Brasília-DF - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados reúne-se nesta terça-feira (5) para tomar o depoimento de quatro pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo. A reunião está marcada para as 10h15 na Sala 2 da Ala Alexandre Costa do Senado.
O primeiro a ser ouvido será Walter Paulo Santiago, empresário e um dos proprietários da Faculdade Padrão, para quem o governador de Goiás, Marconi Perillo, teria vendido um imóvel no condomínio Alphaville Ipês, em Goiânia. Nesta casa, Carlinhos Cachoeira foi preso durante a operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), e há suspeitas de que ele seria o verdadeiro comprador, com Walter operando como intermediário para esconder a transação.
Os parlamentares também ouvirão Sejana Martins, uma das proprietárias da empresa Mestra Administração e Participações. É a essa empresa que a casa no condomínio Alphaville pertence de fato, no registro de imóveis. Além disso, a empresa nunca teve Walter Paulo Santiago em seu quadro societário. Parlamentares desconfiam que a empresa foi usada como “laranja” na negociação. Eles também estranharam o fato de que, dois dias após a compra da casa, Sejana tenha deixado a sociedade. Além disso, ela é diretora da Faculdade Padrão.
Écio Antônio Ribeiro, o único sócio remanescente da Mestra Administração e Participações, também será ouvido pela CPI. O outro sócio, Fernando Gomes Cardoso (a ser ouvido futuramente, pois já há requerimento aprovado nesse sentido), deixou a sociedade alguns meses depois.
Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador Perillo, também foi convocada. De acordo com inquérito da PF, Eliane teria recebido um telefone exclusivo para se comunicar com Cachoeira, que repassaria a ela informações sigilosas sobre operações policiais. Ela chegou a receber informações sobre investigações da Polícia Federal que beneficiavam políticos ligados ao investigado. Gravações telefônicas da PF mostram, por exemplo, que a ex-chefe de gabinete avisou ao prefeito de Águas Lindas, Geraldo Messias, um aliado de Perillo, que a polícia faria uma busca na residência dele. Graças ao alerta, o prefeito não pôde ser encontrado.
Em uma conversa telefônica registrada pela PF, Cachoeira pergunta a Eliane se ela havia contado algo para “o maior”. De acordo com o requerimento de convocação de Eliane, de autoria do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), a expressão poderia ser uma referência a Perillo.
Na quarta-feira (30), os integrantes da CPMI aprovaram requerimento para convocar o próprio Marconi Perillo, além do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Os depoimentos foram agendados pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para os dias 12 e 13, respectivamente. (Agência Câmara)
Publicado em Política na Edição Nº 14420
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