Embora tenha melhorado muito, nos últimos anos, a saúde sempre foi o "Calcanhar de Aquiles" dos gestores. Qual a saída para tornar eficiente o funcionamento da saúde pública municipal de Imperatriz?  Tem solução? Qual?

Pelo que eu observo, a saúde vai mal de uma forma generalizada. Quase todas as cidades estão com problemas de gestão e, consequentemente, de atendimento às pessoas nessa questão. A construção do Socorrão II é mais do que necessária, e eu vou fazer. Esse segmento é tão complexo, tão abrangente, que eu me arrisco a atribuir também à situação do povo. Uma alimentação precária, insuficiente, uma pessoa que está desnutrida, que não recebe uma alimentação correta, adoece com mais facilidade. E esse é só um ponto, pois tem a questão do saneamento. Esgoto? Esgoto é causa de doença. Num mapeamento da incidência das doenças, a ida dos moradores do bairro Maranhão Novo aos hospitais era muito grande. Era tanto que eu cheguei até a duvidar daquilo. Será que não estão colocando atendimento que não houve? Mas, foi chegar ao bairro para me consternar com a situação horrível com a qual aquelas pessoas conviviam no seu dia-a-dia. Você tinha um espaço de uns 30 cm da porta até o esgoto a céu aberto para poder andar pelo bairro. Fui atrás do recurso para fazer todo o saneamento básico do Maranhão Novo. Fiz os esgotos, pavimentei. Resultado? Diminuiu claramente a incidência de pessoas indo aos hospitais buscando atendimento. Então, é um tema para ser tratado com muito cuidado. Utilizando peritos, profissionais especializados que possam traçar um planejamento que englobe também as áreas afins. Não é um segmento para ser tratado solto, aleatoriamente. Como falei anteriormente, a saúde passa por melhorias na infraestrutura, saneamento básico, aumento do nosso IDH, educação das nossas crianças e jovens, e até a comunicação, com campanhas informativas e educativas para os adultos.
Uma coisa é certa, com esse estudo e o planejamento traçados, poderemos identificar os períodos do ano que precisaremos fazer adequações dos recursos, que teremos que direcionar de outras pastas para suprir a demanda dessa secretaria. A saúde das pessoas é a coisa mais importante para o desenvolvimento de uma cidade. Com uma população sadia a cidade trabalha, produz mais, pratica esporte com mais frequência, tem mais lazer, tem mais prazer, mais diversão. Então, nós temos que identificar as demandas. Uma vez identificadas podemos direcionar com fundamento, sem desperdícios dos recursos da saúde e encontrar efetivamente a solução.

Imperatriz, com mais de cem bairros e mais de mil quilômetros de ruas, alguns são repositórios de doenças como Hanseníase e Tuberculose, precisa, imediatamente, de ações de saneamento básico que hoje é uma preocupação mundial. Esgoto sanitário lançado na rede de drenagem e em nossos riachos e grotas, jogado no rio Tocantins sem tratamento, contribuindo para a proliferação de doenças. Qual o seu plano para erradicar o problema? Continua assim ou tem solução?   

Como já comprovei anteriormente, não se pode mais pensar num setor da administração municipal isoladamente. Para comprovar ainda mais meu objetivo de integrar as minhas secretarias, para trabalharem de forma homogênea, vou falar de esgoto e, do tratamento do mesmo, direcionando para um setor que preocupa o mundo todo - o Meio Ambiente. Jogar, despejar, derramar, use o verbo que quiser, mas esgoto despejado em nossos mananciais que têm lindos riachos, grotas e o imenso Tocantins, rio que dá nome à nossa região... Meu Deus. É crime.
Mais uma vez temos que acionar as instituições para trabalharmos como uma força-tarefa. Nós temos que saber a quem compete cada função e exigir o máximo dessa competência desses setores da administração pública em todas as instâncias, não só municipal, mas Estadual e Federal. Por exemplo, acionar o Ministério Público Estadual para instrumentalizar Ações Civis Públicas para coibir o lançamento de esgoto in natura em nossos mananciais. E assim, evitar poluir nossos rios que deveriam abastecer de água potável nosso povo. Acionar a CAEMA. Falei na esfera estadual de fiscalização e penalização desse crime contra o Meio Ambiente, mas vou procurar o Estado atrás de recursos também. Deixei pra falar de recursos na estância Federal porque tenho um bom exemplo para dar. Vocês sabiam que essa semana o Ministério do Meio Ambiente assinou um convênio para comprar esgoto tratado dos municípios? Calma! Explico. Por meio de um programa de despoluição, as prefeituras recebem recursos referentes à compra de esgoto, desde que a estação de tratamento do município esteja construída e em funcionamento. A estação de Ibaté em São Paulo abaterá 54% de esgoto jogado do Rio São José das Correntes. A cidade de Divinópolis bem aí já foi contemplada. O Rio Pará agradece. Gente, atualmente, no Brasil, apenas 20% do esgoto urbano coletado é submetido a tratamento para remoção de poluentes, antes de seu lançamento nos rios. Isso é inadmissível em pleno século XXI.

O trânsito caótico, característica própria de Imperatriz, é um dos piores do Maranhão. O ritmo é ditado pelo poder das VANS e de MOTOQUEIROS que decidem onde parar e fazer seus pontos. Será possível resolvê-lo apenas com a implantação de semáforos?  Existe intenção de disciplinar o setor?

Nós temos que olhar para o trânsito de Imperatriz por vários ângulos. Primeiro, é uma questão de educação. Promover campanhas de educação para o trânsito, principalmente, para respeitar o pedestre. Não é de hoje que eu falo: o trânsito de Imperatriz já está insuportável. Um trânsito muito complicado.
Sendo eleito prefeito de Imperatriz, vou buscar empresas especializadas para resolver o problema. Com engenharia e tecnologia gabaritadas para o processo. Não adianta procurar soluções temporárias. A nossa cidade está crescendo e vai precisar de uma reordenação do trânsito. Essas empresas possuem profissionais com experiência de caso, que já visitaram e conheceram trânsitos caóticos como o da Índia e da China. Como eles pretendem resolver esse problema por lá? Vamos descobrir. E assim, poderemos aplicar essas mesmas estratégias aqui. Uma situação que me chama atenção é o viaduto do Entroncamento. Ele foi mal definido. Nós podemos fazer uma coisa mais simples, em que você faz quatro passagens diretas por cima do viaduto. Uma pela Luís Domingues, outra pela Getúlio Vargas, mais uma pela Dorgival Pinheiro e Benedito Leite, outra. Tem que terminar com esse gargalo que o viaduto acabou se tornando ali.

A calçada é pública, mas por determinação da Postura municipal, é o dono do imóvel seu responsável... quem, sem a devida fiscalização, muitas vezes, a constrói da maneira que lhe interessa. As poucas feitas dentro das normas são ocupadas por camelôs e comerciantes que insistem ter esse direito. A população é a grande prejudicada, em particular, os portadores de necessidades especiais e os idosos. Fica assim ou vai mudar?

As nossas calçadas estão inadequadas. Duas vezes inadequadas. Uma pela largura delas. São construções estreitas e as pessoas andam mais pelo meio da rua do que por cima. Outra coisa é o imenso desnivelamento delas. É muito arriscado para as crianças e idosos. Sem falar nos portadores de necessidades especiais. São excluídos do convívio e da locomoção segura que a calçada feita corretamente proporciona para o transeunte. As calçadas padronizadas embelezam a cidade. E vamos fiscalizar a colocação de placas e toldos que possam comprometer o direito do cidadão de ir e vir sem correr riscos. Tem que haver uma regulação e as pessoas devem respeitá-la.

Até agora o número de escolas municipais é, aparentemente, suficiente para atender a demanda. O professor se queixa da falta de valorização e capacitação. Só o aumento de salário é o suficiente para que ele tenha estímulo para trabalhar? E hoje, com a crise pela qual passamos é crescente a migração de alunos de escolas particulares. É grande a pressão por vagas e melhoria na qualidade do ensino. Solução existe. A sua qual é?

Quando eu governei Imperatriz nós já tínhamos essa dificuldade naquela época. Construí novas escolas, reformei e ampliei as já existentes. Então, aos professores, ofereci curso de capacitação. Muitos fizeram faculdade, formaram-se, incentivados por esses cursos. Ora! Eu não atendi apenas o salário dos professores, mas também a qualidade do ensino. A partir do momento que os professores faziam seus cursos de capacitação seus salários iam aumentando gradativamente, lógico, por conta dos certificados que os mesmos conseguiram a cada conclusão.
Você é um professor que tem um nível. Você vai, faz um curso, estuda, pesquisa ... Você melhorou. O seu nível melhorou! Você vai produzir melhor, vai trazer para o aluno uma estratégia de ensino mais avançada. É justo que você ganhe mais. Vamos capacitar o professor para ele mesmo melhorar o seu salário. E o resultado disso tudo, nós vamos assistir dentro das salas de aula, no conteúdo, na metodologia, na melhora do ensino para as nossas crianças. A tendência é acompanhar a demanda e depois ultrapassá-la para dar conforto a todos que usam a rede de ensino - pais, profissionais e alunos.

Creches, escolas em tempo integral, merenda e transporte escolar, transporte urbano, construções sem obediência ao Código de Postura, desrespeito ao sossego público, praças abandonadas... e muitos outros problemas. Escolha um e fale sobre o que desejar.

Esses são quatro tópicos que temos que dar a maior importância. Creches, merenda, escola de tempo integral e transporte escolar. Todos sabem o cuidado que eu tenho para com a educação e as crianças. É uma coisa que eu trato com muito zelo. Não precisa nem eu falar que a intenção é recolocar em prática uma merenda escolar com qualidade, com sustância. Vamos aumentar o número de creches para os pais que não tem com quem deixar seus filhos poderem trabalhar despreocupados. A instalação da Escola de Tempo Integral já é objetivo meu há muito tempo. E ao comentar isso, as pessoas vinham me criticar perguntando "como eu iria colocar em prática um projeto como esse, uma Escola de Tempo Integral para tanta gente. Não tem recurso para isso". E eu teimoso respondia. Eu sei disso, eu não sou nem um tolo, não.
Pois é, nesse pouco espaço de tempo como deputado federal eu já fiz um projeto de lei que separasse do Pré-Sal 2% do recurso já destinado pelo projeto na educação, exclusivamente, para a Escola de Tempo Integral. É muito dinheiro. Com esses 2% do Pré-sal se transformando em recurso para as escolas, nós implantamos, sim, gradativamente esse projeto em nossa cidade. Esse projeto tem muitas funções. Função social, quando tira a criança da rua e do ócio e apresenta, além das aulas curriculares, atividades extraclasse, que ajudam na formação do cidadão. Ninguém mais vai ficar na rua à mercê do traficante, do ladrão ... Vai estar ocupado construindo o seu futuro. Podendo escolher o que vai ser quando crescer.

ILDON MARQUES
 
Político e empresário, natural de Malta/PB, nasceu em 20 de outubro de 1945.
Chegou a Imperatriz na década de 60, onde se fixou e deu inicio a sua carreira de empresário, primeiramente no ramo da tipografia e em seguida no de eletrodomésticos, o qual atua até hoje, além de sua atuação política.
Ildon Marques assumiu a prefeitura de Imperatriz pela primeira vez em 1995, após o movimento chamado "Revolução de Janeiro", quando a sociedade civil promoveu grande manifestação, ocupou a Prefeitura e exigiu do Governo do Estado, a intervenção no município. Ildon foi nomeado interventor, permanecendo até abril de 1996, quando se licenciou para concorrer às eleições. Em 1º janeiro de 1997 assume seu primeiro mandato como prefeito eleito. Em 2005 retorna ao cargo, governando até 1º janeiro de 2009. Em 2016, Ildon Marques concorre ao cargo novamente com o numero 40, na Coligação IMPERATRIZ DO POVO DE NOVO, composta pelos partidos PSB, PP, PHS e PSD.