O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ontem que estranhou as ações da Polícia Federal (PF) contra ele e lideranças do seu partido exatamente no dia de votação do parecer preliminar no Conselho de Ética e às vésperas da decisão sobre o rito do processo de impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF). “Foi uma operação concentrada no PMDB, quando a gente sabe que o PT é o responsável por esse assalto que ocorreu no Brasil, pelo assalto da Petrobras.”

O deputado Eduardo Cunha voltou a afirmar que não há hipótese de renúncia ao mandato parlamentar ou à presidência da Câmara. “Minha consciência está tranquila. Sou absolutamente inocente. É um verdadeiro absurdo se buscar provas em um inquérito que já tem denúncia aditada.”
“Todo dia tem denúncia de caixa 2 envolvendo o PT. Tem a roubalheira do PT sendo fotografada e, de repente, fazer uma operação com o PMDB. Isso causa muita estranheza a todos nós. O povo sabe que o dia de hoje, do conselho e às vésperas da decisão do processo de impeachment, tem alguma coisa de estranha no ar.”
“Causa muita estranheza essa concentração em cima da gente [PMDB]. Estranho profundamente essa concentração no PMDB, principalmente ocorrendo no dia de votação no Conselho de Ética e às vésperas da decisão do STF.”
De acordo com o presidente da Câmara, operações de busca e apreensão são normais e naturais. “O estranho é o momento em que ela ocorreu. De repente, deflagram uma operação de forma estranha, porque ocorreu em cima de um inquérito com denuncia feita há quatro meses.”
Durante entrevista no Salão Verde da Câmara, Eduardo Cunha repetiu várias vezes sua estranheza com a ação de ontem da Polícia Federal, que, pela manhã, cumpriu 53 mandados de busca e apreensão.
O presidente da Câmara informou que não tem qualquer problema com operações de busca. “Não tenho nada a reclamar. O que estranho é o contexto, o dia e os objetivos. Não me parece que ninguém do PT, com o tipo de fórum que eu tenho, é sujeito a algum tipo de operação. Até agora, só estiverem sujeitos a esse tipo de operação aqueles que não são do PT.”
Para Cunha, houve uma atuação “forte do governo” para que o Conselho de Ética votasse pela admissibilidade do processo contra ele. “O governo quer desviar a mídia do processo de impeachment e quer colocar no PMDB e em mim a situação do assalto da Petrobras, que foi praticado pelo PT e por membros do governo”.
Conforme o deputado, a votação do conselho deverá ser anulada. Ele adiantou que recorrerá da decisão por cerceamento de defesa. “Todo mundo sabe que fizeram jogo para a plateia, de modo que me culpem na hora que anularem”, acrescentou.
Cunha afirmou ainda que todas as operações realizadas ontem foram a pedido da Polícia Federal, com exceção da dele, que foi pedida pelo Ministério Público. “Desde o mês de março, fui escolhido para ser investigado. Sou desafeto do governo. Todos sabem disso e me tornei mais desafeto ainda depois que dei curso ao processo de impeachment. Nada mais natural que eles queiram o revanchismo.”
Em relação às denúncias no STF, Cunha disse que a transcrição do vídeo da delação “é criminosa, porque não retrata o que está no vídeo”. Segundo ele, estiveram em seu escritório e em suas residências do Rio de Janeiro e de Brasília para tentar colher provas. “Acho normal o processo de investigação. Foram tentar colher provas. É sinal de que eles não têm provas. Precisam colher alguma”, concluiu. (Agência Brasil)