Brasília-DF - A condenação a 103 anos do ex-deputado Talvane Albuquerque pelo assassinato da deputada alagoana Ceci Cunha, há 13 anos, reforça os ânimos pela luta contra a impunidade, de acordo com parlamentares que cobram justiça em casos semelhantes.
A sentença, proferida na madrugada de ontem, após 3 dias de julgamento em Maceió, condenou também por homicídio triplamente qualificado os outros quatro acusados. Além de Ceci Cunha, também foram executados na época o marido, a sogra e o cunhado dela.
Os crimes foram cometidos a mando de Talvane Albuquerque, suplente na coligação que elegeu Ceci Cunha, com o objetivo de assumir o mandato da deputada. Depois de assumir a vaga, ele acabou tendo seu mandato cassado pela Câmara em 1999.
Crime punido - A deputada Célia Rocha (PTB-AL), que acompanhou o julgamento, disse que ficou surpresa com a coragem do juiz em determinar a prisão preventiva imediata dos condenados, avaliando a alta periculosidade que eles oferecem à sociedade. Segundo Célia Rocha, os advogados de acusação tiveram atuação perfeita em deixar claro para o júri popular todos os passos do planejamento e da execução do crime.
”A acusação conseguiu todas as ligações telefônicas que ocorreram entre os dois carros, que acompanharam a deputada Ceci [no dia do crime], e o ex-deputado Talvane Albuquerque”, afirmou a deputada. Com as ligações, segundo ela, ficou comprovado que o ex-deputado comandou toda a ação.
A deputada Célia Rocha disse que a punição a deixa esperançosa em ver a justiça sendo feita no país, mesmo depois de mais de uma década. “Nós lavamos a alma. Ninguém está feliz, porque ninguém gosta de ver a desgraça de ninguém, mas a justiça foi feita e é isso que precisa acontecer neste país.”
Reforço contra impunidade - A vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), acredita que a condenação dos assassinos de Ceci Cunha vai fortalecer a luta contra a impunidade. Ela lembrou que, em seu estado, há vários casos dessa natureza ainda sem julgamento.
”Há um com 25 anos. Nós estamos brigando, porque envolve pessoas endinheiradas, de alto poder econômico, mas mesmo assim estamos lutando”, afirma a parlamentar, ressaltando que espera o mesmo resultado obtido em Alagoas. “Eu acho que essas movimentações precisam ser feitas. A impunidade tem que estar na pauta de todos os movimentos do Brasil”.
Um mês antes do início do julgamento, a bancada feminina da Câmara fez um protesto no plenário da Casa para cobrar punição para os assassinos de Ceci Cunha. (Keila Santana/Rádio Câmara)