Deputados repercutiram a decisão, tomada pelo PMDB nesta terça-feira (29), de romper com o governo da presidente Dilma Rousseff. Em menos de cinco minutos, os mais de 100 integrantes do diretório nacional do PMDB que registraram presença em convenção realizada na Câmara dos Deputados aprovaram, por aclamação, a saída do partido da base aliada ao Executivo.

"A partir de agora, nesta reunião histórica, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Rousseff. Ninguém no País está autorizado a exercer cargo federal em nome do PMDB", anunciou o senador Romero Jucá (RR), vice-presidente da legenda e coordenador dos trabalhos na convenção. Os integrantes do partido que não cumprirem essa decisão serão submetidos a processo ético.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que a decisão tomada pelo PMDB é tardia. Segundo ele, o partido não deveria sequer ter participado da aliança com o PT na eleição presidencial de 2014. Cunha disse que o papel do presidente do PMDB, Michel Temer, como vice-presidente da República continuará sendo o previsto na Constituição: substituir o presidente nas eventualidades e sucedê-lo, se for o caso.
De acordo com Eliseu Padilha, ex-ministro da Aviação Civil, o motivo do rompimento é o projeto do PMDB para 2018: "Nós vamos ter candidatura própria e estamos discutindo o nosso programa com a sociedade. O PMDB vai cuidar da sua vida."
Segundo o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), trata-se de um momento histórico para o País. "É um encaminhamento que dá uma direção, finalmente, para aquilo que pensamos em relação a um governo nosso", comentou.
Efeitos para o Executivo - O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que o governo acabou: "Isso vai contaminar todos os demais partidos da base. Se já existia uma desarticulação total no Congresso, agora acabou definitivamente, tanto na Câmara quanto no Senado".
Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), o desembarque do PMDB revela a fraqueza do Executivo. Ao mesmo tempo, ele avaliou que um eventual governo de Michel Temer não vai mudar nada na prática: "O PMDB está com a expectativa de, em vez de 7, ter 30 ministérios para distribuir. Só que o Michel Temer também está sendo acusado na Operação Lava Jato. As pedaladas fiscais, elementos fundamentais do impeachment, foram feitas pelo governo do qual ele participava, e há denúncias que podem se concretizar com a delação premiada da Odebrecht em relação a caixa-dois e a pagamentos indevidos na campanha de 2014", alertou.
Já o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), vice-líder do governo, disse ter ficado feliz com o desligamento do PMDB: "Agora o PMDB está fazendo, às claras, o que já fazia às escondidas - ele conspirava. Então, já sabemos qual é o jogo: o PMDB é de oposição e vai receber tratamento de oposição."
Silvio Costa disse que estão disponíveis sete ministérios e 600 cargos para o governo poder fazer uma nova repactuação.
Decisão do PP - As bancadas do Partido Progressista (PP) na Câmara e no Senado vão reunir nesta quarta-feira (30) a partir das 11 horas, no Senado, para discutir uma posição oficial da sigla sobre um possível desembarque do governo. O rompimento é defendido por deputados como Jerônimo Goergen (RS) e Julio Lopes (RJ). (Agência Câmara)