação Instituto Teotônio Vilela (ITV), o órgão doutrinário do partido.
Em 2008, se elegeu prefeito de Imperatriz pela primeira vez com 50,89% dos votos. Com um mandato marcado pela presença constante na vida da cidade e por conquistas, avanços e melhorias nas diversas áreas da gestão, Madeira é candidato à reeleição numa coligação que reúne, além de seu partido PSDB, o PP, PPS, PSD, PT do B, PMN, PV, PSL e PTB.
Publicado em Política na Edição Nº 14520
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