Eduardo Cunha disse que o processo do impeachment de Dilma está no seu caminho normal, respeitando as regras

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, voltou a defender nessa quarta-feira (23) a saída do PMDB da base aliada ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Em entrevista coletiva no Salão Verde, ele falou também sobre o andamento do processo de impeachment de Dilma e a divulgação, no âmbito da Operação Lava Jato, de nomes de políticos que teriam recebido dinheiro da construtora Odebrecht para campanhas eleitorais. 

"Espero que o PMDB tome a decisão correta no dia 29", disse Cunha, referindo-se à convenção em que o partido decidirá se continua ou não na base de apoio ao Palácio do Planalto. "Vou estar lá para votar pela saída definitiva do partido do governo. Espero que os demais membros do diretório nacional na sua grande maioria votem pela saída", acrescentou.
Ao ser perguntado sobre os motivos do seu posicionamento, Cunha respondeu: "O PMDB precisa ter compromisso com o que entende que é melhor para o País. Não tem que continuar atrelado ao projeto do PT, com o qual grande parte do PMDB não concorda; o PMDB não fez parte desse projeto e só serviu para dar apoio parlamentar às medidas e políticas propostas pelo próprio PT. Não temos compromisso de ficar atrelados a este projeto que está afundando o Brasil."
Um repórter perguntou por que o PMDB não se sente parte do governo mesmo sendo o partido do vice-presidente da República, Michel Temer. Cunha lembrou, então, que 42% dos convencionais do PMDB foram contra a coligação com o PT: "Naquele momento, o PMDB já estava dividido. Hoje, você acha que há menos de 50% favoráveis ao PMDB ficar fora?"
Na avaliação do presidente, "a cada hora que se passa, o volume de parlamentares que se manifestam querendo estar fora do governo é muito maior do que antes." Isso não quer dizer necessariamente, segundo ele, que haja apoio da bancada do PMDB ao impeachment: "Se isso vai se traduzir em votos a favor do impeachment, só no dia vamos saber."
Cunha afirmou que o discurso e a prática do PT não são condizentes. "Isso faz parte da cultura do PT em todos os sentidos", observou.

Odebrecht
A pedido dos jornalistas, o presidente da Câmara comentou a divulgação nesta quarta-feira, em sites de notícias, de uma lista de políticos que teriam recebido doações eleitorais da Odebrecht, empresa investigada na Operação Lava Jato.
"A Odebrecht doou para o PMDB e em alguns momentos doou até a meu pedido para campanhas de outros candidatos do partido. É normal, várias empresas fizeram doações. Eu tenho certeza absoluta de que para a minha campanha não foi", disse Cunha. "Não existe doação nem para mim nem para o PMDB de caixa dois", ressaltou.

Impeachment
Cunha não quis calcular uma data precisa para a conclusão do trabalho da Comissão Especial do Impeachment. "É pouco provável que acabe no dia quatro. Pode acabar no dia 11. É muito difícil fazer uma previsão. O processo está no seu caminho normal, respeitando as regras. Vamos aguardar." (João Pitella Junior/Agência Câmara)