Cientista político alerta eleitores que estão mudando voto baseados em pesquisas: "Pesquisas retratam momento que pode se modificar"

Quando as eleições se encaminham para os seus momentos finais, é comum ouvir, após a divulgação das pesquisas eleitorais, que determinado candidato "derreteu". Essa queda pode ocorrer por vários fatores, mas um deles é o chamado voto útil, que ocorre quando o eleitor acredita que está desperdiçando o voto ao escolher um nome que não tem chance de ir para o segundo turno ou quer evitar que outro candidato chegue ao segundo turno.
Os cientistas políticos explicam que o objetivo da eleição em dois turnos é justamente o de dar liberdade de escolha ao eleitor no primeiro turno. Mas a divulgação das pesquisas eleitorais acaba promovendo uma corrida pelo voto útil. O cientista político Ricardo Ismael, da PUC do Rio de Janeiro, afirma que o eleitor deve ter cuidado ao receber os resultados das pesquisas, que sempre trazem um componente de incerteza e avalia que o eleitor pode estar seguindo esses resultados de forma errada.
"Elas retratam um momento. Dependendo da dinâmica da campanha, aquele momento pode se modificar. Às vezes, a mudança acontece nos últimos dias; às vezes, até na véspera da hora do voto, há mudanças. Ou seja, às vezes há uma precipitação dos eleitores quando migram do seu candidato para outro, porque aquele candidato que ele está abandonando talvez ainda tenha chance de decolar", argumentou.
Para Ricardo Ismael, um dos motivos para a volatilidade do voto no país é a pouca definição programática dos partidos.

Eleitor mediano
O consultor da agência Pulso Público Vitor Oliveira explica que os candidatos estão sempre à procura do chamado "eleitor mediano", que é aquele eleitor que está no centro, considerando as tendências de esquerda e de direita, mas que também está sujeito ao voto útil.
O que seria uma estratégia dos candidatos que fossem para segundo turno da eleição acabou sendo antecipada. "Nenhum dos candidatos, como a gente está vendo até agora, tem mais de 50% da preferência do eleitorado. Então, ele necessariamente vai ter que apelar para que uma parte daqueles que ainda não manifestam desejo de votar nele o considerem o menos pior", concluiu.
O que seria uma estratégia dos candidatos que fossem para segundo turno da eleição, acabou sendo antecipada. "Nenhum dos candidatos, como a gente está vendo até agora, tem mais de 50% da preferência do eleitorado. Então, ele necessariamente vai ter que apelar para que uma parte daqueles que ainda não manifestam desejo de votar nele o considerem o menos pior", concluiu. (Sílvia Mugnatto - Agência Câmara)