As Comissões de Assuntos Econômicos e a de Administração Pública realizaram, na última sexta-feira (19), no plenário da Câmara Municipal de Açailândia, uma audiência pública onde foi discutido o impacto da crise do polo siderúrgico, onde três indústrias já encerraram suas atividades, desempregando cerca de cinco mil pessoas.
O evento, que ocorreu por iniciativa dos deputados Eduardo Braide (PMN), Wellington do Curso (PP) e Sérgio Vieira (PEN), contou ainda com as presenças dos deputados Marco Aurélio (PCdoB); Vinicius Louro (PR) e Zé Inácio (PT); do prefeito Juscelino Oliveira; do presidente da Câmara Municipal de Açailândia, vereador Ceará; presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão, Cláudio Azevedo; o gerente de Operações da Estrada de Ferro Carajás, Pedro Aderson; vereadores; secretários municipais; do vice-presidente da OAB, de Açailândia, Daniel Galvão; sindicalistas; empresários e estudantes. Foi focado especialmente na conjuntura de Açailândia, onde 66% dos metalúrgicos trabalham no segmento.
Na oportunidade, o deputado Eduardo Braide falou da importância da participação da Assembleia Legislativa do Maranhão na discussão, principalmente na busca de soluções para a crise no setor das siderurgias. Ele disse que a Comissão de Assuntos Econômicos fará os encaminhamentos junto aos governos estadual e federal, bem como à iniciativa privada para que possa dar os incentivos necessários para que não feche mais empresas na região e reabram outras, visando incentivar a geração de emprego e renda para o povo de Açailândia e cidades vizinhas.
Dentre os encaminhamentos constam a criação de uma comissão para ir a Brasília para conversar com a bancada federal maranhense, bem como pedir ao governo do Estado que aprove projeto de lei isentando os impostos dos empresários de Açailândia e cidades da região.
Eduardo Braide lembrou que a audiência pública aconteceu a partir da ida à Assembleia Legislativa de uma comissão formada por vereadores e representantes de sindicatos que, preocupada com a crise no setor, foi pedir o apoio dos deputados.
“É uma preocupação muito grande, porque a gente sabe que vários empregos foram perdidos por conta dessa situação. Ao dar uma volta na cidade, a gente vê placa de aluga-se e vende-se por toda parte. Então, a gente tem muita preocupação em relação a essa situação e é por isso que a Assembleia Legislativa realizou a audiência pública, por meio da Comissão de Assuntos Econômicos, onde foi tratada a questão do emprego e das indústrias do Maranhão, bem como a preocupação com o meio ambiente. Nós faremos os encaminhamentos aos governos do Estado e Federal, bem como à iniciativa privada para que possa dar os incentivos necessários para que não feche mais empresas aqui na região”, afirmou Eduardo Braide.
Frente Parlamentar - Sérgio Vieira disse que na próxima semana dará entrada a um requerimento propondo a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Siderúrgico do Maranhão. “Devido à crise nacional, a cidade de Açailândia sofre com mais força devido ao polo siderúrgico que é muito forte. Mas nós vamos buscar as soluções para resolver essa crise que afeta toda a região”, disse ele.
O deputado Wellington do Curso disse que ao atrair a atenção da Assembleia Legislativa do Maranhão, é a oportunidade não só de discutir, mas de buscar as soluções para os problemas da crise da indústria siderúrgica da região tocantina. “Esse é o nosso objetivo, vamos apresentar alternativas para o governo do Estado e para o governo federal para que essa situação possa ser resolvida; que a cidade e região possam sair dessa crise que aflige centenas de famílias. É preciso a união de forças de todos os cidadãos, dos deputados federais, estaduais, dos senadores e dos governos estadual e federal”, afirmou o deputado defendendo um projeto de lei a ser apresentado na assembleia pedindo ao governo do Estado a isenção de impostos para os empresários da região.
O deputado Vinícius Louro – que também participou no ano passado de outra audiência pública em Açailândia, onde também foi tratada o fechamento das siderúrgicas – ressaltou a importância da Assembleia Legislativa em discutir e buscar soluções para a crise do setor. “A crise é nacional, mas nós não podemos aceitar que essas fábricas saiam aqui do Maranhão sem dar qualquer tipo de satisfação, deixando o povo abandonado. Então, essa audiência pública é justamente para encontrarmos soluções, sugestões e evitarmos que essas indústrias fechem prejudicando toda a região”, disse o deputado.
O deputado Marco Aurélio (PCdoB) sugeriu a formação de uma comissão de deputados para ir a Brasília conversar com a bancada federal para mostrar o clamor e, principalmente, destravar o empreendimento de Açailândia. “É preciso ampliar o debate e, principalmente, unir as forças, pois só assim vamos conseguir resolver essa crise que se abateu aqui na nossa região”.
Crise no polo siderúrgico - A crise no setor de ferro-gusa no Maranhão já passa de dois anos. Das cinco siderúrgicas instaladas inicialmente na região Sul do Maranhão, apenas duas estão em funcionamento: a Gusa Nordeste e Viena. A Pindaré e Guarani – ambas de Açailândia - encerraram suas atividades no mês de março desse ano e desempregou cerca de 1.500 trabalhadores.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa do Estado do Maranhão (Sifema), Cláudio Azevedo, hoje, dos três fornos da Gusa Nordeste, apenas dois estão funcionando para o atendimento da própria siderúrgica para sua produção de aço e outra parte para exportação. Já a siderúrgica Viena, de cinco fornos, só tem dois em atividade.
“A discussão é principalmente sobre o grave momento que vive o município de Açailândia e municípios vizinhos com o fechamento de algumas indústrias siderúrgicas. Nós tínhamos em 2014 cinco siderúrgicas e, hoje, estamos apenas com duas - a Viena Siderúrgica e a Gusa Nordeste; três encerraram as suas atividades”, acentuou Claudio Azevêdo, enfatizando que. diante do fechamento das Siderúrgicas Guarany, Pindaré e da Ferro Gusa Maranhão houve aproximadamente a demissão de quase cinco mil trabalhadores – direta e indiretamente.
Ele afirmou ainda que o quadro prejudicou e tem prejudicado muito a vida do povo de Açailândia, principalmente o comércio, onde hoje existem várias lojas fechadas tanto em razão da crise que vive o Brasil mas, principalmente, pelo fechamento dessas indústrias. “Isso é muito grave, por isso, nós estamos discutindo nessa audiência e vamos procurar soluções pra que a gente possa manter essas duas que ainda estão em funcionamento”, disse Cláudio Azevedo.
Ao falar sobre o desemprego em Açailândia, o prefeito Juscelino Oliveira disse que, dentro das possibilidades, a prefeitura vem ajudando. Semana passada, por exemplo, encaminhou para votação na Câmara Municipal um projeto de lei dando isenção do ISS. “É a forma como nós podemos ajudar. Mas a nossa preocupação também é com os milhares de pais de famílias que estão desempregados e nós temos que encontrar uma solução para esse problema”, acentuou o prefeito, elogiando a sugestão do deputado Marco Aurélio de formar a criação de uma comissão para ir à Brasília pedir o apoio da bancada federal do Maranhão. “Vamos criar essa comissão porque a solução não está aqui em Açailândia. Está lá em Brasília. Podem contar com o apoio do Poder Executivo de Açailândia, pois o caminho é o diálogo”.
Polo competitivo - O gerente de Operações da Estrada de Ferro Carajás, Pedro Aderson, disse que a audiência foi uma oportunidade para fortalecer o relacionamento da Vale com os guseiros; de esclarecer sob ponto de vista técnico como é que é hoje essa relação; como é que funciona o processo de venda de minério e como é que a Vale ajuda o polo siderúrgico para se manter mais competitivo dentro da cadeia produtiva.
“O que a gente pode tirar dessa reunião é a construção de um plano, de uma agenda positiva pra que possamos buscar alternativas pra que todos entendam – empresários, siderúrgicas, a Vale e o poder público - que ainda é possível fazer muitos esforços para manter o polo competitivo”, acentuou Pedro Aderson.
Cidade vive pior momento - O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Maranhão, Antônio da Silva, disse que a cidade de Açailândia e região vive o pior momento. Segundo ele, desde 2008 que as siderúrgicas vêm sofrendo crise mas, hoje, a situação é mais grave. Só neste ano, o Sindicato já fez mais de 600 homologações. “Todos os dias os trabalhadores batem à porta do Sindicato perguntando o que vamos fazer. Mas, nós ainda não temos a solução; precisamos do apoio dos deputados, dos governos estadual e federal; do prefeito e da iniciativa privada para olhar para Açailândia de uma maneira especial”. (Nice Moraes/Agência Assembleia)
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